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Postado às 09h30 | 22 Fev 2018 | Divisão enfraquece greve dos professores da Uern

Crédito da foto: Arquivo Professores da Uern têm assembleia nesta sexta-feira, 23, para definir rumo da greve

A greve dos professores da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) caminha para o fim, com risco de a categoria não ter conquistado seu objetivo, que é a atualização dos salários. Há uma divisão entre os docentes, com forte pressão para que o movimento seja interrompido e outras alternativas sejam implementadas para convencer o governo a cumprir o dever de pagar em dia.

Professores da Faculdade de Direito assumiram, de público, a posição pelo fim da greve. Em carta enviada ao reitor Pedro Fernandes, ao sindicato da categoria (Aduern) e a sociedade, os docentes apresentam sugestões e sugerem o fim da greve, que já dura mais de 100 dias.

Leia a carta:

"Estamos em estado de greve há mais de cem dias, motivados pelo legítimo interesse de reivindicar a regularização do pagamento salarial. Todavia, decorrido esse tempo, o Governo não mudou o quadro de atrasos e nem tem demonstrado que o fará a curto prazo, gerando um impasse prejudicial à educação superior no Estado, notadamente à classe discente, que tem ficado órfã do direito constitucional à sua formação profissional, intelectual e crítica.

Embora noutros momentos o instrumento da greve tenha sido eficaz para as conquistas salariais, no momento resta evidenciado que ele não tem se mostrado o mais adequado para conquistarmos os objetivos pautados pelas categorias.

Lembramos aos colegas servidores que vivenciamos um contexto de desvalia e precarização das instituições, não se ignorando um movimento crescente de defensores do Estado mínimo, especialmente no ensino superior.

Aproveitando que o Rio Grande do Norte enfrenta grave crise política e administrativa, esses desestruturadores sociais colocaram indevidamente a UERN em suas “alças de mira”, numa campanha organizada de minimização de sua importância.

É impossível, também, não notar as coincidências entre o caminho da educação e o desenvolvimento das formas de legitimação política moderna. A UERN é um forte elemento de conscientização política da sociedade e de formação profissional, interessando a alguns a sua desmobilização.

Por essa e outras razões, pleiteamos o retorno às atividades acadêmicas, adotando outras posturas combativas em substituição à greve, que ousamos apresentar a seguir:

1 – engajar os alunos e suas famílias na ressignificação da Universidade;

2 – adotar estratégias para ocupação de espaços políticos e decisórios institucionais;

3 – buscar a sustentabilidade econômica da Universidade e a sua viabilização financeira, inclusive mediante a prestação de serviços externos;

4 – retomar a discussão sobre a proposta de autonomia financeira;

5 – promover um conjunto de informações positivas da Universidade (importância econômica, social, cultural), com a construção, divulgação e avaliação de indicadores de eficiência da UERN;

6 – promover seminários regionais temáticos, pontuando as realizações da UERN nos seus 50 anos de existência;

7 – trabalhar com a conscientização política e social sobre o valor da UERN e da própria educação como vetor de desenvolvimento econômico e equalizador social.

Assim, manifestamo-nos pelo RETORNO ÀS ATIVIDADES NA UERN, sem prejuízo da continuidade da luta em defesa dos nossos direitos, mediante novas estratégias.

Mossoró-RN, 20 de fevereiro de 2018.

DOCENTES (FACULDADE DE DIREITO)."

NOTA DO BLOG – Nesta sexta-feira (23) a Aduern comanda mais uma assembleia para avaliar a greve e adotar novas medidas. A sugestão dos professores da Faculdade de Direito, pelo fim da paralisação, será colocada em discussão. A possibilidade de o movimento ser suspenso é bem real, principalmente depois de perder fôlego com o fim da greve dos servidores da saúde, que estavam juntos na luta com os professores da Uern.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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