Sexta-Feira, 26 de abril de 2024

Postado às 10h00 | 20 Jun 2018 | Coluna César Santos - 20 de junho

Crédito da foto: Reprodução Senadora Fátima Bezerra transfere decisão para comissão do PT

O VULCÃO SOCIAL DO BRASIL

A coluna abre o espaço para o comentário irretocável do potiguar do Alto Oeste Gaudêncio Torquato, jornalista, professor da USP, consultor político e de comunicação.

Ele escreve o ''Vulcão social":

Os geofísicos ensinam que a fusão de rochas com materiais voláteis, quando submetidas a uma temperatura que pode chegar aos 1500º C, resulta em magma, substância existente no interior da terra em uma profundidade entre 15 e 1.500 quilômetros. Nas últimas semanas, nossos olhos contemplaram essa massa avermelhada saindo de um vulcão na Guatemala, na América Central, correndo por encostas, cobrindo cidades de fogo e cinzas, devastando paisagens e deixando um grande saldo de mortos e desaparecidos.

A imagem da erupção vulcânica nos remete a uma leve sensação de conforto pelo fato de o Brasil não ter vulcões em atividade, o que não significa que estamos imunes às desgraças com origem noutros fatores. Nossa cultura política, por exemplo, é fonte de desvios e curvas que acabam tirando o país de seu rumo civilizatório. Nem bem saímos da pior recessão da história, sob acolhedora sombra de reformas que prometiam recolocar o trem nos trilhos e resgatar a credibilidade do país, eis que o pessimismo volta a abater o ânimo nacional.

Apesar do alerta do ex-presidente Fernando Henrique (em seus tempos de mando) de que “não podemos cair no catastrofismo”, o futuro é nebuloso e tão cheio de interrogações que não há como escapar à ideia de magmas em formação subindo à superfície do nosso território para explodir na erupção de um vulcão social, caso se eleja no pleito deste ano um perfil de extrema direita ou um de extrema esquerda. A sugestão do próprio FHC de se arrumar consenso em torno de Marina Silva (Rede Sustentabilidade) não resiste à evidente inferência de que essa figura pacata e moderada não reúne condições para enfrentar a real politik. Seria tragada por intermitente tufão político.

Voltemos aos extremos. O espírito beligerante de Jair Bolsonaro, caso o capitão seja eleito, levaria o país para uma posição de continuados conflitos. Estabeleceria, de imediato, a disputa de “cabo-de-guerra” entre militantes, multiplicando arengas e querelas, expandindo posições radicais, e envolvendo classes sociais, levadas a tomar partido diante de confrontos nas ruas e nas casas congressuais. A ingovernabilidade ganharia corpo. O clima social ficaria sob a ameaça de um rastilho de pólvora. Que os bolsonarianos gostariam de jogar aos montes para acender o pavio. O vulcão entraria em erupção diante de gestos tresloucados do governante.

Do outro lado, eventual perfil representando a extrema esquerda e correntes de esquerda reforçaria o refrão do apartheid social, “nós e eles”, que o PT continua a brandir em vídeos, mensagens pelas redes, expressões de seus porta-vozes – Lula, Gleisi, Lindberg Faria, entre os principais. Para montar firme na sela do cavalo, o eleito não deixaria brechas: encheria os tanques da máquina governamental com radicais e enfiaria o Estado na estrutura partidária. Todos os cantinhos seriam ocupados. Projeto de poder de 20 anos, com juros e correção monetária cobrados do impeachment de Dilma. Em suma, teríamos amarração da sociedade ao Estado forte.

O país está dividido. E a hipótese de harmonia social não passa de lorota quando expressa por figuras das extremidades do arco ideológico. O que se vê na farta linguagem de militantes nas redes sociais é a destilação de ódio, infâmias, acusações pesadas, falsidades e enaltecimento às ditaduras. O Brasil volta a sofrer a síndrome de Sísifo, o condenado pelos deuses a depositar a pedra no cume da montanha, tarefa que tenta executar por toda a eternidade.

 

FRASE

"Nunca um prefeito de cidade pequena foi governador. Vamos desafiar neste ano."

BRENO QUEIROGA – Ex-prefeito da pequena Olha D’água do Borges, pré-candidato a governador do RN.

 

AÇÃO BILIONÁRIA

 O Tribunal Superior do Trabalho (TST) julga nesta quinta-feira, 21, a maior ação trabalhista contra a Petrobras. Se perder, a estatal terá que pagar mais de R$ 15 bilhões e aumentar a folha de pagamento em R$ 2 bilhões por ano. A ação pede recálculo de acordo coletivo de 2007 que concedeu adicionais aos salários. Uma derrota da estatal e o cidadão será chamado a pagar com gasolina.

 

BARULHO NA RAMPA

 Os servidores públicos vão fazer barulho hoje na rampa da Governadoria, no Centro Administrativo em Natal. Para cobrar a atualização dos salários e o pagamento do 13º de 2017. Esperam a presença do governador Robinson Faria (PSD) no gabinete de trabalho, e uma resposta de quando o governo concluirá a folha de maio e o décimo. Até ontem, nenhuma previsão.

 

"BOLSONAROS"

 Na lista de alianças do Solidariedade, do deputado Kelps Lima, está o PSL de Bolsonaro. Os dois partidos e outras siglas de menor porte se coligarão na proporcional. A ideia é renovar o mandato de Kelps e ampliar a presença na Assembleia Legislativa e eleger um deputado federal, que seria Lawrence Amorim, ex-prefeito de Almino Afonso.

 

NEM AÍ

 Em entrevista à Rádio Cabugi do Seridó, a senadora Fátima Bezerra (PT) saiu com essa ao ser questionada se iria buscar o apoio da prefeita de Mossoró Rosalba Ciarlini (PP): ''Essa questão das alianças não sou eu quem está tratando; é uma comissão política. Eu vou buscar o voto de todos os eleitores." Em português mais claro, não tá nem aí.

 

MOSSORÓ

 Não custa lembrar que é importante ter um palanque forte no segundo maior colégio eleitoral do RN. E decisivo, reconheça-se.

 

PENTE FINO

 O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vai usar lupa na fiscalização a juízes na campanha eleitoral deste ano. Não quer o envolvimento dos homens da lei em prol de candidatos ou partidos.

 

 É NOTÍCIA

1 - A prefeita Rosalba Ciarlini (PP) decretou ponto facultativo em dia de jogos do Brasil na Copa. A partir de sexta-feira, 22, só sombra e água fresca para os servidores, goste ou não de futebol.

2 - O presídio federal de Mossoró recebe Orlando Curicica, apontado como um dos elementos que planejaram a morte da vereadora Marielle Franco. Curicica é chefe de milícia na região de Jacarepaguá e estava preso em Bangu 1, no Rio de Janeiro.

3 - Os cantores Ewerton Linhares, Aline Rocha e banda Xodó Nordestino são as atrações de hoje na Cidadela Junina, logo após a apresentação do Chuva de Bala no País de Mossoró. Às 20h.

4 - A segunda parcela do FPM de junho será creditada hoje com uma queda nominal de 23%, se comparado com o mesmo decêndio de 2017. Mas, nada que iniba a gastança com os festejos juninos.

5 - O Ceará conquistou o centro de conexões aéreas, com projeção de mais 40 novas rotas semanais. Fruto da união do Governo, Prefeitura de Fortaleza e classe política. Enquanto isso, no RN...

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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