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Postado às 03h25 | 12 Nov 2017 | Uma nova perspectiva depois do tratamento do câncer

Crédito da foto: Reprodução Receber o diagnóstico de câncer nos faz refletir sobre a vida e remete a tudo o que se pode enfrentar nos próximos dias

(*) Lady Kelly Farias da Silva

Receber o diagnóstico de câncer nos faz refletir sobre a vida e remete a tudo o que se pode enfrentar nos próximos dias, acreditar que a vida se resumirá somente em dores, medos, ansiedade e tudo o que envolve o estigma do câncer, que após o tratamento não será mais possível ter a vida de antes. De acordo com autor Francisco Barbosa, “O impacto causado pela revelação pode estar associado à representação social do câncer, que é associada à dor e morte”. Mas, no contra fluxo, eis que surgem muitos casos que nos surpreendem e nos fazem pensar o quanto é possível levar uma rotina com qualidade e feliz após o tratamento de câncer.

Em se tratando de câncer infantojuvenil, a reflexão é ainda maior, já que estamos falando de crianças e adolescentes que terão em sua rotina diária algumas mudanças que serão inevitáveis, como o afastamento da escola, da realização de esportes, distanciamento da vida social para um tratamento que não estava planejado e que requer tanto esforço físico, como emocional e ainda com o envolvimento da família, onde todos também parecem adoecer juntos.

Entre tantas histórias, uma nos chama a atenção, que é da adolescente J. S, 17 anos, que se encontrava no auge de sua juventude, quando percebeu alguns sintomas e incômodos que antes não sentia, como: febre persistente, fadiga, mal estar, dentre outros e, ao procurar ajuda médica, para melhor investigação destes sintomas através de exames clínicos e laboratoriais, recebeu o diagnóstico de um linfoma.

Para o escritor Paulo César Alves, “a doença crônica representa um corte na linha da vida do adolescente, que passa agora a apresentar dois momentos: o antes, saudável, e o após, doente. Para a fenomenologia, a doença rompe com os pressupostos da vida cotidiana, justificando as dúvidas e incertezas que marcam as experiências do adoecimento”, afirma.

Trata-se de uma adolescente meiga e com muitos sonhos a serem realizados, com vida social na presença de amigos e familiares, como qualquer outra adolescente de sua idade, que inevitavelmente teve o seu desenvolvimento interrompido, mesmo que por um período, necessitando se ausentar das atividades antigas para então se dedicar ao tratamento quimioterápico e todas as mudanças que envolvem esse tipo de intervenção, passando então a conviver com dores, febres, enjoos, imunidade baixa, dentre outras reações que o processo de tratamento implica.

Nossa paciente J. S. precisou ser muito forte. Com a ajuda da família, superou todas as reações e angústias que lhe eram acometidas durante as internações. A adolescente tinha receio de não conseguir realizar o sonho de voltar a estudar e fazer uma faculdade, já que seu único desejo era de retornar à vida que tinha antes do diagnóstico, com muitos planos e sonhos. Também ansiava por voltar a desempenhar seus afazeres diários, que passou a valorizar ainda mais, desde vestir sua roupa, se alimentar sozinha, cuidar da aparência, ações que devido à debilidade do tratamento, sempre tinha alguém da família para executar em seu lugar, enquanto esteve internada.

Atualmente, J. S realiza acompanhamento com a terapia ocupacional, que dá ênfase na intersubjetividade, escuta e humanização, onde recebe orientações com relação à sua rotina, para um fazer organizado, visto a importância de dar significado ao tempo, por meio de atividades contextualizadas, mesclando entre as laborativas e as de lazer, como uma forma de adequar a nova vida e vivenciá-la com qualidade. J.S. tenta levar a vida o mais normal possível, fazendo as atividades que sempre desejou, distribuindo o seu tempo fazendo o que mais gosta: estudar; teve a oportunidade de fazer cursinho e faculdade e, nas horas livres, passeia com a família e os amigos; se diz muito feliz e supera, a cada dia, as adversidades que a vida implica. Sendo uma pessoa que enfrentou o câncer, relata que agora, enfrentar a vida é um grande prazer.

(*) Lady Kelly Farias da Silva - Terapeuta Ocupacional - Casa Durval Paiva

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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