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Postado às 14h30 | 25 Set 2017 | Ney Robson Doação de órgãos: você pode ser um doador

Telma Ariana de O. Medeiros Belem

Assistente Social CREES/RN 2093

Membro da CIHDOTT- HRTM

 

O Transplante de Órgãos e Tecidos é um ato de extrema importância que oportuniza a reabilitação e o aumento da expectativa de sobrevida de inúmeras pessoas.

No Brasil as primeiras atividades de transplante foram realizadas na década de 60, no entanto só foram regulamentadas de fato em 1997, através da Lei nº 9.434/1997 e o Decreto nº2.268/1997. Em 2005, por meio da Portaria nº1752/2005, ficou estabelecido que todos os hospitais com mais de 80 leitos são obrigados a instituir a Comissão Intra - Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes – CIHDOTT.  Hoje, o país  possui um dos maiores programas públicos de transplante de órgãos do mundo, tendo como diretriz a gratuidade da doação, a beneficência na relação dos receptores, não maleficência em relação aos doadores vivos.

A Comissão Intra - Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes – CIHDOTT faz parte da Política Nacional de Transplantes, cabendo a esta Comissão: identificar os potenciais doadores no Hospital; viabilizar o diagnóstico de morte encefálica, quando necessário; garantir uma adequada entrevista familiar dando a opção de doar; em caso de doação consentida articular-se com os profissionais de saúde da Instituição, Organização de Procura de Órgãos – OPO e Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos do Estado – CNCDO para organizar o processo de doação e captação de órgãos; promover programas de educação em saúde com os profissionais do estabelecimento e da comunidade para compreensão do processo de doação de órgãos e tecidos.

O Hospital Regional Tarcísio de Vasconcelos Maia possui uma CIHDOTT, a qual foi reconstituída em 02 de julho de 2016. É composta por uma equipe multidisciplinar de  08 membros,   sendo 01 Médico Coordenador, 02 Enfermeiras, 01 Assistente Social, 01 Psicóloga, 01 Bioquímico  e  02 Técnicas de Enfermagem . Esta equipe vem desempenhando um trabalho de muita relevância, na tentativa de salvar vidas, através da doação de órgãos.

Nesse período de 01 ano e 02 meses de atuação da CIHDOTT no Hospital Tarcísio Maia, foram identificados 43 potenciais doadores e realizados 06 doações de órgãos em Mossoró. Ou seja, 36 pessoas que estavam na fila de espera por um órgão, foram beneficiadas com a oportunidade de continuar a viver, tendo em vista que a cada captação realizada em um paciente, foram retirados 06 órgãos e transplantados em 06 pessoas diferentes.

 O diagnóstico de Morte Encefálica é fundamental no processo de doação de órgãos, tendo em vista que alguns órgãos necessitam ser retirados antes da parada cardíaca para poder viabilizar o transplante. 

É importante esclarecer que a Morte Encefálica significa a parada de todas as funções do cérebro, sendo, portanto permanente e irreversível. Para que não ocorram dúvidas, o diagnóstico somente é confirmado após a realização de 03 exames, dos quais, 02 exames clínicos feitos por médicos diferentes, em intervalos de tempo determinados de acordo com a faixa etária do paciente e 01 exame complementar, geralmente um Eletroencefalograma, que confirme a inexistência total de atividade cerebral. Após a confirmação, a equipe da CIHDOTT realiza uma entrevista familiar, para saber se os seus membros são favoráveis ou não a doação dos órgãos do seu ente querido. A autonomia da família é totalmente respeitada.

Destacamos que a doação de órgãos e tecidos somente é possível com o consentimento da família.  Houve um tempo em que a doação de órgãos no Brasil era consentida e presumida, ou seja, todas as pessoas eram doadoras, a não ser que expressassem vontade contrária em seu documento de identificação. No entanto, observou-se que esse fato causou certa estranheza na população e a partir de 2001 a doação passou a ser consentida. Atualmente, a doação de órgãos só pode ser realizada com o consentimento familiar, que deve ser autorizada por parentes de primeiro e segundo graus, na linha reta e colateral, ou do cônjuge.

Embora o Brasil tenha aumentado consideravelmente os números de doações de órgãos nos últimos anos, a taxa de recusa familiar ainda é muito alta. Pesquisas identificam que os principais motivos são: o conhecimento limitado do conceito de morte encefálica; desconhecimento do desejo do potencial doador, tendo em vista que muitas pessoas são favoráveis à doação de órgãos, mas não expressam sua vontade em vida, para conhecimento da família; religiosidade; demora na liberação do corpo, após a retirada dos órgãos e medo da comercialização de órgãos.

Por isso, se faz necessário ampliar o debate sobre a temática, com o intuito de contribuir para o aumento das doações, através de campanhas para estimular e conscientizar a população. Além disso, é de extrema relevância que as pessoas manifestem o seu desejo em ser doador de órgãos, discutindo em família a decisão tomada.

No dia 27 de setembro comemora-se o Dia Nacional de Doação de Órgãos, que tem como objetivo chamar a atenção das pessoas para esse assunto tão importante. Nessa data, a CIHDOTT do Hospital Tarcísio Maia realizará uma programação, destinada a toda a população, que contará com palestras, apresentação de casos, depoimentos, debates sobre a temática, das 08 às 17h, no auditório da Faculdade de Medicina da UERN.

 Enfatizamos a importância de momentos como esse para esclarecer as possíveis dúvidas que possam existir em relação à doação e transplante de órgãos. Finalizamos lembrando, avise a sua família que você quer ser um doador de órgãos. Essa simples atitude pode salvar muitas vidas.

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Conexão Saúde

Ney Robson Vieira Alencar é especialista em Implantodontia com Pós-graduação em Prótese Dental/USP. Atende na Oral Clínica, localizada à Rua Pedro Velho, 99. Foi secretário de saúde do município de Alexandria (RN) e diretor-geral do Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM) em Mossoró (RN). Assina a coluna Conexão Saúde no Jornal de Fato e no Defato.com.