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Postado às 11h00 | 26 Jan 2019 | Coluna César Santos - 26 de janeiro

Crédito da foto: Reprodução/InterTV Cabugi Pacientes no corredor do Hospital Deoclécio Marques, em Parnamirim

SAÚDE É DIREITO DE TODOS E DEVER DO ESTADO

O cenário é de campo de guerra. Pessoas com pernas e braços quebrados, cabeças enfaixadas, macas espalhadas, cadeiras de rodas e camas improvisadas (de papelão) no chão. As imagens, gravadas com o celular, exibem o sofrimento de pessoas pobres no corredor do Hospital Deoclécio Marques, na cidade de Parnamirim, na região Metropolitana de Natal. São pacientes à espera de cirurgias.

A reportagem do portal de notícias G1-RN mostra mais de 100 pacientes em situação desumana, como o pedreiro Francisco Sales que está no hospital há uma semana à espera de uma cirurgia no pé. Sem condições de pagar a assistência particular, ele passa o dia na cadeira de rodas e, na hora de dormir, divide um cantinho do chão com outros pacientes.

Seu Francisco, diferente do Estado que não se penaliza com a situação de quem sofre por saúde, abriu mão da maca e passou para outro paciente que está pior que ele.

Dona Maria de Lourdes é outra que sofre no Deoclécio Marques, assim como a autônoma Fátima Régis que quebrou a perna ao sofrer uma queda e está esperando por atendimento há três semanas. "Desprezada. Isso não é para ninguém ficar. Nem eu nem qualquer um dos que estão aqui", desabafa.

O mais grave é que o Governo do Estado não tem qualquer previsão de quando resolverá o grave problema de quem está na fila das cirurgias eletivas ortopédicas. Levantamento feito pela Secretaria de Saúde (SESAP-RN), pelo menos 6 mil pessoas esperam o atendimento nos hospitais públicos do Rio Grande do Norte.

O governo alega que um dos motivos dessa espera é uma dívida de aproximadamente R$ 20 milhões com a rede credenciada. Os prestadores de serviço realizam as cirurgias que são encaminhadas pelos hospitais públicos que atendem urgências e emergências. Sem perspectiva de receber os pagamentos atrasados na gestão passada e sem o aceno do atual governo para negociar as dívidas, a rede credenciada suspendeu o atendimento ou reduziu a carga de trabalho.

É o que acontece em Mossoró. As cirurgias eletivas no âmbito da rede municipal foram suspensas há mais de um ano. A rede credenciada interrompeu a prestação de serviço em protesto ao atraso de pagamento. O município alega que faltou recursos e que o Estado não paga a contrapartida desde 2018. Nesta semana, a secretária de Saúde, enfermeira Saudade Azevedo, informou que a Prefeitura está negociando as dívidas com a rede credenciada e que espera retomar as cirurgias ortopédicas no mês de fevereiro.

É inacreditável que o cidadão seja obrigado a passar por situação tão deplorável e que o Estado se mostre incompetente para garantir um direito básico e consagrado pela Carta Magna do País: Saúde é direito de todos e dever do Estado.

 

FRASE

Estamos desprezados.
Isso não é para
ninguém ficar."

FÁTIMA RÉGIS - Autônoma que está com a perna quebrada na fila de hospital à espera de cirurgia.

 

OPORTUNIDADE

A AeC lançou processo seletivo para preencher 450 vagas de atendimento em telemarketing. Os interessados devem realizar a avaliação online pelo site: queroser.aec.com.br. Se for aprovado nessa etapa,  deve comparecer à empresa para dar continuidade ao processo seletivo. A seleção vai até a próxima quinta-feira, 31 de janeiro. A contratação será imediata após treinamento.

 

BOMBA

Os proprietários de postos de Mossoró têm um prazo de cinco dias para explicarem os preços de combustíveis praticados pela rede. O Procon quer saber, atendendo reclamações dos consumidores, o motivo do alto preço e praticamente igual nas bombas de todos os postos. O Procon foi provocado por uma série de denúncias, que apontam a existência de cartel no comércio local.

 

DESCANDO NA EUROPA

A presidente da Câmara de Mossoró, Izabel Montenegro (MDB), embarcou para a Europa. No velho continente, espera a paz por duas semanas. Bem longe do chafurdo nos corredores do Palácio Rodolfo Fernandes. Espera encontrar outro clima no seu retorno. Antes de embarcar, Izabel transmitiu o cargo de presidente para o vereador Flavinho Tácito (PPL), o vice.

 

BLOQUEIOS

A Justiça determinou o bloqueio de bens de Rosalba Ciarlini (PP) e de R$ 6,3 milhões de Robinson Faria (PSD). Rosalba rebateu, em  nota, afirmando que foi excluída do processo em questão. Já Robinson mergulhou e não falou da sua situação.

 

SAÚDE CARA

Nos corredores da Secretaria de Saúde do RN, é dado como certo o fechamento do Hospital Ruy Pereira, antigo ITORN. O governo quer se livrar de um aluguel mensal de R$ 200 mil. Os pacientes seriam levados para um anexo no Hospital da Polícia, que está em construção.

 

O QUE É COMPANHEIRO

Petistas grudados no Fórum dos Servidores tentam impedir a greve do pessoal da saúde.  A base do convencimento não dará certo. A categoria está com "sangue nos olhos" devido ao governo não ter acenado para pagar os salários atrasados. A greve começa dia 5 que vem.

 

É NOTÍCIA

1 - A bandeira tarifária de energia seguirá verde em fevereiro, ou seja, sem custo extra para os consumidores. A bandeira foi mantida apesar de janeiro ter apresentado um volume menor de chuvas.

2 - Três anos após o rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, que matou 19 pessoas, outro desastre abala Minas Gerais e o Brasil. O rompimento da barragem do Vale, em Brumadinho, deixou  cerca de 200 desaparecidos, nesta sexta-feira, 25.

3 - Estudantes transexuais e transgêneros poderão usar nomes sociais em escolas do Rio Grande do Norte. Portaria da Secretaria de Educação garante o acesso de quem requerer esse direito.

4 - A Prefeitura de Mossoró vai abrir processo seletivo na área da saúde. Vai contratar médicos generalistas e especialistas. Uma comissão foi instituída para conduzir o processo.

5 - O capitão Styvenson Valentim (REDE), eleito e diplomado senador, usou as redes sociais para dizer que é contra o voto secreto nas eleições para presidente do Senado. Quer voto aberto.

 

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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