Sexta-Feira, 26 de abril de 2024

Postado às 06h30 | 03 Mar 2019 | Coluna César Santos - 3 de março

Crédito da foto: Ilustração Quadro de servidores é bem crítico no Rio Grande do Norte

VAI PIORAR

Tem um provérbio inglês, transformado em máxima pelos brasileiros menos esperançosos, que diz: “Não há nada tão ruim que não possa piorar.” Se aplicado no dia a dia – e parece ser o caso –, reflete o desespero que toma conta de uma porção imensa.

No Rio Grande do Norte, o ditado popular se encaixa como uma luva, diante da mais grave crise fiscal e financeira que arrasa o Estado, isso porque a situação caminha para ficar ainda pior.

A previsão negativa – e bote negativa – foi apresentada pelo subsecretário de Recursos Humanos do Governo do Estado, José Ediran Magalhães, ao ter afirmado que o débito de quase R$ 1 bilhão com salários atrasados pode se tornar impagável com a demanda reprimida de promoções e implementação de planos, cargos e carreiras dos servidores públicos.

Segundo Magalhães, se levado a termo, pode onerar a folha de pagamento em 65,34%. O valor subiria dos atuais R$ 490,75 milhões para R$ 811,48 milhões. Ora, se o Estado não tem condições de honrar a folha atual, com atrasos de pagamento que vêm desde 2016, não teria dinheiro para pagar a demanda reprimida de mais de R$ 320 milhões.

Para o leitor entender como a “bomba-relógio” foi fabricada, é preciso voltar ao tempo. No final da gestão Wilma de Faria/Iberê Ferreira (falecidos), o governo aprovou, a toque de caixa, devidamente respaldado pela Assembleia Legislativa, 14 planos de cargos, carreira e salários (PCCSs) e transferiu para os governos seguintes a responsabilidade de implantá-los, sem ter qualquer previsão orçamentária favorável. Logo, os sucessores não cumpririam a missão, por ser impossível.

A batata quente caiu no colo da ex-governadora Rosalba Ciarlini (PP), que sucedeu Wilma/Iberê; depois foi transferida para o ex-governador Robinson Faria (PSD); e agora está nas mãos da governadora Fátima Bezerra (PT). Por ironia, Fátima, na época ao lado dos servidores públicos, lutou pela aprovação dos PCCSs, ressaltando que os pleitos dos barnabés eram justos, como de fato eram. Agora, não teve o zelo de observar que o Estado não teria condições de pagar.

Foi o que disse Magalhães, auxiliar da atual governadora. Abre aspas: Todos os pleitos são justos, mas não temos dinheiro para pagar uma folha de R$ 490 milhões, quiçá a demanda reprimida de R$ 320 milhões. Fecha aspas.

Pois bem...

Brincaram com o Rio Grande do Norte nos últimos tempos. Os governadores que não tiveram a coragem de enfrentar a crise como deveriam enfrentar e que liberam bondades em períodos eleitorais pensando exclusivamente no voto. A mesma responsabilidade tem a Assembleia Legislativa, que aprovou tudo a toque de caixa, sem o mínimo zelo com o Estado. E a própria oposição, que conduziu batalhas, usando o grito do servidor público necessitado, para aprovar armadilhas contra o gestor do momento, sem levar em conta que era ruim para o RN.

Portanto, não há nada tão ruim que não possa piorar. Que Deus tenha piedade de nós.

 

FRASE

"Se não temos dinheiro para pagar a folha atual, quiçá a demanda reprimida de R$ 320 milhões."

JOSÉ EDIRAN MAGALHÃES – Subsecretário de Recursos Humanos do RN.

 

PARALISAÇÃO

 Os agentes da Polícia Civil querem a palavra da governadora Fátima Bezerra (PT) de que não haverá perda salarial na resolução da ação judicial que visa a retirada dos adicionais por tempo de serviço (ADTS) da categoria. Como até aqui a governadora não se pronunciou, os policiais e escrivães vão paralisar as atividades na sexta-feira, 13. Eles esperam uma posição.

 

IMPEACHMENT

 O deputado federal General Girão (PSL) ingressou com pedido de impeachment de quase metade dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Nas redes sociais, o parlamentar justificou: "Não fomos eleitos para chegar a ver o Congresso ser atropelado. É o que o STF está fazendo conosco, legislando ao invés de julgar. Vamos mostrar agora que o Congresso está fazendo a sua parte."

 

2020 TÁ BEM AÍ

 A prefeita Rosalba Ciarlini (PP) ainda não fala sobre reeleição, mas acelera o ritmo para colocar a gestão nos trilhos da aprovação popular. O volume de obras, mesmo de pequeno valor mas espalhadas em toda a cidade, cria o ambiente para a prefeita manter o contato diário com a população. Ela tem feito isso diariamente.

 

SEGUE

 Já o prefeito Álvaro Dias (MDB), empolgado com o sucesso do carnaval de Natal, falou abertamente que deseja disputar a reeleição em 2020. Porém, disse que ainda é cedo para bater o martelo. Pode ser, mas...

 

SALÁRIOS

 O reajuste salarial dos servidores públicos de Mossoró será votado na primeira sessão da Câmara Municipal após o carnaval, dia 12. Se aprovado, o piso do magistério local será fixado em R$ 3.539,54 (valor do salário inicial) para jornada de 40 horas semanais. Acima do piso nacional (R$ 2.557,74) e do estadual (R$ 2.578,72).

 

UM NÃO QUER

 Dos deputados estaduais de Mossoró, um anunciou que abre mão do 13° salário e do 1/3 de férias implantados na Assembleia Legislativa. Foi Alysson Bezerra (SDD). Já Isolda Dantas (PT) se mantém em silêncio.

 

 É NOTÍCIA

1 - Morreu Cleodon Bezerra, empresário e político de destaque na cidade de Areia Branca. Tinha 77 anos; não resistiu a graves complicações de saúde. Sepultado na Salinésia, sua terra natal.

2 - Há 15 anos, era instalada oficialmente em Mossoró a Delegacia da Polícia Federal. A unidade foi criada através da portaria 1.353/2003 pelo então ministro da Justiça, Márcio Thomás Bastos. O delegado federal Adauto Gomes foi o seu primeiro titular.

3 - O carnaval de Macau se resumiu neste sábado, 2, a paredões ligados e grupos de foliões nas ruas. Por determinação da Justiça, nada de trio elétrico e bandas em palcos. Interditados.

4 - A bola vai rolar em pleno domingo de carnaval. O Potiguar encara o Força e Luz no Frasqueirão, em Natal, para tentar recuperar a liderança do returno do Estadual. Às 15h.

5 - O JORNAL DE FATO voltará a circular após o carnaval, na quinta-feira, 7. A cobertura jornalística do carnaval, o leitor poderá acompanhar pelo portal de notícias www.defato.com. Acesse.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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