Terça-Feira, 16 de abril de 2024

Postado às 09h15 | 20 Abr 2018 | Como político ele tem nota zero, diz Fábio sobre Robinson Faria

Crédito da foto: Marcos Garcia/JORNAL DE FATO Vice-governador Fábio Faria no gabinete de trabalho do titular do blog

Qual a nota que o senhor dá ao governador Robinson Faria?

- Como político, nota zero; como gestor, nota cinco.

A pontuação foi emitida nesta quinta-feira (19) pelo vice-governador dissidente Fábio Dantas (PSB), que passou o dia em Mossoró visitando correligionários e veículos de comunicação. Ele não escondeu a decepção com o governador.

A nota zero para governador, como político, explica o rompimento entre Fábio e Robinson, oficializado no início do ano. O vice-governador não entra em detalhes, porém o desentendimento ocorreu por conflito no projeto eleitoral 2018. Fábio Dantas levou a termo a sua pré-candidatura ao Governo do Estado, enquanto Robinson não abriu mão do direito de concorrer à reeleição.

Dantas entende que Robinson não tem a mínima condição de pedir ao povo do Rio Grande do Norte mais quatro anos de governo. “A candidatura dele é uma insensatez”, disparou em entrevista ao JORNAL DE FATO. “O governador deveria se autoavaliar, porque ele fracassou em todas as políticas, inclusive as básicas. A reprovação popular, que ultrapassa a casa dos 80 por cento, segundo pesquisa divulgada recentemente, comprova o fracasso”, afirmou.

Para Fábio Dantas, o governador desistiria de uma candidatura em momento de lucidez, “o que às vezes deve faltar a ele.” Segundo o vice-governador, caberia a Robinson fazer avaliar a si próprio e, de forma lúcida, ver que não tem condições de pedir um novo mandato ao povo.

O fracasso da gestão Robinson, segundo o vice-governador, se explica na falta de coragem para enfrentar os problemas que afligem o estado. Isentando-se de culpa, porque, segundo ele, não teve voz no governo, Dantas disse que o governador deveria ter adotado medidas saneadoras no início da gestão, quando o quadro de crise já era agudo. “Ele preferiu implantar uma política que tudo amanhã será resolvido, e o resultado é que está aí. Problemas graves na segurança pública, na saúde, salários atrasados e os serviços básicos sem funcionar”, criticou.

Perguntado se esse tipo de crítica não o afetaria, porque ele passou três anos ao lado do governador, Fábio Dantas garantiu que se sente à vontade, porque não teve acesso ao governo. “Não indiquei secretários, não ocupei cargos, não participei da gestão dele, por isso, estou muito tranquilo para avaliar a situação”, disse.

E para dizer que a nota zero para o político Robinson não é uma revanche, Fábio Dantas melhorou a nota quando avaliou o administrador público. “Dou nota cinco”, pontuou, ressaltando que gostaria de melhor avaliar a gestão estadual, “mas infelizmente ninguém consegue elevar uma nota ao governo dele.”

Fábio Dantas cumpriu agenda política em Mossoró acompanhado dos deputados Rafael Motta (federal) e Ricardo Motta (estadual), da ex-prefeita Fafá Rosado, recém-filiada ao PSB e pré-candidata a deputada estadual, e do empresário José Vieira, pré-candidato ao Senado Federal pelo PSB.

 

O SENHOR é pré-candidato a governador e vem percorrendo o estado para viabilizar o nome. Em que está se encontra o projeto eleitoral?

NA MINHA filiação ao PSB, o evento contou com a presença de mais de 70 prefeitos, vice-prefeitos, ex-prefeitos, vereadores, lideranças regionais. Foi o termômetro que apontou para a viabilizar de nosso nome. Estamos no processo de articulação de possível coligação, conversando bastante com aliados, e também realizando o trabalho de visitar as cidades, conversar com as lideranças e com a população. A recepção tem sido bem interessante.

 

O PSDB foi o primeiro partido a incentivar a sua postulação ao governo, mas os tucanos também está dialogando com outros partidos e pré-candidatos. Até que ponto o senhor pode contar com o PSDB?

NÓS temos um laço de amizade muito grande com todos os membros do PSDB, desde o presidente Ezequiel Ferreira, passando por todos deputados estadual, até o deputado federal Rogério Marinho. Mas, cada um ainda não definiu a sua posição pessoal para puder chegar ao consenso de partido. Acreditamos que o PSDB deve caminhar conosco, estamos bastante confiantes.

 

COMENTA-SE que a sua candidatura ao governo ganharia força se o governador Robinson renunciasse. Dessa forma, o senhor assumiria o cargo e viabilizaria um palanque forte para disputar as eleições. Até onde faz sentido?

EU NÃO quero que o governador renuncie o mandato. Quem tem que defender o legado do governo é ele. Para mim, entendo, a melhor candidatura para eu enfrentar a de Robinson, porque ele irá defender a sua gestão e eu vou mostrar como se governa o Estado.

 

O SENHOR se sente à vontade de fazer uma campanha de oposição ao governo, do qual o senhor fez parte durante três anos?

OLHA, todas as minhas do primeiro aos 100 dias de governo, são as mesmas que eu tenho hoje. Sempre disse que o governo estava errado, equivocado, e que deveria fazer os ajustes logo no início da gestão para enfrentar a crise que assola o Estado. Só que ele fez o inverso, achou que a solução poderia cair do céu. Esse ponto divergimos o tempo inteiro. Mas, ele é o governador, e sou apenas o vice, não tinha qualquer interferência na gestão de Robinson. Eu assumi o governo, durante esses três anos, apenas 47 dias, e todas as oportunidades em coloquei o meu DNA. O meu desligamento político se deu quando o governador comunicou que era candidato à reeleição.

 

POR QUÊ?

EU ACHEI uma insensatez, uma falta de autoavaliação, por isso, optei por sair de perto. Devo esclarecer que não tive participação no governo, não indiquei cargos, exatamente para ter a minha independência. Bem diferente do governo anterior (de Rosalba Ciarlini) do qual ele (Robinson era o vice) tinha o comando da Caern, do Idema, Semarh e cargos em outros órgãos, e rompeu porque teve interesse contrariado. No meu caso, não, porque eu não tive interesse pessoal contrariado, a minha decisão foi por entender que ele não tinha, como de fato não tem, condições de pedir mais um mandato ao povo do RN.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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