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Postado às 01h45 | 26 Ago 2018 | Populismo e desemprego

Crédito da foto: Ilustração No populismo o “povo”, assume uma posição de Categoria Abstrata

(*) Luiz Soares

No populismo o “povo”, assume uma posição de Categoria Abstrata, quando colocado no centro da ação politica, independentemente dos canais próprios. Historicamente, no entanto, o termo “populismo” tornou-se uma força importante na (américa latina), principalmente a partir de 1930. Consagrou-se pela associação a industrialização e a urbanização e a dissolução das estruturas politicas oligárquicas, que concentravam firmemente o poder politico nas mãos dos aristocratas rurais. A gênese do populismo, no Brasil, está ligada a revolução de 1930, que derrubou a Republica Velha oligárquica, colocando no poder Getúlio Vargas, que viria a ser figura central da politica brasileira, até seu suicídio, em 1954.

A modernização segue um viés ou uma visão puramente ocidental e eurocêntrica, segundo a qual as sociedades seguem um padrão evolutivo, conforme descrito nas teorias da evolução sociocultural. De acordo com esta, cada sociedade evoluiria inexoravelmente da barbárie para níveis sempre crescentes de desenvolvimento e civilização. Os estados mais modernos seriam também os mais ricos e poderosos, e seus cidadãos mais livres e com um alto padrão de vida.

O Brasil durante muitos séculos primou e se consolidou na agricultura e na pecuária. O ciclo dos grandes acontecimentos cita o do Café, do Cacau, do Sal Marinho, do Algodão e da Cana-de-açúcar; ou seja, o setor primário acolhia um incontável numero de pessoas. O setor secundário também tinha lá a sua taxa de ocupação, como na indústria de transformação, na siderurgia, no transporte e na mineração. Era um contingente humano, trabalhador braçal no sentido típico, analfabeto, sem educação formal e ou informal, sem qualificação, apenas fazendo valer o seu forte e contestável apelo cultural, conforme as suas etnias.

Em época mais recente, com o advento da sociologia “imaginária ou comparativa” junto com o populismo iniciava a maior desmobilização dos principais meios produtivos, com base no setor agrícola. Os direitos são elencados, as necessidades habitacionais, a saúde, a educação, transporte e a segurança foram se transformando em grandes temas nacionais. O marco advindo da indústria automobilística se fez presente, quando Juscelino fez crer que realizaria em cinco anos, aquilo somente seria possível em cinquenta anos. O símbolo da modernidade eminentemente de cunho social conta do país. O patrão virou vilão e o proletariado se conformou com o estigma de explorado, espoliado e de um pobre coitado.

Finalmente, o populismo usando os ares da modernização, fez surgir o maior dos maiores distúrbios da vida nacional – o desemprego. Os Sindicatos e os grevistas se multiplicam. A onda cresce indistintamente. Todos os setores produtivos são tratados sem levar em consideração as regras rígidas dos mercados. Os direitos se multiplicam e os deveres virou moeda politica. A ordem é invertida em nome do progresso. A hierarquia sucumbe, deixando livres nos ares, um gosto de anarquia.

 

O resultado, como antidoto a tantas vulnerabilidades, inclusive a famigerada Legislação Trabalhista, instituída de forma irresponsável, por não levar em conta as peculiaridades (econômica e climática) da continentalidade brasileira, para cada um dos setores produtivos da economia, buscam soluções e até a automação. A indústria automobilística desemprega milhares, robotizando a sua produção em série. O Café juntamente com o Cacau reduz a sua área plantada, por problemas climáticos, pragas ou mercadológicos. A Cana de Açúcar e a Indústria Salineira desmobilizam multidões de cortadores e apanhadores de sal, ao implanta a colheita mecanizada. Neste elenco mercadológico, a Soja, o Milho, os Citros, o Algodão e a Fruticultura Irrigada, também se modernizam, no sentido de eliminar a mão de obra.  Por ultimo, como sendo a consagração do desemprego, eis que surge a Reforma Agrária.

A vida social se transforma, ao vivenciar os grandes temas da sua fragilidade, considerando ser obrigação do estado, servir, colocar a disposição, o aparato educacional, da saúde, desde a preventiva como a curativa, das residências, incluindo calçamento, saneamento, tratamento de desejos líquidos e sólidos, iluminação, transporte, praças e logradouros, esporte e lazer e a segurança. A periferia se torna cidade e os morros sobem as encostas, como um símbolo contextual, do desmonte ocupacional.

Eis, por ultimo, o grande e único antídoto: O VOTO. O seu tanto quanto o meu deva ser o grande alerta, de modo que a Constituição defenda o cidadão do Estado e nunca, o Estado usar o cidadão para se perpetuar no proselitismo populista, ou na crista da onda do poder. O jogo virou, com a indignação reinante, de dentro para fora, em todas as quadraturas brasileiras. 

(*) Luiz Soares é engenheiro

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Luiz Soares

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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