O diálogo é o único caminho
Se fosse na esquina de “Seu Pretim”, o caboclo, assustado, teria dito: “A polícia desceu a lenha.” E foi exatamente isso que aconteceu, guardadas as devidas proporções, quando policiais militares, sob ordem expressa e amparados por uma decisão judicial, expulsaram do prédio-sede da Secretaria de Finanças do Estado (SEPLAN) os professores da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e os servidores estaduais da Saúde.
Os expulsos saíram com olhos ardendo, devido o uso de gás lacrimogêneo, assustados com o estouro de bombas e temendo pela integridade física. Porém, doeu mais na alma, tamanha humilhação. O que eles querem é apenas o direito de receber os salários em dia, coisa que não acontece desde janeiro de 2016.
Por outro lado, o Governo, ao ter pedido autorização da Justiça para “esvaziar” o prédio-sede da Seplan, alegou que os servidores que querem trabalhar não podem ser impedidos. Correto. E quanto aos salários atrasados, justifica que o Estado não tem dinheiro para pagar. Fato.
Crise aguda. De um lado, o trabalhador que quer receber pelo mês trabalhado, direito sagrado; do outro, uma gestão pública de mãos atadas pela completa e total falta de recursos.
O que fazer? Eis a questão.
Primeiro, deve ser dito que o governador Robinson Faria (PSD), prestes a completar três anos no cargo, não tem mais como solucionar o problema. A sua gestão foi incapaz de equilibrar as finanças do RN. Transferir a culpa para a crise na economia nacional não se sustenta diante das boas gestões próximas do RN, como nos estados da Paraíba e Ceará, onde os salários dos servidores estão rigorosamente em dia. E não é porque o dinheiro esteja sobrando por lá, mas, sim, pelo equilíbrio que os gestores impuseram ao cofre público.
A melhor decisão que o governador Robinson poderia ter tomado, embora não resolvesse o problema central, era ter buscado a via do diálogo com os comandos de greve das categorias. Ele mesmo à frente, sem transferir para a chefe de Gabinete, Tatiana Cunha, como ocorreu na quinta-feira, 23, antes de os grevistas terem ocupado a sede da Seplan.
O governador era para ter olhado nos olhos do servidor, ter dito que o Estado reconhece a dívida e que vai pagar tão logo tenha as condições. Ter pedido a compreensão e chamado o servidor para ser parceiro neste momento de profunda crise de gestão e financeira.
O uso da força, que levou o servidor à humilhação, só agrava o quadro de descontrole.
FRASE
"Falta-me força física. Estaria ao lado dos colegas professores (Uern), sofrendo essa humilhação.”
PADRE SÁTIRO CAVALCANTI DANTAS – Sobre a expulsão dos docentes da Uern da sede da Seplan, pela polícia.
Rio Mossoró
A Comissão de Educação da Câmara Municipal amplia o debate em torno do projeto que cria o Dia do Rio Mossoró. O autor do projeto, vereador João Gentil (PV), sugeriu o dia 24 de abril, mas a comissão decidiu investigar uma data que tenha ligação com a origem do rio. Daí, convidou historiadores para pesquisar o tema. Os estudos serão concluídos somente em 2018.
RIO MOSSORÓ II
É importante a iniciativa do vereador João Gentil, à medida que o Dia do Rio Mossoró, quando for estabelecido no calendário oficial do Município, vai oportunizar novas reflexões sobre a situação do rio. E, quem sabe, não desperte a gestão municipal a elaborar um projeto para a sua revitalização. Trata-se de uma necessidade urgente, porque o rio Mossoró está morrendo.
Mais um
O "João da Caern" lançou seu nome a deputado estadual pelo Livres, antigo PSL. Agora, Mossoró tem seis nomes à Assembleia Legislativa: Isolda Dantas (PT), Jorge Rosário (PR), Gutemberg Dias (PC do B), Francisco José (PPL) e a deputada Larissa Rosado (PSB), candidata à reeleição.
Tapa na cara
O ministro Gilmar Mendes, do STF, foi certeiro: "auxílio-moradia de magistrado é inconstitucional." E cita o caso do RN: enquanto servidores públicos amargam dois meses de salários atrasados, o TJ pagou quase R$ 40 milhões em auxílio retroativo a 2011.
É O FIM
Até às 11h deste sábado, 25, quando foi concluída esta edição, o RN contava 2.185 assassinatos entre janeiro e novembro. 400 mortes a mais do que o mesmo período de 2016 – um aumento de 22,4%. O estado tem hoje uma média de 6,64 pessoas mortas por dia.
É o fim II
Em Mossoró, os assassinatos no ano chegaram a 216 na manhã de ontem. Um a menos do que o registrado em todo o ano passado. Significa que o número será batido ao largo.
É NOTÍCIA
1 - Nesta data, em 2006, a prefeita Fafá Rosado inaugurava as instalações modernas do Mercado da Carne, Aves e Peixe, no complexo da Central de Abastecimento. Hoje, precisando de melhorias.
2 - Nesta segunda-feira, 27, completa cinco anos da morte do historiador Raimundo Soares de Brito. Ele tinha 92 anos, nasceu em Caraúbas, mas adotou Mossoró como sua terra. Raibrito deixou um acervo riquíssimo sobre a história da cidade e do estado.
3 - As novas instalações do Sesc em Mossoró serão inauguradas na próxima quinta-feira, 30, com novo parque aquático, nova clínica odontológica e Escola-Sesc. Marca as cinco décadas na cidade.
4 - As famílias que receberão as 844 casas do residencial Odete Rosado devem assinar os contratos nesta segunda-feira, 27. A Prefeitura e a Caixa aguardam no Ginásio Pequeno Príncipe, às 8h.
5 - O espetáculo Natalis tem hoje à noite a sua última apresentação, no adro da catedral de Santa Luzia, às 20h. Os meninos do Colégio Diocesano contam a história do nascimento de Jesus.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.