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Postado às 12h15 | 08 Nov 2018 | 'Mensalinho' na Assembleia Legislativa desviou R$ 54 milhões

Crédito da foto: Tomaz Silva/Agência Brasil Polícia Federal desenvolve hoje no Rio a operação Furna da Onça, um desdobramento da Operação Cadeia Velha

Do G1 - Rio

O esquema de compra e venda de votos na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) movimentou ao menos R$ 54 milhões, segundo informou o superintendente da Polícia Federal, Ricardo Saadi. A declaração foi dada em entrevista coletiva nesta quinta-feira (8), após a deflagração da Operação Furna da Onça, que investiga o que o Ministério Público Federal chama de "mensalinho" da Alerj. Os valores chegavam a R$ 900 mil.

A investida cumpriu, até as 11h, 20 de 22 mandados de prisão - mas três já estavam presos há um ano, quando da Operação Cadeia Velha. Dos demais 17, dez são deputados estaduais, cinco deles reeleitos.

Também foi alvo da operação o secretário estadual de Governo, Affonso Monnerat, apontado como o canal entre Alerj e Palácio Guanabara - o governador, Luiz Fernando Pezão, não é investigado.

Estão foragidos o presidente do Detran, Leonardo Jacob, e seu antecessor, Vinícius Farah, em cujas gestões, segundo a força-tarefa, lotearam-se cargos como parte das vantagens indevidas.

Houve ainda 47 mandados de busca e apreensão - um foi na Alerj, no prédio anexo; outro no Palácio Guanabara, sede do governo estadual.

O nome da operação é referência a uma sala ao lado do plenário da Alerj onde deputados se reúnem para discussões reservadas antes de votações.

Alvos:

PODER EXECUTIVO

Affonso Monnerat, secretário estadual de Governo, preso nesta quinta;

Leonardo Jacob, presidente do Detran, foragido;

Vinícius Farah (MDB), ex-presidente do Detran, eleito deputado federal, foragido (defesa diz que ele vai se apresentar).

 

PODER LEGISLATIVO

André Correa (DEM), deputado estadual reeleito e ex-secretário estadual de Meio Ambiente, preso nesta quinta;

Chiquinho da Mangueira (PSC), deputado estadual reeleito e presidente da escola de samba, preso nesta quinta;

Coronel Jairo (MDB), deputado estadual não reeleito, preso nesta quinta;

Edson Albertassi (MDB), deputado afastado - já preso em Bangu;

Jorge Picciani (MDB), deputado afastado - já em prisão domiciliar;

Luiz Martins (PDT), deputado estadual reeleito, preso nesta quinta;

Marcelo Simão (PP), deputado estadual não reeleito, preso nesta quinta;

Marcos Abrahão (Avante), deputado estadual reeleito, preso nesta quinta;

Marcus Vinícius Neskau (PTB), deputado estadual reeleito, preso nesta quinta;

Paulo Melo (MDB), deputado afastado - já preso em Bangu;

 

ASSESSORES E AUXILIARES

Alcione Chaffin Andrade Fabri, chefe de gabinete e operadora financeira de Marcos Abrahão - presa nesta quinta;

Daniel Marcos Barbiratto de Almeida, enteado e operador financeiro de Luiz Martins - preso nesta quinta;

Jennifer Souza da Silva, empregada do Grupo Facility/Prol, vinculada a Paulo Melo - preso nesta quinta;

Jorge Luis de Oliveira Fernandes, assessor e operador financeiro de Coronel Jairo - preso nesta quinta;

José Antonio Wermelinger Machado, ex-chefe de gabinete e principal operador financeiro de André Corrêa - preso nesta quinta;

Leonardo Mendonça Andrade, assessor e operador financeiro de Marcos Abrahão - preso nesta quinta;

Magno Cezar Motta, assessor e operador financeiro de Paulo Melo - preso nesta quinta;

Shirlei Aparecida Martins Silva, ex-chefe de gabinete de Edson Albertassi e subsecretária dos Programas Sociais da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento Social - preso nesta quinta.

Carla Adriana Pereira, assessora de registros do Detran – presa nesta quinta.

 

SOBREPREÇO

De acordo com as investigações, a organização criminosa, chefiada pelo ex-governador Sérgio Cabral, pagava propina a vários deputados estaduais, a fim de que patrocinassem interesses do grupo criminoso na Alerj. Loteamento de cargos no Detran era outra forma de "agrado".

A força-tarefa afirma que o esquema continuou mesmo após as operações do ano passado, quando Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi foram presos.

“Estima-se que o valor desviado e pago em propina seja de, pelo menos, R$ 54,5 milhões, dos quais uma parte foi financiada pelo sobrepreço de alguns contratos”, afirmou Ricardo Saadi, superintendente da Polícia Federal.

Procurador-regional da República, Carlos Aguiar explicou que cargos públicos foram dados como moeda de troca, e citou “propinolândia” na Alerj.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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