Sábado, 20 de abril de 2024

Postado às 20h00 | 23 Dez 2018 | Coronel Hélio: "PSL entende que o País precisa voltar aos trilhos"

Crédito da foto: Marcos Garcia/JORNAL DE FATO Coronel Hélio Imbrósio é presidente da Executiva Estadual do PSL do Rio Grande do Norte

O coronel Hélio Imbrósio Oliveira está há um mês no comando do PSL do Rio Grande do Norte, com a missão de fortalecer o partido do presidente eleito Jair Bolsonaro em todo o estado. Ao receber o bastão do brigadeiro Carlos Eduardo, que presidia a sigla no RN, Hélio Imbrósio decidiu, como um idealista assumido, trabalhar para o seu partido ajudar o cidadão potiguar ter uma vida melhor.

Nascido no Rio de Janeiro, em 1964, mas radicado no RN, casado com caicoense Sydia Félix e pai da menina Luana, Hélio Imbrósio acredita ser possível construir um novo momento a partir do governo Bolsonaro e aposta que o presidente eleito cumprirá o que prometeu ao cidadão brasileiro: “Menos Brasília, mais Brasil”, reforça o coronel.

Coronel aviador das Forças Armadas e analista de sistema pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Hélio Imbrósio diz que chegou a hora de “retribuir à sociedade tudo que a sociedade me deu”.

Na tarde de sexta-feira, 21, o presidente do PSL do Rio Grande do Norte tomou o “Cafezinho com César Santos” na sede do JORNAL DE FATO em Mossoró. Foi uma conversa longa sobre política e o futuro do Brasil e do Rio Grande do Norte, que rendeu a entrevista que segue:

O PSL do Rio Grande do Norte elegeu um deputado federal e um deputado estadual nas eleições deste ano, mas muito pela onda Bolsonaro do que pelo histórico da sigla no estado. Aliás, o PSL sequer tinha uma identidade no RN. Agora, com esse novo momento, entende-se que é preciso dar uma nova cara ao partido?

O PSL do Rio Grande do Norte era uma caixinha de fósforo comparado dentro do contexto nacional representado por Jair Bolsonaro. O nome de Bolsonaro vinha, na verdade, rebocando a sigla não só no nosso estado, mas em todo o país. A sigla era muita desconhecida e estava praticamente desativada antes de Bolsonaro se filiar e assumir a legenda. Dentro deste contexto, nós caminhamos no estado, aproveitando não somente a força do Bolsonaro que vem do povo, na vontade de mudança, e estamos reestruturando o partido.

 

QUAIS os critérios que o novo PSL vai usar para se fortalecer no RN?

OS DIRIGENTES das futuras comissões municipais, que estarão assumindo as responsabilidades locais, terão o perfil daqueles que muito antes entenderam que era preciso fazer a mudança em nosso país. Essas pessoas foram às ruas e mostraram o desejo da mudança. Os novos dirigentes terão essa cara, representarão o sentimento dos militantes que lutaram pelos ideias que o país deseja e quer ver com o futuro governo Bolsonaro.

 

É FATO que o brasileiro não suporta mais a maneira de se fazer política no país, castigado por seguidos casos de corrupção. Essa é a linha de pensamento para fazer o PSL crescer como partido?

O PSL entende que o Brasil precisa voltar aos trilhos de um país sério e desenvolvido. Não é possível um país com tanta riqueza e tanta desigualdade. Isso não é justo. Isso é concentração demasiada de riqueza nas mãos de poucos. E a classe política no meio tentando se beneficiar desse bolo enorme, dessa riqueza do Brasil. Então, nós brigamos, sim, não só pelo combate à corrupção, mas também para que a sociedade tenha mais oportunidade em desfrutar da riqueza da nossa nação, que é muito grande.

O DEPUTADO federal general Eliéser Girão defende a extinção de partidos cujos dirigentes estejam envolvidos em crimes como corrupção e caixa dois. O PSL vai sustentar essa bandeira?

NÓS temos uma Constituição Federal que rege os princípios da nossa nação. O PSL não vai contra qualquer cláusula da Constituição. Ela será sempre o balizamento das nossas ações enquanto for a Carta Magna da nação. Então, sobre a extinção ou não de partidos, se for previsto em lei e o momento for oportuno, nós iremos pensar sobre a pauta.

 

MAS, defender o impeachment de ministro do Supremo Tribunal Federal, como fez o general Girão, não faz o discurso da ética e moralidade ultrapassar o limite do bom senso. Ou senhor não acha que esse discurso corre o risco de passar do limite?

CORRE, mas veja só: o general Girão defendeu o impeachment de ministros que estavam, de forma sorrateira, na calada da noite, tomando decisões absurdas, como aconteceu agora com o ministro Marco Aurélio Mello. Ele, isoladamente, no penúltimo dia para o recesso judiciário, de forma autocrática, toma uma decisão contrariando o que havia sido definido pelo Pleno do STF (mandou soltar os presos condenados em segunda instância, o que beneficiaria o ex-presidente Lula). Então, o que está sendo contundente não é o general Girão, mas sim o próprio Supremo Tribunal Federal, que tem assumido protagonismo de ir contra todas as decisões que são tomadas dentro do próprio STF.

 

A OPOSIÇÃO ao presidente eleito Jair Bolsonaro diz que é uma temeridade o futuro governo ser composto por maior número de militares desde o fim da ditadura em 1985. O brasileiro tem motivo para preocupação?

SE OBSERVAR em termos de popularidade das Forças Armadas, que hoje goza acima de 80% de aprovação junto à população brasileira, não é esse o sentimento de preocupação. Porém, mesmo a população tendo apreço às Forças Armadas, entendemos que é preciso dar respostas positivas. Essa composição mista entre militares e civis dentro de um parlamento, que para nós o que importa são os princípios éticos e morais. Então, se houve dentro do governo, dentro do Congresso Nacional homens e mulheres de valor, civis ou militares, acho que a sociedade estará satisfeita e se sentirá bem representada.

HÁ UM sentimento de discriminação em relação aos militares?

QUANDO a história é contada por perdedores, ela é distorcida. Foi o que aconteceu. Nós até hoje não temos uma apuração concreta dos fatos que ocorreram na época. Só um lado conta a história. A gente costuma comentar que a Comissão da Verdade é uma comissão parcial. Porém, voltando à pergunta se a sociedade é temerária ou não à assunção dos militares ao Poder, eu acredito que isso já passou. Hoje, nós temos as instituições bem ou mal funcionando, e poderiam estar mais fortalecidas. O importante é que o país não precisa mais da necessidade da tutela, como bem disse o general Villas Bôas, haja vista o resultado das urnas. O grito das urnas já demonstrou que as eleições deste ano foram feitas pelas pessoas que realmente queriam a mudança. As pessoas foram às ruas, foram brigar, foram às urnas votar por essa mudança. Então, a população hoje não precisa mais ser tutelada como no passado remoto.

 

O PSL elegeu a segunda maior bancada à Câmara dos Deputados, mesmo assim, ainda não colocou o seu DNA no time de ministros do futuro presidente Jair Bolsonaro. Há, em Brasília, ruídos de que o partido está insatisfeito com o tratamento dado por Bolsonaro. Como vai ser o relacionamento do PSL com o futuro governo?

VAI ser uma relação muito amistosa como tem sido até aqui. Eu já estive em Brasília três vezes nestes últimos quinze dias, junto com a equipe de transição, acompanhando o nosso deputado general Girão, e o que se observa é que há uma harmonia plena entre nós do partido e os ministros escolhidos. Jair Messias Bolsonaro saiu de um índice de confiança de 56% para 75%, conforme a última pesquisa divulgada, e ele ainda não colocou o pé no governo; ainda está no período de transição. Ou seja, as ações que ele tem tomado têm recebido o reconhecimento da população, principalmente em relação à escolha dos ministros. Os deputados e senadores eleitos pelo PSL estão entendendo que a condução tem que ser feita de forma muita tranquila, que nós não estamos mais na velha política de querer brigar por cargos, querer brigar por posições, porque os nossos objetivos são outros, são projetos nacionais de recuperação da nação.

 

VAMOS voltar para o PSL do Rio Grande do Norte. O partido, não resta dúvida, saiu vitorioso das urnas com a eleição de um deputado federal e outro estadual. Está em novo cenário em nível estadual. Isso significa que o PSL vai disputar as eleições de 2020 para eleger prefeitos nas maiores cidades do estado, por exemplo?

É UM desejo de todo partido, principalmente de quem tem um presidente da República, querer mostrar projeção de poder. É natural que isso ocorra. É um anseio da sociedade que o PSL esteja presente nos diversos municípios. Nós estamos sendo projetados, impulsionados, pelos apoiadores da campanha que trabalham em prol das eleições do presidente Bolsonaro, do nosso federal, do nosso estadual, e agora não abrem mão de o PSL em 2020 lançar candidatos às Prefeituras e às Câmaras Municipais. Uma coisa eu afirmo: o PSL estará presente nos 167 municípios do Rio Grande do Norte. Isso é um planejamento estratégico que nós já estamos traçando, assim como projetamos para a campanha eleitoral de 2018. Eu diria que estamos no terceiro turno, ainda não paramos, e assim continuaremos até que esteja consolidada em todos os municípios a presença do PSL.

COMO vai ser a ocupação de cargos do Governo Federal no RN pelo PSL?

NÓS já apresentamos as nossas posições junto aos diversos ministérios. Falamos da importância desses cargos para que a governança federal se faça presente na ponta dos municípios. Dentro da política governamental, do plano de governo de Jair Messias Bolsonaro, onde ele fala que nós teremos menos Brasília e mais Brasil, nós entendemos que isso se fala na vida onde estão os brasileiros, que são os municípios. Então, os programas federais que atendem a ponta da linha, que são os municípios, estão inseridos nos cargos que nós estamos tratando com muita cautela junto aos ministérios.

 

COMO o senhor prevê que será a relação do PSL com o governo do PT da governadora eleita Fátima Bezerra no Rio Grande do Norte?

NÓS não estamos mais na velha política; é preciso entender que o momento agora é para pensar qual é a nossa finalidade. A política foi criada há três mil anos, quando nós tínhamos a política sendo uma forma de fazer o bem comum. Então, nós estaremos atentos, vigilantes, para que tudo que ocorra dentro do estado seja feito em prol daqueles que mais necessitam. Se o governo tiver bons projetos, por que não apoiar? Agora, estaremos atentos para que o Governo local não boicote o Governo Federal, porque a população não merece esse tipo de boicote, haja vista que nós temos que pensar nas pessoas e não no projeto de poder de partidos.

PSL e PT têm uma relação política conflituosa, isso é fato. Mas, para quebrar esse cenário no RN, quem deve dar o primeiro passo? O PSL ou a governadora Fátima Bezerra?

A GOVERNADORA já deu o passo dela. E foi um passo para trás. Juntou-se com os governadores eleitos dos estados do Nordeste e não foi para a reunião com o presidente Bolsonaro. Que situação que nós temos, Nordeste se posiciona em grupo e coloca um muro contra o Governo Federal, um governo legitimamente eleito. Que democracia é essa? Estamos onde? Pensando em quem?

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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