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Postado às 11h30 | 16 Set 2018 | “Governo Robinson é marcado pelo descaso e desrespeito à Uern”

Crédito da foto: Marcos Garcia/JORNAL DE FATO Professor vereador Francisco Carlos em entrevista ao Cafezinho com César Santos

O presidente da Frente Parlamentar e Popular em Defesa da Uern, professor e vereador Francisco Carlos (Progressista), considera lamentável a ausência do governador Robinson Faria (PSD) na sabatina sobre o futuro da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).

Robinson foi o único candidato a governador que rejeitou o convite, optando por não ter apresentado, por consequência, qualquer proposta em prol do ensino superior estadual.

Francisco Carlos, que cumpre o segundo mandato de vereador em Mossoró e é professor doutor da Uern, faz uma avaliação da série de sabatinas com os candidatos a governador, afirmando que a iniciativa foi opositiva, apesar de o Governo ter optado pela ausência. Francisco Carlos tomou o Cafezinho com César Santos.

 

O GOVERNADOR Robinson Faria foi o único candidato que não aceitou debater o futuro da Uern. Qual avaliação o senhor faz dessa postura do governador?

LAMENTÁVEL. A ausência do governador nas sabatinas reforça a imagem construída por seu governo, marcada pelo descaso e desrespeito à instituição universitária. Participando, o governador não teria nada a perder. No espaço das sabatinas, sobre um tema definido, com perguntas previamente elaboradas e sorteadas, o governador teria tido uma hora para justificar suas atitudes em relação à Uern e para apresentar novas propostas. Sem contestação ou manifestação de plateias, faria sua mensagem alcançar quase todo o RN, já que as sabatinas foram transmitidas ao vivo por duas televisões (Cidade Oeste e TV Câmara), cinco emissoras de rádio, além do Facebook e Instagram. A TV Terra do Sal, embora não transmitindo, fez cobertura diária. O JORNAL DE FATO ofereceu generosos espaços para a causa universitária. Do ponto de vista político e eleitoral, não é compreensível que um candidato abra mão de uma oportunidade como essa.

QUAL peso tem para a Uern o fato de o governador do Estado não ter aceitado o debate sobre a instituição e o ensino superior público?

ELE é o governador, conduz a gestão do Estado há quase quatro anos. A Frente Parlamentar e Popular, formada por dezenas de entidades representativas da sociedade potiguar, nela inclusa toda a comunidade universidade, esperava ouvir explicações, esclarecimentos e as intenções do governador enquanto candidato a reeleição. A sua ausência, contudo, embora lamentada, foi muito bem preenchida por um debate protagonizado por representantes da Reitoria, Aduern, DCE, Sintauern e Fórum de Diretores. O governador perdeu, ao não ter utilizado o espaço facultado.

 

O GOVERNADOR, através de assessores, justificou a ausência na sabatina, dizendo que sempre foi hostilizado pelos segmentos que fazem a Uern, numa referência clara aos professores e técnicos administrativos. Essa reclamação procede?

NÃO procede. Primeiro, porque o governador não foi sempre hostilizado pela Uern, que se apresentou para ele como uma parceira interessada em apoiar e contribuir para o sucesso das políticas públicas. Segundo, porque os sindicatos que representam as categorias da Uern possuem uma forma própria e legítima de atuar em defesa dos servidores que representam. Por isso, não é correto alegar esse incômodo. Além do mais, os segmentos internos da Uern, embora participando e apoiando a iniciativa, participam de uma frente suprapartidária, juntamente com dezenas de entidades. Não havia motivo para não ter atendido o convite de dezenas de entidades, devido à atuação legítima das entidades que representam os servidores uernianos.

 

NÃO há dúvida que a ausência do governador, que é o chanceler da universidade, deixou a sabatina com os candidatos a governador incompleta. Mas, pode ser dito que a iniciativa da Frente Parlamentar e Popular em Defesa da Uern cumpriu a sua finalidade?

CUMPRIU totalmente. Por diversos motivos. Primeiro, uniu os segmentos internos em nome de uma causa comum: a promoção e defesa da educação e do ensino superior público e gratuito. Segundo, porque evidenciou que a sociedade potiguar entende e reconhece a importância da instituição universitária mantida pelo Governo do Estado. Terceiro, porque os defensores da Uern posicionaram a universidade no contexto político-eleitoral, e obtendo o compromisso dos principais candidatos ao Governo do Estado e de dezenas de candidatos ao Parlamento. Inclusive, não vamos parar nosso movimento. Nesta semana, vamos lançar a campanha “Eu Voto em Quem Defende a Uern”, elaborada por professores e alunos do Departamento de Comunicação da Uern. Se alguns poucos setores da elite econômica, política e burocrata potiguar não reconhecem a Uern pela importância e imperiosa necessidade dos serviços que ela oferece, haverá de reconhecer pelo peso político-eleitoral que o povo potiguar lhe concede.

É POSSÍVEL acreditar que os compromissos assumidos pelos candidatos sairão do papel no futuro governo?

É NECESSÁRIO ter esses compromissos e acreditar no cumprimento dos compromissos. É o que uma campanha política oportuniza. Ao declarar, de diferentes formas, compromisso com a pauta da universidade do Estado, os candidatos que participaram das sabatinas sabem que poderão ser cobrados, caso queiram descumpri-los. Caberá ao povo potiguar reconhecer e aplaudir quem honre a palavra declarada ou escrita, ou denunciar o contrário.

 

A UERN está comemorando 50 anos neste mês de setembro. São cinco décadas de luta, com conquistas importantes, porém a instituição ainda sofre a ameaça de setores da elite do RN que não reconhecem a sua importância. Como a Uern deve ser protegida e qual apelo o senhor faz à sociedade?

EDUCAÇÃO deveria ser objeto de discussão em todos os públicos e privados espaços da sociedade. Nos espaços presenciais e virtuais das redes sociais. Devemos conversar mais sobre educação do que política, religião e futebol, tão comuns no nosso cotidiano. A educação oferece solução para todos os problemas da sociedade moderna. Saúde, segurança, emprego e a renda, meio ambiente e todas as demais questões econômicas da sociedade. Apelo para que o povo brasileiro abrace firmemente a educação como único caminho acessível e viável para suas principais angústias e preocupações humanas.

O FATO de a Uern ter sido criada em Mossoró, fincada na história de luta dos mossoroenses, ter o campus central na cidade do interior explica os ataques que a instituição sofre de setores da elite da capital?

ISSO é não apenas possível como provável. Receio que a elite econômica, política e burocrática potiguar seria mais reticente ao diminuir a importância e necessidade da Uern, caso sua origem tivesse acontecido na capital do estado e fosse lá onde estivesse a maioria dos seus servidores e alunos.

 

POR fim, o que senhor espera do futuro governador em relação à Universidade do Estado do Rio Grande do Norte?

QUE o futuro governo garanta os meios materiais necessários ao bom funcionamento da instituição universitária, que lhe assegure espaços nas estruturas de poder (Secretaria de Educação, Fapern e Conselho de Educação), que requisite seus serviços, que não contrate serviços privados que podem ser feitos com qualidade e melhor preço pela Uern, que possui uma fonte de financiamento mais frágil, mas também pelas demais universidades públicas. Espero respeito para os alunos, professores e técnicos da universidade. Defendo e votarei em nome disso.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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