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Postado às 10h15 | 08 Mar 2019 | Coluna César Santos - 8 de março

Crédito da foto: Reprodução Dia Internacional da Mulher

MULHER, DO VERBO LUTAR

O dia da mulher, internacionalmente celebrado em 8 de março, funciona como um marco para a visibilidade de diversas lutas travadas ao longo da história, por vezes marcadas com lágrimas, punhos cerrados e sangue.

Mas, a criatura que, de acordo com o filósofo Aristóteles, pode ser definida como um ser sem alma, devendo ser vista como um homem inferior, já superou todas as barreiras de invisibilidade, preconceito, racismo e incriminação?

Dentro do recorte social já vilipendiado do SER mulher, sempre que afunilamos o nicho de inserção, encontramos também o aprofundamento de níveis de opressão, silenciamento e violência. Explico.

A mulher branca, heterossexual, cristã e de classe mais elevada possui um tratamento diferente da mulher negra, indígena, como também da mulher LGBTQ+, da mulher pobre, quiçá se estivermos diante da mulher negra, pobre e sapatão.

Esses marcadores sociais podem ser melhores compreendidos na prática, questionemos: hoje, quantas mulheres possuem cadeira na mais alta corte do judiciário brasileiro? Duas de onze. Quantas delas são negras?

E no Congresso Nacional? Em 2018, foram eleitas 77 mulheres (de 513 vagas) para a Câmara dos Deputados. Dessas, 63 são brancas, oito pardas, cinco negras e apenas uma indígena. Para o Senado, foram eleitas sete mulheres. No total, a bancada feminina ficou com 12 representantes, uma a menos que na legislatura anterior. Nenhuma mulher negra foi eleita.

O recorte social no qual estão inseridas as negras, indígenas, pobres e LGBTQ+ possui um cenário contundente e preocupante de exclusão, que por meio de diversas ações, sem apoio governamental, começa a ecoar uma voz latente. São pessoas que existem, e resistem desde sempre.

No que tange aos aspectos de violência, nos últimos anos, o Brasil passou por avanços significativos como a promulgação da lei do feminicídio, da importunação sexual, a criminalização do registro não autorizado da intimidade sexual, dentre outros. Aliado a isso, tivemos uma difusão bem maior de debates, estes influenciados, organizados e propagados, especialmente, por movimentos sociais, com ênfase a grupos feministas.

O preconceito às feministas, que as resumiam a “mulheres do sovaco cabeludo” deu espaço a múltiplas conscientizações; hoje elas estão nos espaços de poder, representando. Promovendo campanhas, movimentos, intervenções. Um exemplo disso, que ganhou grande notoriedade, foi a campanha “não é não”, criada em 2018 e amplamente difundida no carnaval deste ano.

Contudo, a luta pela visibilidade, por meio de políticas públicas, promulgação de leis, deve ser uma ação constante, o silenciamento ditatorial e secular que menosprezou a figura da mulher deve ser combatido em todos os espaços sociais, especialmente, pela educação.

Estudar gênero, feminismo, representatividade, são formas de empoderar mulheres, e empoderar é fortalecer e proteger.

(Brena Santos - Advogada)

 

FRASE

Democracia e liberdade só existem quando os militares querem."

JAIR BOLSONARO – Presidente do país, em mais uma declaração antipática e polêmica.

 

DOIDO

 Cinco meses após a tentativa de assassinato de Jair Bolsonaro (PSL) aparece um laudo sugerindo que Adélio Bispo, o autor do crime, tem doença mental. O documento assinado pela Polícia Federal diz que o autor confesso do ataque não pode ser punido criminalmente pelo fato. Se o laudo for aceito, Bispo deve ganhar liberdade. E se a loucura dele for matar o presidente, sai da frente.

 

ESTÁ DITO

 Os deputados Kelps Lima e Allyson Bezerra, do Solidariedade, e Coronel Azevedo, do PSL, não querem o 13º salário e abono de férias implantados na Assembleia Legislativa. Vão doar para entidades necessitadas. Dessa forma, no final do ano, o trio somará R$ 516 mil para beneficiar instituições sociais e sem fins lucrativos. Dos três, só Kelps teria direito ao benefício retroativo.

 

TOMOGRAFIA

 Para amenizar o caos instalado com a quebra do tomógrafo, a direção do Hospital Regional Tarcísio Maia tentou contratar exames no Hospital Wilson Rosado, da rede privada. Sem sucesso. Os sócios do HWR recusaram a solicitação em virtude de uma dívida de R$ 370 mil que o Estado tem com o hospital. Tomografias realizadas em 2018, para o Tarcísio Maia, não quitadas até aqui.

 

SÓ EM NATAL

 Sem outra alternativa, ou solução, o Hospital Tarcísio Maia vai transferir pacientes para realizar exames no Hospital Walfredo Gurgel, em Natal. Quando tiver vaga. Retrato do caos no sistema de saúde pública do RN.

 

FRAGILIZADOS

 O fim da obrigatoriedade do imposto sindical fez despencar a receita dos sindicatos de trabalhadores e patrões um ano depois da reforma trabalhista. No RN, as entidades arrecadaram com imposto R$ 1,98 milhão em 2018; queda de 87% em relação ao ano anterior.

 

SEGUE

 Nos sindicatos de trabalhadores, no RN, a contribuição sindical caiu de R$ 11,1 milhões para R$ 967 mil entre 2017 e 2018. O estado tem 230 sindicatos – 161 de trabalhadores e 69 patronal.

 

 É NOTÍCIA

1 - Greve das tecelãs da Cooton (EUA) pela jornada de 10h. Patrão provoca incêndio que mata 129 mulheres. Nesta data, em 1857. Daí, a origem do Dia Internacional da Mulher.  

2 - Nesta data, em 1987, Fernando Collor de Mello, então governador de Alagoas, pediu à Justiça a criminalização dos funcionários marajás. Estava criada a figura do "caçador de marajás". Ilusão que contaminou os brasileiros e levou Collor à Presidência.

3 - Se viva fosse, Hebe Camargo celebraria hoje 90 anos de idade. Cantora de rádio e apresentadora de TV. Hebe Maria Monteiro de Camargo Ravagnani, a eterna rainha da televisão brasileira.

4 - O dólar operou em alta nesta quinta-feira, 7, e chegou a R$ 3,88. Reação dos investidores de olho no cenário político e na tramitação da reforma da Previdência no Congresso Nacional.

5 - O jornalista Alí Domínguez, ativista do chavismo mas contra a tirania de Maduro, foi morto depois de denunciar casos de corrupção no governo. Silenciado pela ditadura venezuelana.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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