Sexta-Feira, 26 de abril de 2024

Postado às 09h15 | 19 Set 2018 | Coluna César Santos - 19 de setembro

Crédito da foto: Reprodução Moura é o vice na chapa do candidato Jair Bolsonaro

Ê MOURÃO

O general Hamilton Mourão, vice na chapa de Jair Bolsonaro, inovou. Passou a dar preconceitos em cachos. Numa frase, ofendeu simultaneamente três nichos sociais capazes de fazer a glória ou o infortúnio de uma chapa presidencial: mulheres e gays em particular, pobres em geral. O número dois da chapa de Bolsonaro discorria numa palestra sobre a importância da preservação do núcleo das famílias. Para ele, há uma crise de costumes no mundo. Queixou-se da dissolução familiar provocada por agendas particulares que tentam impor ao conjunto da sociedade. Parecia referir-se à união entre casais do mesmo sexo.

Sobre o Brasil, Mourão sapecou: “A partir do momento em que a família é dissociada, surgem os problemas sociais. Atacam eminentemente nas áreas carentes, onde não há pai e avô; é mãe e avó. E, por isso, torna-se realmente uma fábrica de elementos desajustados que tendem a ingressar nessas narcoquadrilhas.”

Famílias heterodoxas existem em todos os estratos sociais. Supor que só as carentes dão defeito é demofobia (pode me chamar de aversão ao povo). Nos programas sociais, o dinheiro e o título de propriedade são repassados sempre às mulheres, pois são elas o esteio da maioria das famílias. Imaginar que pais e avôs são melhores que mães e avós é machismo sem causa.

De resto, tratar famílias pobres e heterodoxas como usinas de marginais é uma desinformação homofóbica que não recomenda um candidato à vice-presidência do país. A “fábrica de elementos desajustados” está nas residências abastadas, não está nos lares pobres – sejam eles comandados por mulheres ou homens, gays ou héteros.

Por que existe o narcotráfico?, eis a pergunta singela que o general Mourão deveria fazer aos seus botões. O tráfico existe porque há um mercado consumidor, eis a resposta óbvia. Vende-se cocaína no Brasil porque há quem a aspire. Vende-se muita cocaína, porque há quem tenha dinheiro para sorvê-la em grandes quantidades. A meninada das comunidades pobres vira “avião” de traficante porque mamãe, vovó, papai e vovô são abandonadas à própria sorte pelo Estado, incapaz de prover o básico: educação, segurança e emprego. A tese de que famílias da periferia não conseguem cuidar dos filhos é prima-irmã da máxima segundo a qual pobre não sabe votar. Graças a essa premissa, o país foi governado por cinco generais escolhidos sem a interferência popular. Deu no que está dando.

Não há o que acrescentar no comentário preciso do jornalista Josias de Souza.

 

FRASE

"Não há nenhum caso de fraude em 22 anos de urna eletrônica."

ROSA WEBER – Presidente do TSE, rebatendo insinuação do candidato Bolsonaro sobre a urna eletrônica.

 

O MURO

 Há 10 anos, o então presidente Lula (PT) desembarcava em Mossoró para fazer pedido para Larissa Rosado (PSDB) à Prefeitura de Mossoró. Como veio no avião oficial, bancado pelo bolso do contribuinte, foi preciso criar uma agenda oficial, com a inauguração do muro da antiga Esam, transformada em Ufersa. Na comitiva, Fernando Haddad (PT), hoje candidato a presidente da República.

 

FAKE NEWS

 A Secretaria de Mobilidade Urbana avisa que a fiscalização do trânsito por videomonitoramento não iniciará agora. O sistema ainda está em fase de implantação, devendo ficar pronto em 90 dias. Portanto, notícias que vêm circulando nas redes sociais não são verdadeiras e têm a intenção de confundir as pessoas. Outros interesses, imorais (eleitorais), também estão por trás da turma que vende tal informação.

 

EU PROMETO

 O candidato a presidente Ciro Gomes (PDT) está caprichando na tinta das promessas. Diz que, se eleito, vai pagar o 14° salário para o servidor da saúde, tirar os brasileiros endividados do Serasa e criar 2 milhões de empregos no primeiro ano de gestão. É muita tinta.

 

E O GOLPE?

 E Fernando Haddad, hein? Na passagem pelas Alagoas, recebendo o apoio de Renan e Renanzinho, do MDB de Michel Temer, o petista deixou no bisaco o discurso do "golpe" e discurso alto e bom som: "Os Calheiros são amigos da democracia." É a política brasileira do que jeito que ela é.

 

SILÊNCIO

 A Assembleia Legislativa não deu uma notinha sobre a prisão da chefe de Gabinete do presidente Ezequiel Ferreira (PSDB). Fez voto de silêncio. Ezequiel, também. E o povo que teve o dinheiro surrupiado pelos "fantasmas", como fica?

 

UERN

 A noite dos 50 anos da Uern, dia 28 deste mês, terá apresentação especial do Auto da Liberdade, no Teatro Municipal Dix-huit Rosado. A Prefeitura ofereceu a apresentação para coroar os festejos da universidade.

 

 É NOTÍCIA

1 - Nesta data, em 1956, era sancionada lei que autorizava o presidente Juscelino Kubitschek a transferir a capital do país para Brasília, criando a Novacap. A UDN foi contra.

2 - A Caern suspendeu, mais uma vez, o abastecimento de água nos municípios de Triunfo Potiguar, Paraú, Campo Grande, Janduís, Messias Targino e Patu. A companhia diz que é para mudar as posições de bombas que captam água, via adutora Médio Oeste.

3 - A bandeira vermelha na tarifa de energia elétrica vai tremular até dezembro, para desespero do consumidor. São R$ 5,00 a mais a cada 100 quilowatts-hora consumidos.

4 - As eleições no Rio Grande do Norte terão 12.300 agentes de segurança entre policiais e integrantes das Forças Armadas. Mossoró é uma das cidades que receberão reforço especial.

5 - O candidato a presidente João Amoêdo, do Novo, fará campanha hoje em Natal. Às 17h, receberá jornalistas para entrevista coletiva na Arena das Dunas. Depois, sairá para abraçar o eleitor.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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