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Postado às 07h45 | 09 Mar 2018 | Coluna César Santos - 9 de março 2018

ELES SÃO IGUAIS

Depois de examinar o discurso de Jair Bolsonaro que, por frequentar o topo das pesquisas eleitorais, representa o que parte da plateia vê de melhor na corrida sucessória, uma conclusão se impõe: um pedaço expressivo do eleitorado brasileiro parou de evoluir. No Brasil, o bom senso virou uma grande utopia.

Bolsonaro discursou no ato de filiação ao Partido Social Liberal (PSL). Foi nos momentos em que parecia fora de si que o presidenciável mostrou de forma mais nítida o que tem por dentro. Levou a plateia ao delírio quando fez troça com seu sobrenome do meio. “Eu sou o Messias”, disse. “Jair Messias Bolsonaro.”

Na área da segurança pública, sua prioridade é liberar as armas. Apoiado pela Bancada da Bala, deseja vitaminar o grupo. “Quem sabe teremos aqui a bancada da metralhadora”, vaticinou, em meio a rajadas de risos. “Violência se combate com energia e, se necessário, com mais violência”, ensinou.

No rol de inimigos de Bolsonaro, “marginais” e “vagabundos” dividem espaço com os homossexuais. “Um pai prefere chegar em casa e ver o filho com o braço quebrado no futebol, e não brincando de boneca”, declarou, antes de dar de ombros para a decisão do Supremo Tribunal Federal que reconheceu a união homoafetiva. “Casamento é entre homem e mulher. E ponto final”.

Traçou como objetivo político alijar a esquerda do mapa. “Quem reza por essa cartilha de esquerda não merece conviver com os bens da democracia e do capitalismo”, filosofou. Seu modelo é Donald Trump, “um exemplo para nós seguirmos.” A audiência ouvia o candidato em êxtase. De vez em quando, afagava-lhe os tímpanos: “Mito, mito, mito.”

Bolsonaro se definiu como opção de “extrema-direita”. Ainda não notou que o problema do Brasil há muito deixou de ser de esquerda ou direita. O problema é que o eleitor deseja colocar por cima. Tomada pelas pesquisas, a maioria se divide entre Bolsonaro, um defensor de torturadores, e Lula, um corrupto de segundo grau.

Não fica bem pensar mal do Bolsonaro e usar luvas de renda para falar dos eleitores. É certo que o presidenciável do PSL simboliza a escassez de reflexão. Mas o maior déficit localiza-se entre as orelhas dos eleitores que, a essa altura, ainda confundem um certo candidato com o candidato certo.

Perfeito o jornalista Josias de Souza quando ele escreve que “não é justo falar mal do Bolsonaro e alisar o eleitor”. Não há como separar um do outro.

Infelizmente, no país das desigualdades, da pouca cultura, de povo despolitizado, esses tipos acabam ganhando marra.

 

FRASE

"Não é justo falar mal de Bolsonaro e alisar o eleitor".

JOSIAS DE SOUZA – Jornalista.

 

FAZ FALTA

 Nesta data, em 2012, a então governadora Rosalba Ciarlini inaugurava o Hospital da Mulher "Maria Correia" em Mossoró. Supria enorme lacuna no atendimento à saúde materno-infantil da cidade e região. O hospital, porém, não resistiu ao governo Robinson Faria (PSD), que fechou as suas portas em outubro de 2016. Hoje, o atendimento se restringe à Casa de Saúde Dix-sept Rosado.

 

TEATRO

 Último ato da professora Isaura Amélia na presidência da Fundação José Augusto: assinatura da ordem de serviço da obra do Teatro Estadual Lauro Monte Filho, em Mossoró. Investimento de mais de R$ 5 milhões. Isaura deixou o governo Robinson Faria (PSD) por consequência da tentativa de intervenção no PP do RN, presidido por seu irmão ex-deputado Betinho Rosado.

 

ANOTE ESSE NOME

 "Peron". Lá na frente você, leitor, vai ouvir muito falar sobre o que ele detalhou à Polícia Federal. Quando foi conduzido coercitivamente pela Operação Manus, a mesma que colocou o ex-deputado Henrique Alves (MDB) na prisão. Peron contou tudo o que sabe.

 

SEGUE

 O primeiro alvo é o deputado federal Rogério Marinho (PSDB), que teria uma dívida de R$ 1 milhão com a Peron Produções da campanha eleitoral de 2012. O ministro Gilmar Mendes, do STF, decidiu abrir inquérito para investigar o tucano. O caso é bem grave.

 

SE FICAR...

 Quem frequenta os corredores da Assembleia Legislativa afirma: as contas do governo Robinson Faria, exercício de 2016, não passam pelo crivo dos deputados. O parecer do Tribunal de Contas (TCE-RN) pela reprovação será confirmado. Isso ocorrendo, o governador se tornará inelegível.

 

...O BICHO COME

 Não é só isso que tira o sono de Robinson. Está em andamento articulação pelo seu impeachment. Dois pedidos estão na mesa do presidente Ezequiel Ferreira (PSDB), aguardando a sua posição.

 

 É NOTÍCIA

1 - A Terra Sal faz contato com a coluna para negar que esteja negociando a compra das concessionárias Fiat e Ford em Mossoró. Os esforços, hoje, estão voltados para a Chevrolet, garante o grupo.

2 - A professora, escritora e pesquisadora Joana D’arc Fernandes Coelho será homenageada com o Tributo Ana Floriano - edição 2018. Também é presidente da Academia Feminina de Letras e Artes Mossoroense. A cerimônia acontece na segunda-feira, 12.

3 - Nesta data, em 2007, a então governadora Wilma de Faria entregava a Mossoró a Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (DEAM). Funciona no bairro Nova Betânia.

4 - O ministro do Turismo, Marx Beltrão, prometeu liberar R$ 11 milhões para a reestruturação do Corredor Cultural de Mossoró, atendendo pleito da prefeita Rosalba Ciarlini (PP).

5 - Nesta data, em 1971, o governador Walfredo Gurgel inaugurava em Mossoró o Quartel da Polícia Militar, II Batalhão da PM. A cidade era governada pelo prefeito Antônio Rodrigues de Carvalho.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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