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Postado às 06h30 | 09 Set 2018 | Coluna César Santos - 9 de setembro

Crédito da foto: Rerodução/redes sociais Candidato Jair Bolsonaro usa redes sociais para se comunicar de dentro da UTI de hospital

FACA DE DOIS GUMES

Se a corrida presidencial estava chata, e estava, acabou de receber uma cutilada capaz de atrair o grande público para a arena eleitoral. A um mês da eleição, nenhum presidenciável havia conseguido mobilizar e/ou empolgar o eleitor para o processo sucessório. Nem mesmo o maior líder de massa deste país, Lula, com a sua estratégia de engabelar a boa vontade do cidadão, direto da carceragem da Polícia Federal de Curitiba, teve a competência de alterar o clima, exceto o “Fla-Flu” chato das redes sociais.

Coube a um maluco/criminoso, mais criminoso do que maluco, jogar os holofotes sobre a disputa presidencial com a ponta de sua faca. Ao furar a barriga de Jair Bolsonaro (PSL), o odiado/amado e controverso candidato líder das pesquisas, o agressor fez a campanha começar, de forma efetiva. Não há como afirmar o que vai acontecer com Bolsonaro nem com os seus concorrentes mais próximos. Nem os coordenadores têm ideia como agir. Estão todos desnorteados, mas certos que precisam agir rápido porque a campanha começou.

Um dia antes do atentado, Bolsonaro apareceu como líder da pesquisa Ibope, com 22% de intenção de votos, 10 pontos à frente do segundo colocado. A performance do polêmico candidato reforçou a estratégia dos adversários de direcionar todas as armas (de campanha) contra ele.

A liderança, porém, não fazia Bolsonaro favorito absoluto e sequer havia certeza que ele passaria para o segundo turno. Deve ser observado, também, que a mesma pesquisa Ibope apontou que num eventual segundo turno, Bolsonaro perderia para Marina Silva, Ciro Gomes e Geraldo Alckmin e só venceria o petista Fernando Haddad.

A facada que jogou Bolsonaro num leito de hospital criou nova perspectiva, com a possibilidade de fortalecimento político do candidato do PSL. É claro que o capitão vai concentrar todas as atenções, mesmo fora das ruas enquanto se recupera do ataque criminoso. Haverá, como já está havendo, uma superexposição nos telejornais, nas redes sociais ou em qualquer quina de rua. O assunto é um só: Bolsonaro.

Daí, o desafio dos comitês de campanha dos adversários. O que eles farão? O bombardeio contra o candidato verde-oliva será mantido ou a artilharia será suspensa temporariamente para não potencializar ainda mais a condição de vítima do capitão?

Não custa lembrar que o cidadão-eleitor muda de humor quando surge uma vítima. O povo adora vítima, já dizia uma velha raposa política. Nas eleições de 2014, quando Eduardo Campos morreu, o então candidato do PSB, ele pontuava na pesquisa entre 5% e 7%. Foi substituído na cabeça da chapa por Marina Silva. Na pesquisa seguinte, Marina apareceu na segunda colocação com 21%, contra 20% de Aécio Neves e 36% de Dilma Rousseff. Dias depois, em outra pesquisa, Marina chegou a empatar com Dilma na faixa dos 34%.

Marina não sustentou a boa caminhada e sequer passou para o segundo turno, por incapacidade mesmo. Trazendo o exemplo para hoje, deve ser visto que Bolsonaro não é “barata morta”, nem seus adversários têm potencial de Dilma e Aécio em 2014.

Bolsonaro transformou o seu martírio em palanque eleitoral, com transmissão ao vivo de tudo que acontece ao seu redor, mexendo com o sentimento dos menos esclarecidos. Ele sabe fazer isso, reconheça-se.

A campanha presidencial, que já era a mais estranha, cheia de ineditismo, agora se tornou esdrúxula. Seus principais personagens, que desde os últimos meses vêm induzindo o clima de intolerância e extremismo, passaram agora a estrelar no leito de um hospital, Bolsonaro, e na carceragem da PF, Lula.

E ninguém, absolutamente ninguém, tem se mostrado capaz de devolver a política e o Brasil aos trilhos da democracia saudável. Infelizmente.

 

FRASE

"O discurso de ódio do candidato causou a atitude extremada do nosso cliente."

ZANONE MANOEL JÚNIOR – Advogado do agressor Adélio Bispo, culpando Bolsonaro pela facada que sofreu.

 

PEDALADA

 A tradicional prova ciclística Governador Dix-sept Rosado está de volta ao calendário de competições oficiais da Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC). Com o ranqueamento, a prova passa a contar pontos para o Campeonato Brasileiro. A edição 2018 será realizada nos dias 22 e 23, dentro da Festa da Liberdade, com premiação de R$ 36.800,00 distribuídos entre as 12 categorias.

 

FINECAP

 A cidade de Pau dos Ferros deve receber hoje público recorde no encerramento da Feira Intermunicipal de Negócios, Educação e Cultura do Alto Oeste (FINECAP). O show de Xand Aviões, na Praça de Eventos, está movimentando toda a região. Hotéis, pousadas, bares, restaurantes e comércio em geral estão faturando alto na temporada, oxigenando a economia local e regional.

 

VOTO EM TRÂNSITO

 A Justiça Eleitoral em Mossoró recebeu 341 pedidos de eleitores para votar em trânsito. São 132 na 33ª Zona Eleitoral (Colégio Supletivo) e 209 na 34ª Zona (Colégio das Irmãs). Desse universo, são 126 eleitores potiguares e 216 oriundos de outros estados.

 

SABATINA

 Começa nesta segunda-feira, 10, a série de sabatinas com os candidatos a governador sobre a Uern. Breno Queiroga (Solidariedade) será o primeiro a ser sabatinado pela Frente Parlamentar e Popular em Defesa da Uern. No plenário da Câmara Municipal, às 19h.

 

"DOIDO"

 Os três advogados que defendem Adélio Bispo, autor confesso da facada em Jair Bolsonaro (PSL), vão pedir exame de sanidade mental do cliente. Acham que estão defendendo um "doido" e que não tem ninguém por trás do crime.

 

BOTA FORA

 A Assembleia Legislativa demitiu mais de 350 detentores de cargos comissionados, quase todos com familiares na Casa. Alguns tinham salários acima de R$ 20 mil. A exoneração em massa atende determinação do Tribunal de Contas do Estado.

 

 É NOTÍCIA

1 - Mossoró receberá o grande encontro de Elba Ramalho com Geraldo Azevedo. Os dois juntos no mesmo palco. Agende: dia 3 de outubro, na arena do Partage Shopping.

2 - Nesta segunda-feira, 10, faz nove anos da morte do radialista e político Edmilson Lucena. Na Rádio Difusora (1.170 kHz), consolidou o horário das 11h com o Cidade Aflita. Na Câmara Municipal de Mossoró, colocou seu nome na galeria dos presidentes.

3 - Nesta segunda-feira, 10, completará 200 anos do lançamento do primeiro jornal impresso do Brasil. A Gazeta do Rio de Janeiro chegava às mãos do leitor já sob censura.

4 - O alagoano Carlinhos Maia, que faz sucesso nas redes sociais, se apresentará em Mossoró no sábado que vem, 15, no Teatro Dix-huit Rosado. Ingressos para suas sessões já se esgotaram.

5 - O padre Charles Lamartine é aniversariante deste domingo, 9. A data será celebrada em duas missas que ele presidirá: às 7h na capela de São Vicente; e às 9h, na Catedral de Santa Luzia.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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