Quinta-Feira, 25 de abril de 2024

Postado às 14h00 | 24 Set 2017 | Gluber e Glícia Gentil falam sobre nova fase do Boticário Mossoró

Crédito da foto: Marcos Garcia/JORNAL DE FATO Os irmãos Glícia e Glauber Gentil tomaram o

Campo Grande, o antigo Augusto Severo, encravado no chão rachado do Médio Oeste do Rio Grande do Norte, é a origem da família Gentil. Foi de lá que saiu Antônio Gentil, em 1959, com apenas 11 anos de idade, para fugir da seca e construir uma história vitoriosa em Natal, ao lado de Ana Estela de Souza, sua esposa. Juntos, criaram a Gentil Negócios, hoje muito bem conduzida pelos filhos Glauber, Glícia e Glênia.

A Gentil Negócio nasceu em 2010, mas com 28 anos de know-how em gestão de franquias e varejo.

Com sedes em Natal, São Luís e São Paulo, o grupo trabalha em três vertentes de atuação: franchising, varejo físico e varejo digital – o braço de inovação e novos negócios. Trabalha as marcas Boticário, Quem Disse, Berenice?, Swarovski e Sunglasshut.

O braço do franchising e varejo físico possui mais de 80 unidades de vendas em quatro estados brasileiros, com cerca de 700 coladores.

A Gentil Negócios acaba de assumir a franquia do Boticário em Mossoró, Governador Dix-sept Rosado e Upanema, recebendo a marca que havia 35 anos era controlada por uma empresa local. Para falar sobre esse novo momento, o Cafezinho com César Santos recebeu os empresário Glauber Gentil (diretor administrativo) e Glícia Gentil (diretora de pessoas e relacionamentos). Conversa longa sobre negócios, economia e investimentos da Gentil Negócios.

 

O GRUPO Gentil Negócios decidiu investir no mercado de Mossoró no momento de enorme turbulência na economia do país. Assumir a franquia do Boticário local e nos municípios de Upanema e Governador Dix-sept Rosado não bate de frente com o momento de crise ou é o desafio que move o grupo familiar-empresarial?

GLAUBER GENTIL – Essa pergunta me oferece a oportunidade de contar um pouco a história de Antônio Gentil, que explica o perfil do nosso grupo. Meu pai saiu de Campo Grande (na época Augusto Severo, no Médio Oeste potiguar) em 1959, fugindo da seca. Ele tinha apenas 11 anos de idade e chegou em Natal acompanhado de minha avó, dona Ana Estela de Souza. Ele teve de batalhar muito e aprender trabalhando. Casou cedo com a minha mãe (Marluce Bezerra Gentil de Souza). Foi funcionário durante 24 anos da Camisaria União (hoje, Grupo de Lojas União). Entrou na empresa ainda jovem, como contínuo, e saiu como sócio (minoritário), para ter o nosso próprio negócio. Desde então, e até hoje, ele exerce um valor que é o lema do nosso grupo: fazer mais com menos. Esse valor, que é muito próprio dos meus pais, traz com ele o sentimento da poupança. Então, nós somos um grupo acostumado a poupar para aproveitar as melhores oportunidades nos momentos de crise, como é o caso agora com a economia retraída.

 

A CRISE, então, gera oportunidades aos que decidem enfrentá-la com investimentos, é isso?

GLAUBER GENTIL – Primeiro, você tem de acreditar que a crise é superável, que o cenário vai reverter, a curva vai voltar. Depois, você se prepara de maneira antecipada, aí vem aquele sentimento de poupança. No sertão tem muito disso, né? Na hora que a chuva vai embora, você tem que se preparar, estocar um pouco de cada coisa, criar reservas para ter as condições de enfrentamento. Então, nós cuidamos muito bem de nossas reservas quando a economia vai bem, para que tenhamos as condições de enfrentar os momentos de turbulência.

 

DE FORMA prática, o que o Grupo Gentil Negócios fez para avançar as atividades, mesmo em momento de crise?

GLÍCIA GENTIL – Nós, enquanto empresa multifranqueada (que possui duas ou mais franquias), fomos convidados pela Boticário a avançar nessa parceria com a marca. Estamos fazendo isso na região norte do Ceará, que envolve Pecém, Paracuru, Trairi, Paraipabas, São Gonçalo, e também foi nos concedida a oportunidade de chegar ao mercado de Mossoró.

 

DE CERTA forma, a chegada do Grupo Gentil Negócios em Mossoró causou surpresa, exatamente por se tratar de uma transição na franquia que há décadas era controlada por empresa local. Como se deu esse processo?

GLAUBER GENTIL – Iniciamos um processo junto à ex-franqueada, que há 35 anos trouxe e consolidou a marca na cidade, de forma bem natural, respeitosa e profissional. Nós assumimos 11 pontos de venda, que são um em Upanema, um em Governador Dix-sept Rosado, oito em Mossoró e mais a central de venda na cidade, que é uma aposta do grupo Boticário. Essas lojas neste momento estão fechadas e a partir do dia 28 de setembro começam a ser reabertas gradativamente.

 

HAVIA a necessidade, a decisão de o Boticário mudar o controle da franquia em Mossoró?

GLAUBER GENTIL – O processo de transição foi natural, maduro, responsável, respeitoso e tranquilo. Essa é a percepção que a gente tem do todo. No momento, estamos trabalhando dois pilares importantes, que são as pessoas para voltar aos locais de venda, estejam elas relocalizadas ou no mesmo lugar; e o outro pilar é o abastecimento de produtos para que a população tenha acesso a 100 por cento do nosso portfólio em todas as lojas onde a gente está presente. A partir daí, a gente quer se relacionar com o mercado, desenvolver campanhas, realizar parcerias, e aí vamos ter produtos e pessoas para aumentar o fluxo nas nossas lojas.

 

MAS, insisto, havia necessidade de mudança de controle da franquia de Mossoró?

GLAUBER GENTIL – Existe um programa dentro do Boticário que mapeia os parceiros franqueados que tenham um processo de sucessão dentro das empresas muito bem estruturado. Nosso grupo tem a causa da perenidade da empresa familiar muito forte, porque nós somos empreendedores. Se Antônio Gentil tivesse três filhos, Glauber, Glícia e Glênia, e esses três filhos quisessem outras atividades, certamente ele estaria fazendo o processo de repasse das operações do Boticário para um outro grupo que tivesse construído o processo de sucessão.

 

ENTÃO, quer dizer que a ex-franqueada do Boticário de Mossoró perdeu as operações porque não tinha um processo de sucessão familiar na empresa?

GLAUBER GENTIL – Penso que essa é uma pergunta que deve ser respondida pela ex-franqueada.

GLÍCIA GENTIL – Mas, honestamente falando, a gente sente que talvez se tivesse um membro da segunda geração, ou talvez se tivesse tido um caminho executivo que ela liderasse, certamente não haveria motivo para mudança. O fato é que essas pessoas são convidadas a terem sucessoras. Hoje, no contrato social do nosso grupo, por exemplo, meu pai e minha mãe são sócios investidores e nós três irmãos somos sócios operadores. Se meu pai e minha mãe morrem, nós irmãos somos sucessores. Agora, se eu morro hoje, não dá direito ao meu filho assumir o meu lugar se a franqueadora não possibilitar essa formatura e autorizar que ele seja operador. Em outras palavras, se a franqueada não realiza esse movimento de sucessão, a tendência natural é repassar as operações para outro grupo. Essa é uma dinâmica da franqueadora.

 

O QUE o Grupo Gentil trará de diferente para o segmento local, a partir do novo tempo que se inicia do Boticário em Mossoró?

GLAUBER GENTIL – Aqui vai uma notícia em primeira mão, porque fechamos nova parceria ontem (quarta-feira, 20): a rede de supermercados Rebouças terá pontos exclusivos da Boticário, a princípio nas unidades da Avenida Alberto Maranhão e do Alto de São Manoel. Deveremos, também, ampliar essa atuação no mercado local com a unidade Maxx e com a rede de supermercados Queiroz. Já encaminhamos bem essas possibilidades.

 

O SEU produto nos supermercados é uma forma de facilitar o acesso das classes mais presentes nesse segmento econômico? Ou seja, o Boticário vai ao encontro do consumidor?

GLÍCIA GENTIL – A intenção nossa é, realmente, ampliar a parceria com as redes de supermercados em Mossoró, porque entendemos que a conexão com os clientes, a proximidade através dos supermercados é muito válida para o Boticário. Além disso, trata-se de um setor muito resiliente as retrações econômicas.

 

O BOTICÁRIO fez aposta na beleza alternativa criando “Quem Disse, Berenice?, produtos de qualidade com preços acessíveis. Essa marca tem data para chegar a Mossoró?

GLÍCIA GENTIL – A “Quem Disse, Berenice?” é exclusiva do público feminino que está fazendo o maior sucesso. Tem uma pegada muito interessante, as suas lojas são bem divertidas, onde chama de Disneylândia da maquiagem. É, sem dúvida, uma loja que causa muito impacto na sua chegada pelo seu próprio perfil. Veja que a loja ainda não chegou a Mossoró, mas a marca já tem mais de três mil fãs na cidade, são pessoas que seguem a marca nas mídias sociais. Então, estamos analisando oportunidades para trazer a marca no início do próximo ano. Iniciamos o processo com o Partage Shopping, já que temos parceria nas unidades de Natal e Campina Grande (PB), onde colocamos a marca “Quem Disse, Berenice?”.

 

VOLTANDO para o cenário de crise na economia nacional e observando os investimentos do Grupo Gentil Negócios em Mossoró, pergunto: vocês encontram aqui um oásis pela pujança da economia local e regional?

GLAUBER GENTIL – Não sei se posso classificar Mossoró como oásis sob o aspecto econômico, diante de tudo que está acontecendo na economia do país, mas posso afirmar que acredito muito na forma empreendedora dos mossoroenses, no poder gravitacional dessa cidade. Veja, eu vim ao show do cantor Fagner e fiquei impressionado com a casa lotada, todas as mesas vendidas, e quando você passa pelo estacionamento do local da festa observa carros com placas de Aracati, Pau dos Ferros, Assú, Tibau, Baraúna, Governador Dix-huit Rosado, Areia Branca, Caraúbas e de muitas outras cidades da região e de outros estados. São pessoas que chegam aqui para estudar, fazer carreira, fazer negócios, utilizar os serviços que a cidade oferece e que têm participação decisiva no desenvolvimento econômico. Mossoró tem uma economia pujante e isso nos deixa muito entusiasmados. Acreditamos e apostamos na cidade.

 

A INDÚSTRIA da beleza, onde o Boticário se situa, e vocês como franqueados, sentiu o peso da crise ou a vaidade do consumidor não permitiu?

GLÍCIA GLAUBER – Esse segmento é resiliente à crise, porque a mulher brasileira é vaidosa, gosta de se cuidar, de ficar bem. No Nordeste, por ser uma região quente, o calor é um fator importante porque aumenta o consumo da área de perfumaria, lavandas etc.. Tem também a diferenciação de preços em campanhas dentro dos ciclos, que incentivam o consumo dessa mulher que gosta de se sentir bem. Ela tem a oportunidade, por exemplo, de ter três a seis batons na bolsa por preço acessível.

 

E O PÚBLICO masculino? Como se comporta ou se encaixa nesse contexto econômico?

GLÍCIA GLAUBER – O Boticário é uma marca muito presenteável, aí o homem se insere nesse processo. Pelo menos 50% do faturamento do público masculino está concentrado em datas comemorativas, como o Dia do País, Dia das Mães, Dia dos Namorados, Natal, datas em que o fenômeno presente é muito constante. Existe uma praticidade, uma comodidade, que também contribuem para isso. Mas, também deve ser dito que o homem está cada vez mais vaidoso, tanto é, que hoje o ícone da perfumaria brasileira é o Malbec do Boticário.

 

COMO o Grupo Gentil está preparando as lojas de Mossoró para devolver ao público?

GLÍCIA GENTIL – A marca precisa fazer o dever de casa, voltar para a base, fortalecer o relacionamento com o cliente, cuidar do cartão fidelidade, observar como estão nossas lojas etc.. Nós estamos fazendo um investimento forte na reabertura das lojas de Mossoró, tendo um cuidado especial, renovando estrutura, reabastecendo, como forma de oferecer o melhor serviço possível ao nosso cliente. O cuidado com as pessoas é primordial, tanto da nossa equipe como do consumidor. Estamos preparando as 40 pessoas que vão trabalhar em nossas lojas de Mossoró, trabalhando com o lema “Conhecimento que Transforma”, revisando todos os processos de treinamento, atendimento e comunicação, como forma que temos a certeza que o cliente terá o prazer de ser atendido por nossa equipe.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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