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Postado às 07h45 | 11 Jun 2018 | Vereador Francisco Carlos: 'Vote em quem defende a Uern'

Crédito da foto: Marcos Garcia/JORNAL DE FATO Vereador Francisco Carlos defende a Uern

“Vote em quem defende a Uern.” A campanha foi lançada pelo vereador Francisco Carlos (PP), presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Uern e professor-doutor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.

A ideia não tem caráter político-partidário, mas, sim, de aproveitar as eleições deste ano para os políticos assumir compromisso com a instituição que oferece ensino superior gratuito e de qualidade.

Francisco Carlos entende que se a classe política não assumir a luta da Uern para frear o descaso do Governo do Estado com a instituição, a universidade não aguentará outro quadriênio.

“Como movimento, faremos o que a Uern teria limite para fazer enquanto instituição pública: enaltecer seus defensores e trabalhar contra seus adversários”, justifica nesta entrevista ao Cafezinho com César Santos.

O vereador também fala sobre pontos importantes da política de Mossoró, como a instalação da “CEI do Lixo” para investigar contratos da limpeza pública; do comportamento da bancada governista; e das eleições deste ano.

A CAMPANHA “Vote em quem defende a Uern” não é um apelo político em defesa de candidatos com origem em Mossoró, onde a instituição foi criada?

NÃO. A Frente é eclética e suprapartidária, enquanto movimento, não assume preferência por partido, ideologia ou local de domicílio eleitoral dos candidatos. Temos, sim, um critério prioritário para a escolha de um candidato neste ano: o compromisso com o ensino público, gratuito e de qualidade que a Uern oferece. Nossa mensagem é simples: “Vote em um candidato que tenha compromisso com a Uern”. Como movimento, faremos o que a Uern teria limite para fazer enquanto instituição pública: enaltecer seus defensores e trabalhar contra seus adversários. Na minha opinião, apesar de possuir um bom corpo diretivo, excelentes professores, técnicos e alunos, receio que a Uern não aguentará outro quadriênio de descaso pelo Governo do Estado. É preciso agir e falar a linguagem que os políticos entendem: a linguagem do voto.

 

É VERDADE que a Uern sofre ataques de toda ordem, com ameaça de intervenção, desvalorização por parte do Governo etc.. Mas, por que a sociedade não consegue defender a instituição, como deveria?

O DEBATE e a atuação política nunca priorizaram a educação com bem fundamental para o desenvolvimento econômico e social. Com o despertar da cidadania, podemos brigar para baixar o preço dos combustíveis, contra a corrupção e outras coisas importantes. Mas, nunca brigamos pela escola pública. Isso acontece porque parcela da população não percebe que o investimento em educação melhora a qualidade de vida como um todo (saúde, segurança, emprego, meio ambiente, alimentação etc.). Sonho com o dia em que o povo ocupe as ruas para cobrar acesso e qualidade na educação pública, que discuta educação mais do que futebol, política ou religião.

O SENHOR, como presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Uern, tem encontrado resistência para levar a termo o real objetivo da luta?

POUCO, mas enfrentamos. Mas, até certo ponto, acho isso normal. Afinal, muitos utilizaram lutas coletivas para atender interesses particulares ou de grupo. Vale registrar que a Frente não tem a pretensão de dizer o que é melhor para a Uern ou de ser seu porta-voz. Queremos apenas ser mais uma voz que reúne e articula forças externas plurais e representativas da sociedade para defender as demandas apresentadas pelos segmentos internos da instituição.

 

OS SEGMENTOS da própria Uern nunca estabeleceram uma pauta exclusivamente de defesa da instituição. As mobilizações sempre acontecem em luta, legítima, por melhoria salarial e de outros objetivos. A Frente se propõe a mudar o foco?

A UNIVERSIDADE precisa de uma agenda comum, contendo suas principais demandas. Essa agenda não precisa ser ampla, mas tem que ser consensual, para unir e orientar a defesa e promoção da instituição. Pedimos que o Fórum de Diretores elabore essa agenda, que será defendida pela Frente permanentemente e não apenas em tempos de crise ou conflito. Esse, aliás, é outro aspecto que questionamos muito: a Uern é pauta e motivo de manifestações quando está em greve ou alguém defende sua privatização, por exemplo. Contudo, a universidade tem conteúdo e importante mais do que suficiente para não ser pautada por esse tipo de agenda.

 

A BANCADA de oposição conseguiu aprovar a CEI do Lixo e a bancada governista está travando a pauta devido o veto da prefeita Rosalba Ciarlini ao projeto que cria reserva de mercado de trabalho, de autoria da vereadora Sandra Rosado. Pode-se afirmar que a bancada governista está divorciada do Palácio da Resistência?

A PROPOSIÇÃO da CEI pela oposição e sua recepção pela mesa diretora não dependia exclusivamente da bancada governista. O projeto que pretendia criar reserva de mercado, por sua vez, dividiu até a oposição. Acho que os dois casos não indicam, necessariamente, situação de divórcio. Indicam, contudo, falta de unidade política, cuja origem está na incerteza quanto ao futuro político de cada um nas próximas duas eleições. Se não há clareza, por exemplo, sobre a avaliação do desempenho do mandato pelas bases eleitorais de cada parlamentar, tem-se intranquilidade, reações divergentes e falta de coesão. A transmissão ao vivo e as redes sociais exigem atenção e acuidade dos parlamentares, pois o julgamento público, nem sempre justo, é imediato. Resumindo, a falta de clareza nesse ambiente de mudança gera intranquilidade e perda de unidade política.

O PRESIDENTE da CEI do Lixo, vereador Manoel Bezerra, questionou a legalidade da comissão, afirmando que o pedido da oposição não apresentou um fato concreto com provas. Se é verdade, por que a comissão foi criada?

O PRIMEIRO objetivo de quem propõe a criação de uma CEI é de caráter político. Para alcançar esse objetivo e criar um fato político, basta colher as assinaturas de sete vereadores. O compromisso com a fundamentação técnica do pedido tende a ficar em segundo plano. Agora, apresentada a proposição, é necessário que a comissão especificamente criada avalie se os demais critérios regimentais foram cumpridos, para só então continuar os trabalhos. O fato continua político, mas não tem como fugir dos seus aspectos técnicos. Pelo que temos ouvido, há falhas de formalidade que comprometem o início do processo.

 

HÁ INFORMAÇÕES nos corredores da Câmara Municipal que parte da bancada governista não apoiará candidatos do grupo da prefeita Rosalba. Por quê?

A POLÍTICA está ficando mais complexa, apesar de alguns dos seus tradicionais fundamentos resistirem, há mudanças evidentes. Assim, a eleição estadual poderá determinar alinhamentos políticos que facilitarão (ou não) o projeto político dos vereadores que pensam em disputar a reeleição em 2020. Portanto, é possível que alguns vereadores priorizem o fortalecimento das relações com seus próprios partidos e o atendimento das demandas de suas bases eleitorais. Politicamente, o vereador decide agora, pensando em 2020. Assim, alguns podem estar pensando em manter o apoio administrativo a Rosalba dissociado das suas escolhas de apoio político-partidário neste ano de 2018.

 

O SENHOR afirmou, em uma entrevista ao JORNAL DE FATO, que Mossoró deve ser protagonista nas eleições estaduais deste ano e que a prefeita Rosalba Ciarlini terá papel importante. Essa convicção está sustentada em qual realidade?

FIZ essa afirmação há alguns meses. Na medida em que nos aproximamos do pleito eleitoral, essa declaração parece ser cada vez mais factível. Acho que é fácil compreender: com um currículo político extenso e vitorioso, Rosalba é a maior líder política da região, prefeita pela quarta vez da segunda cidade do estado, está filiada a um partido nacionalmente forte e faz uma boa gestão, apesar das dificuldades comuns aos atuais gestores. A forma como ela tem sido procurada por todos os possíveis candidatos ao Governo do Estado, apenas confirma a importância política de Rosalba.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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