Quarta-Feira, 24 de abril de 2024

Postado às 07h45 | 21 Mai 2018 | Vereadora Nina diz que Carlos Eduardo vai além de Fátima Bezerra

Crédito da foto: Marcos Garcia/JORNAL DE FATO Vereadora Niná Souza é pré-candidata

Por Edilson Damasceno - JORNAL DE FATO

Vereadora de primeiro mandato em Natal, Nina Souza é do PDT, e cumpriu agenda em Mossoró nesta semana, aproveitando para manter contatos políticos e tentar costurar entendimentos que possam acrescer ao seu projeto político para as eleições deste ano: chegar à Assembleia Legislativa.

Nesta entrevista, a parlamentar apresenta um panorama sobre a situação dos pré-candidatos ao Governo do Estado em Natal. Obviamente que o nome do seu partido, o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves, figura com vantagem sobre os demais.

A vereadora e pré-candidata também discorre sobre os problemas que afetam o Rio Grande do Norte e afirma que o Estado tem jeito. Confira abaixo:

 

JORNAL DE FATO – Como a senhora avalia o cenário dos governadoráveis na capital?

NINA SOUZA – Veja bem: a situação do governador Robinson Faria é muito ruim, haja vista a situação caótica em que se encontra, não só Natal, mas todo o Rio Grande do Norte. Em Natal, temos clima de insegurança avassalador, os índices de violência só crescem a cada dia, com homicídios, roubos... E isso nos assusta muito. A questão dos servidores, que estão sem receber seus salários em dia e isso se perpetua de mês a mês. Paralelo a isso, temos um caos na saúde pública. Para você ter ideia, hoje em Natal quem segura é o Hospital de Natal, que é mantido pela Prefeitura. No Walfredo Gurgel, filas e mais filas de pessoas se aglomerando, e temos uma situação extremamente caótica, que é proveniente das pessoas que são acometidas por algum acidente de trânsito, e temos lá filas de pessoas que precisam de cirurgias ortopédicas e não têm esse atendimento. Falamos muito que se o Rio Grande do Norte não tomar uma atitude séria, a gente vai ter uma legião de pessoas com deficiência, proveniente desses acidentes, onde há uma demora excessiva dos atendimentos. É uma demora terrível. Paralelo a isso, vemos que o Governo do Estado não corrobora com nenhuma política de geração de emprego e não podemos falar em melhoria social, em qualquer região do RN, sem passar por uma política de geração de emprego. Então, as pesquisas apontam situação extremamente desfavorável ao governador Robinson Faria. As forças políticas, muitas, são afastadas dele. Obviamente, porque ele fez um governo afastado. Ele está quase terminando o mandato e ainda falando de Rosalba. Ele não teve o que mostrar, e fica sempre olhando para o retrovisor. Não acredito muito nesse possível êxito na candidatura.

 

E SOBRE os demais pré-candidatos?

COM relação à (senadora) Fátima Bezerra, ela tem trabalho no RN, dentro, obviamente, dessa linha que foi conjecturada pelo PT em nível nacional. Os IFRNs não são realidade do Rio Grande do Norte. São realidade em todo o país, que foi implementada em prol da educação. A gente precisa, realmente, reconhecer que é importante. Infelizmente, a gente percebe que ela não tem experiência de gestão. Então, por mais que ela seja bem avaliada em Natal, e é normal que seja, porque tem os Centros Acadêmicos, os que compõem a militância do PT, ela, no meu entendimento, não tem o que seria mais importante: experiência de gestão. Por óbvio, a candidatura de Carlos Eduardo vai um pouco além da candidatura de Fátima porque ele é um candidato que tem grande aceitação em Natal. Quem trabalha no Executivo, sabe que não é fácil, e Carlos Eduardo consegue ter boa aceitação em Natal.

 

A GENTE sabe que a questão ética está prevalecendo. Dos pré-pré-candidatos, todos estão envolvidos, direta ou indiretamente, em algum escândalo...

SE VOCÊ for analisar, cada um dos pré-candidatos... Ou a gente associa ou desassocia (à prática de corrupção). Robinson Faria está dentro da Lava Jato junto com o filho (deputado federal Fábio Faria) e o partido dele (PSD). Fátima Bezerra tem citação na Lava Jato. E o partido, não vou nem falar. Vale salientar que votei em Lula nos dois mandatos e em Dilma, também nos dois. A gente recente que tem o partido envolvido na Lava Jato. E o PDT, eu não conheço participação na Lava Jato. Carlos Eduardo não tem absolutamente nada a ver com o envolvimento de ninguém na Lava Jato. O fato de ele ser parente de quem quer que seja... Cada cidadão responde pelos seus atos. É personalíssimo. Você não pode... O cidadão de bem... O filho comete algum ilícito e o pai vai ser preso? Vai ser condenado? É uma analogia simples, mas é real. E outra coisa: vou mais além, e não posso ser injusta em não citar isso: todas as pessoas envolvidas estão sendo investigadas. Eu sou advogada e, no meu entendimento, ninguém é condenado antes do trânsito em julgado. Então, se eu digo que Lula é inocente e está preso, com julgamento em duas instâncias... porque que eu não votei em Henrique e vou dizer que ele é condenado se nem a instrução penal começou ainda? É uma questão lógica que a gente tem que sair do afã para ir para o bom senso: essas pessoas estão sendo investigadas e cada uma delas vai responder. Mas, também temos que lembrar que por mais que elas estejam sendo investigadas nessa denúncia de supostos ilícitos, muitas delas contribuíram para o RN. Ou a gente vai se esquecer que uma das maiores obras foi realmente a construção dessas adutoras? A gente pode negar a quantidade de emendas que esses parlamentares já enviaram para os Municípios? Os acompanhamentos? Se você vai para a UFRN, quando a UFRN quer pleitear alguma coisa, vai com algum parlamentar de lado. A nossa Uern, quando quer reivindicar alguma coisa, vai com algum parlamentar de lado. Os nossos prefeitos vão com parlamentares de lado. O que quero dizer com isso? É muito fácil dizer que políticos não prestam, mas não é dessa forma. A gente tem que ter cuidado e agora mais do que nunca: estamos com o nosso estado totalmente quebrado, desagregado, desmantelado. É hora de os políticos se unirem em prol de uma construção do RN. Porque se ficar nessa briga de cordão azul e cordão vermelho, a gente não vai a lugar nenhum. Precisamos entender, independente de quem vença, que as forças políticas precisam se unir. A gente precisa parar com essa coisa de gastar 200 para que o outro não ganhe 100. Estamos em um estado pequeno... A gente vai continuar desse jeito? Nossa maior riqueza são as nossas instituições de ensino superior. O povo só vai crescer quando tiver informação. O povo sem conhecimento não vai a canto nenhum. Temos que lutar pela independência financeira da Uern.

 

A SENHORA falou em união... Na campanha de 2014 tivemos um blocão, um acórdão, no qual os partidos conseguiram eleger quem eles queriam...

VAMOS separar o joio do trigo... Você está falando da chapa proporcional? Veja bem: essas uniões foram construídas não só com partidos grandes. Os pequenos se uniram. Existem as correntes filosóficas... Existem partidos que não se unem a outros devido certas convicções. O PT não se une a todo mundo. O PSOL, também... Então, esses partidos mais de centro fazem essas junções. Por óbvio, quando se entendeu como eram construídas essas coligações, cada um passou a fazer política na ponta do lápis. Os partidos pequenos começaram a não aceitar candidatos com mandato e eram escanteados. Fala-se muito nos acordões, mas, tipo assim: “Vamos nos juntar com os que não estão sendo aceitos nas coligações.” Então, é óbvio, como te disse, é mais fácil a história dos acordões.

 

POR QUE a senhora resolveu decidir por uma pré-candidatura à Assembleia Legislativa?

PORQUE a gente reclama muito. A gente vive reclamando dos políticos e fica dizendo o tempo todo que político não faz nada. A gente só sabe reclamar. Mas, na hora que a gente é chamado para levantar a bundinha da cadeira e ir para a rua e fazer alguma coisa, a gente não quer. Na hora em que eu estou reclamando que meu filho não tem boa escola, que tenho que pagar plano de saúde tirando da goela, que não tenho política pública para pessoa com deficiência, para o idoso, para a defesa da mulher e que estamos reféns da bandidagem e que não conseguimos mais ficar na rua e não conseguimos mais ir à padaria, de olhar para o lado e ver as pessoas que nasceram conosco nas drogas e na prostituição... o que fazer? A única forma de fazer é você ir para a linha de frente, lutar e ser a voz para elas. Eu sou uma pessoa que vim de baixo, de pessoas humildes. Tudo o que tenho foi construído pela educação. Agora eu empresto a minha voz, agora que, graças a Deus, tenho uma carreira e do que viver. Empresto a minha voz para lutar pelos outros. Fui eleita vereadora, e agora sigo em busca da cadeira na Assembleia Legislativa porque muitas demandas, sobretudo na área educacional, elas têm enraizamento e têm a incidência vinda da Assembleia Legislativa. Até mesmo pela questão das competências de cada ente federado. Então, é para lá que eu vou para lutar pela educação e pelo povo do RN.

 

ATÉ pouco tempo, o Rio Grande do Norte estava sem projeto político-pedagógico definido. A senhora listou problemas na saúde, e na segurança há vários. A senhora acha que é possível recuperar o Rio Grande do Norte?

CLARO que é. Primeiro, existe uma coisa chamada prioridade. Tem que saber o que é prioridade. Quando a gente recebe o nosso salário, independente de quem ganha muito ou pouco, principalmente quem ganha pouco, lista quais são as prioridades. Caso contrário, usa da banalidade, e para aquilo que é indispensável, não tem. É preciso fazer um levantamento geral do Estado, porque Rosalba fez uma administração, e lhe digo com todas as letras: uma administração muito boa. Rosalba pegou o Estado em uma situação difícil. Ela equalizou e preparou o Estado. Deixou o Estado em condição de ser administrado, porque ela diminuiu as dívidas do Governo, reestruturou o quadro de servidores, fazendo auditorias... Para você ter ideia, na educação tinha gente na França, nos Estados Unidos... Eram mais de 3 mil servidores que não estavam trabalhando e Rosalba convocou. Paralelo a isso, fez concurso público, convocação... Aí, obviamente, que as finanças... E não estou aqui advogando para ela não. Estou falando a realidade. E o que foi feito? Nesse quadro em que ela (Rosalba) precisava colocar mais servidores, equacionar a educação e saúde, ela não pôde dar aumento. Apesar de que na educação foram mais de 30% de aumento ao longo do período em que ela foi governadora. Mas, para outras categorias ela não conseguiu dar aumento pelo óbvio: não tinha de onde tirar. Não adianta dar aumento para sair na mídia e depois o salário começar a atrasar. Veio o RN Sustentável, um projeto de grande vulto. Rosalba deixou tudo estruturado e quem fez tudo foi Rosalba. Se hoje o governo atual faz alguma coisa, é porque Rosalba deixou. Tem outro projeto deixado, concebido e construído, que foi o Sanear. O maior projeto de saneamento do Estado foi deixado por Rosalba, e isso a gente não pode deixar de falar. Rosalba reestruturou Caics... Parece que estou fazendo... mas falo isso porque é muito injusto... Ela equilibrou o RN nos quatro anos para nos outros quatro ela, realmente, poder deslanchar mais. Mas, ela não pôde ser candidata por causa de tudo o que todos já conhecemos. Aí veio um que desfez tudo o que ela fez e, de novo, vai ter que começar do zero. Precisa reestruturar tudo. Acredito muito que Carlos Eduardo é um gestor muito presente, que investe muito em equipe técnica e que consegue construir o novo. Eu acho que hoje, no momento e com o devido respeito a quem pensa diferente, é o melhor nome. A classe política tem que se unir.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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