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Postado às 12h15 | 03 Dez 2017 | Notas sobre ações em prol da revitalização do rio Apodi-Mossoró

Crédito da foto: Reprodução Rio Apodi-Mossoró cruza o centro da cidade de Mossoró; encontra-se em situação bem delicada

(*) José Romero Cardoso

Com percursos inteiramente dentro do Estado do Rio Grande do Norte, o rio Apodi-Mossoró nasce na Serra da Queimada, em Luiz Gomes, divisa com o Estado da Paraíba, sendo o segundo curso d’água potiguar. Em seu percurso de duzentos e dez quilômetros, percorre territórios de importantes municípios norte-riograndenses, a exemplo de Luiz Gomes, Pau dos Ferros, Itaú, Apodi, Felipe Guerra, Governador Dix-sept Rosado, Mossoró, desaguando no Oceano Atlântico, passando por áreas de grandes salinas, entre Areia Branca e Grossos.

Vale salientar que: A bacia do rio Mossoró/Apodi é a segunda maior bacia hidrográfica do estado, ocupando uma área de 14.271 km², o que corresponde a 27% do território estadual. (http://tudodeapodi.blogspot.com.br/2010/11/rio-apodimossoro.html).

A intermitência sempre foi imemorialmente uma das características do rio Apodi-Mossoró, sendo parcialmente beneficiado graças à construção da barragem de Santa Cruz, em Apodi, pois boa parte do trajeto passou por processo de semiperenização, tendo em vista a ação implacável da seca que compromete significativa o volume d’ água disponível para desempenho da agropecuária local e consumo humano.

A poluição e a destruição da mata ciliar tornam-se problemas enfáticos principalmente quando da passagem desse importante elemento natural de escoamento superficial pelo município de Mossoró, tendo em vista como se apresentam indicadores socioeconômicos, sobretudo no que diz respeito aos dados referentes à população total, ultrapassando mais de duzentos e cinqüenta mil habitantes, indústrias e comércio.

Antes dotado de fossas em residências, Mossoró teve dejetos canalizados para o rio Apodi-Mossoró, resultando em graves problemas ambientais. Os setores secundário e terciário contribuem significativamente para a exponencialização de impactos ambientais, pois destinam toda ordem poluitiva para o curso d’ água.

Medidas profiláticas vem sendo incentivadas, a fim de contornar a situação dramática que atinge o rio Apodi-Mossoró. O programa Petrobras Ambiental exemplifica tentativa de implementar estudo e ações de educação ambiental, visando despoluir o rio.

A preocupação com o grau de poluição que atinge o rio Apodi-Mossoró, sobretudo em seu percurso no mais importante município localizado em seu trajeto, vem despertando a atenção da sociedade, envolvendo diversos setores, como Universidades, Câmara de Vereadores, Promotorias de Justiça, Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça do Meio Ambiente Assembléia Legislativa e Ministério Público.

Exemplo de preocupação ambiental referente à revitalização do rio Apodi-Mossoró teve destaque em discussão organizada no dia 18 de setembro de 2017, na sede da Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ), em Natal, tendo em vista que:

A reunião, organizada pela 3ª Promotoria de Justiça da comarca de Mossoró e pelo Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça do Meio Ambiente (Caop-Meio Ambiente), está marcada para começar às 9h30.

O propósito da reunião é discutir sobre a situação ambiental atual do rio, as medidas tomadas pelos órgãos gestores estadual e municipal, os estudos desenvolvidos pelas universidades e quais ações podem ser tomadas para a recuperação do Apodi-Mossoró.

Foram convidados para participar representantes das universidades federais Rural do Semiárido (Ufersa) e do Rio Grande do Norte (UFRN) e do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) – de departamentos como Geografia, Química, Ciências Biológicas, Sociais e Animais; do Comitê da Bacia do Rio Apodi/Mossoró; das Secretarias de Estado de Recursos Hídricos (SERHID) e do Meio Ambiente (Semarh); da Secretaria Municipal de Infraestrutura, Meio Ambiente, Urbanismo e Serviços Urbanos de Mossoró (Seimurb); de órgãos ambientais como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), Instituto e Gestão de Águas do Estado (Igarn) e Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema); da Coordenadoria de Vigilância Sanitária (Covisa), e de outras instituições e representantes da sociedade civil organizada. (http://professormarciomelo.blogspot.com.br/2017/09/reuniao-debatera-revitalizacao-do-rio.html)

O declínio quali-quantitativo da vida aquática ao longo do rio Apodi-Mossoró traduz-se através da mortandade de peixes e do assoreamento do leito do rio Apodi-Mossoró, comparando-se há algumas décadas, quando esse importante patrimônio natural potiguar era sinônimo de sobrevivência para inúmeras famílias de baixa renda que buscavam no rio recursos que garantiam qualidade de vida mais proeminente que na atualidade.

Marco natural do povoamento de grande parte do semiárido potiguar, o rio Apodi-Mossoró vem sendo agredido de forma inexorável, em razão que a falta de compromisso histórico do processo de antropização surge como desafio do milênio em uma região notavelmente marcada pela fragilidade dos seus aspectos naturais.

(*)  José Romero Araújo Cardoso - Geógrafo (UFPB). Escritor. Professor-adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografia e Gestão Territorial (UFPB) e em Organização de Arquivos (UFPB).

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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