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Postado às 09h45 | 07 Fev 2018 | Coluna - 7 de fevereiro de 2018

ÚLTIMA MENSAGEM DA CRISE

Na leitura da mensagem anual, a última de seu governo, Robinson Faria (PSD) afirmou que transformou a saúde pública em Mossoró. Falou de investimentos em infraestrutura, pessoal e aparelhos, garantindo que melhorou o atendimento à população mossoroense, numa referência exclusiva ao Hospital Regional Tarcísio Maia, que também atende a parte dos municípios da região Oeste.

A fala de Robinson, porém, bate de frente com a realidade. A imagem de macas em corredores, com pessoas morrendo a míngua, o fechamento dos hospitais da Mulher e da PM e a greve dos servidores da saúde que já dura quase três meses, pelo simples direito de receber salários em dia, não condizem com a prestação de contas do governador.

Não precisa de pesquisa qualitativa ou de um trabalho mais profundo para identificar a insatisfação das pessoas com o sistema de saúde pública do Estado. Não é só em Mossoró. Toda rede estadual sofre com a falta de políticas públicas. Os corredores apinhados de pacientes do Hospital Walfredo Gurgel, o maior ambulatório do RN, é o retrato fiel da falência do sistema.

A leitura do governador poderia ter sido fiel à realidade. Fidedigna, como ele próprio prometeu antes de ocupar a tribuna do Palácio José Augusto, sede da Assembleia Legislativa. Robinson optou pela retórica, em texto fabricado por assessores competentes, ao invés de encarar a realidade dos fatos.

Ele derrapou ao falar da crise financeira que assola o RN, optando por transferir a responsabilidade para governos anteriores, sem levar em conta que já está cumprindo o quarto e último ano de mandato. O curioso é que na campanha de 2014, em palanque, Robinson disse em alto e bom som, para todo mundo ouvir, que o problema do Estado não era dinheiro, porque recursos tinha muito, mas de gestão. E agora vem dizer que a crise financeira já existia de governos passados.

Para completar, o governador levantou voz em defesa do pacote fiscal batizado de “RN Sustentável”, apresentando a iniciativa como um fato importante do seu governo, sem observar que o pacote chega atrasado, uma vez que, se ele recebeu o Estado quebrado, como diz, deveria ter adotado as medidas no início de sua gestão.

Pois bem.

A mensagem do governador não apresentou nada de novo. O discurso fácil foi repetitivo, colado de mensagens de anos anteriores. O seu conteúdo não deu resposta aos anseios da sociedade e principalmente das categorias de servidores que sofrem com salários atrasados e esperavam dele uma solução para o problema. De resto, nada demais.

 

FRASE

"Não fui eu, não foi Robinson quem quebrou o Estado."

ROBINSON FARIA – Governador, na mensagem anual.

 

CORRETIVO

 O secretário de Administração do Estado, Cristiano Feitosa, denunciou que existe uma "caixa preta" na folha de pessoal da Uern. Depois, deu o dito pelo não dito. Como a Uern não é casa de mãe joana, o reitor Pedro Fernandes está exigindo explicações, ou provas, do secretário, e passa um corretivo: "É muito importante que se perceba o valor das pessoas e das instituições."

 

É HORA DE LUTA 386

 A Anac ainda não decidiu se autorizará a reabertura do velho aeroporto de Mossoró. Há pendências, como o deslocamento de 90 metros da cabeceira norte. Trabalho que deveria ter sido feito pela Consultaer, empresa contratada pelo Estado por quase R$ 1 milhão, cujo contrato está sob investigação. O fato é que Mossoró precisa de novo aeroporto. O resto é gambiarra.

 

OS FRACOS

 Quando as coisas não vão bem, os fracos tendem a desviar o caminho. O recado do governador Robinson Faria, na leitura da mensagem anual, teve endereço aos deputados que pularam do barco no momento de crise. Raimundo Fernandes (PSDB) se contorceu na cadeira.

 

RENÚNCIA

 Nos bastidores da leitura da mensagem anual, o assunto era um só: o governador Robinson vai renunciar. O vice-governador Fábio Dantas (PC do B), sem nenhuma cerimônia, disse que assume sem pensar em reeleição. Robinson nega.

 

DIA D

 A 10ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal julga nesta quinta-feira, 8, o pedido de habeas corpus do ex-ministro Henrique Alves (MDB). Se conceder, ele volta para casa, após oito meses na prisão. A Justiça Federal do RN lhe concedeu o direito de prisão domiciliar.

 

PRESSÃO

 O governador Robinson foi curto e direto aos deputados estaduais: se o pacote fiscal “RN Urgente” não for aprovado, o Estado não sairá da crise. Das 20 mensagens enviadas à Assembleia Legislativa, apenas oito foram aprovadas.

 

 É NOTÍCIA

1 - A prefeita Rosalba Ciarlini transfere o cargo para a vice-prefeita Nayara Gadelha na manhã de hoje. Nayara cuidará de Mossoró durante a viagem internacional da titular, até o dia 27.

2 - Lançado o Semear 2018, com investimento de R$ 400 mil, para distribuição de 115 mil litros de diesel. Este ano, cada uma das 5.228 famílias receberão 22 litros de combustível, o que corresponde a um hectare de terra por família.

3 - A inscrição ao Prouni pode ser feita até sexta-feira, 9, pelo site www.prouni.mec.gov.br. São 242.987 vagas em 2.976 instituições de ensino particulares. No RN são 1.574 bolsas.

4 - Nenhum membro do TCE-RN se fez presente na leitura da mensagem anual do governador Robinson Faria. A ausência é parte da crise de relacionamento entre o governo e a Corte de Contas.

5 - A Prefeitura de Mossoró pagou R$ 1,5 milhão à cooperativa médica Sama, referente a atrasos dos últimos meses de 2017. Mesmo assim, os médicos ameaçam paralisar atividades nas UPAs.

 

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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