Terça-Feira, 16 de abril de 2024

Postado às 10h15 | 21 Abr 2019 | Bairros surgem na periferia com crescimento desordenado

Crédito da foto: Marcos Garcia/JORNAL DE FATO Bairro Santa Luzia surgiu com a construção de casas pelo governo

JORNAL DE FATO

Nos últimos dez anos, a cidade de Mossoró registrou um crescimento considerável em números populacionais, bem como territoriais. Novos bairros foram surgindo, principalmente com a ascensão do programa Minha Casa Minha Vida, que deu bastante facilidade de crédito para que os mossoroenses pudessem comprar seus imóveis.

Os moradores passaram a comprar imóveis em áreas mais afastadas da cidade, mais periféricas, e compor os chamados conjuntos habitacionais. Devido às facilidades, inúmeros novos bairros foram surgindo e milhares de pessoas se deslocaram para essas áreas que são mais afastadas do centro da cidade.

O bairro Sumaré pode ser citado como o principal exemplo de bairro que mais cresce na cidade, mediante a aquisição de moradias por meio de programas sociais. Assim como o Sumaré, diversos bairros, como Alto das Brisas, Nova Mossoró, Parque Universitário e outros, cresceram de forma acelerada, principalmente nos últimos dez anos.

O projeto de erradicação de favelas, que é uma iniciativa do Governo Federal em parceria com as Prefeituras, também foi peça fundamental nesse processo de descentralizar as moradias de Mossoró. Com o projeto, as pessoas que moravam em favelas de Mossoró puderam adquirir suas moradias, a um preço muito baixo, em conjuntos habitacionais construídos pela Caixa Econômica Federal (CEF) em parceria com a Prefeitura Municipal de Mossoró (PMM).

Mas, esse crescimento de conjuntos e bairros periféricos, por ter ocorrido de forma bastante acelerada, fez que muitos moradores não fossem contemplados com serviços básicos como saúde, educação, limpeza urbana, abastecimento de água, entre outros. Isso ocorreu principalmente nos primeiros anos de implantação dos conjuntos; era praticamente impossível para a Prefeitura de Mossoró acompanhar esse crescimento acelerado da cidade.

Mesmo com essa dificuldade de acompanhamento, a Prefeitura de Mossoró informou que segue monitorando as áreas em crescimento da cidade e que tem buscado estratégias para não deixar a população desassistida. Nos bairros onde o número populacional é maior, já foi possível implantar Unidades Básicas de Saúde (UBSs), sistema de transporte coletivo, entre outros. “O bairro Nova Mossoró, por exemplo, conta com uma linha de ônibus de acesso direto ao Centro, além do serviço de coleta urbana. A Prefeitura dispõe de uma unidade móvel de saúde. Já o bairro Sumaré, uma das regiões da cidade que mais cresce em estimativa populacional, conta com a Unidade Básica de Saúde Vereador Lahyre Rosado, além também dos serviços de CRAS”, cita a assessoria de imprensa da PMM.

A Prefeitura informou ainda que trabalha na construção de novas unidades de saúde em conjuntos que já contam com serviço, bem como com a especialização nos atendimentos. “A Prefeitura trabalha na construção de outras unidades básicas de saúde, no bairro Santa Júlia e também Jardim das Palmeiras, que também terá um novo Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), também em fase de execução. O local citado é um bairro recém-criado, após a extinção da favela do Tranquilim”, explicou.

Moradores de bairros distantes passam o dia fora de casa

O crescimento da cidade de Mossoró é evidente, diante do surgimento de vários novos bairros, principalmente nos últimos 10 anos. No entanto, a distância desses novos bairros faz que os moradores adotem estratégias para reduzir os custos com o deslocamento, onde a principal dela é se manter o dia inteiro fora de casa.

Essa é a uma estratégia que é utilizada pelo casal Danilo Silva/Larissa Souza, que mora no conjunto Nova Mossoró, mas que os dois só retornam para casa no final do dia. Eles comentam que, dessa forma, é mais prático e econômico, já que o bairro é um dos mais distantes de Mossoró.

“Nós saímos de casa às 6h, porque Danilo trabalha às 7h. Eu tenho aula na faculdade e trabalho no período da tarde. Geralmente, só voltamos para casa no início da noite, quando os dois já têm saído do trabalho. Passamos o dia inteiro fora por uma questão de economia e de praticidade”, disse a estudante Larissa Souza.

Assim como o casal, essa é uma realidade de muitas famílias de diferentes bairros de Mossoró. Por serem conjuntos novos, alguns deles ainda são carentes de restaurantes, academias, escolas, postos de saúde, lojas, supermercado, entre outros serviços que são considerados essenciais.

Censo aponta que Mossoró tem mais de 100 habitantes por km²

Estatísticas do censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que em Mossoró a média é de 123 habitantes por quilômetro quadrado. Os números apontaram ainda que, em oito anos, a população de Mossoró saltou de 259.815 em 2010 para 294.076 em 2018, um aumento de 34.261 pessoas.

Os números de 2018 apontam ainda que, em território, a segunda maior cidade do estado tem 2.099,333 km². Este número está tendo aumento frequente, justamente devido os novos bairros que estão surgindo na cidade.

Surgimento de novos bairros foi motivado por programa social

O principal motivo que levou a esse crescimento significativo de bairros em regiões periféricas de Mossoró foi a facilidade que o programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal, deu a milhares de pessoas. A facilidade em conseguir crédito fez que ocorresse um boom no mercado imobiliário da cidade, principalmente no setor da construção civil.

O diretor da construtora mossoroense Repav, Jorge do Rosário, explicou que esse crescimento do mercado imobiliário de Mossoró ocorreu depois da crise de 2008, quando foi criado o programa do Governo Federal que alavancou a construção de conjuntos e casas financiadas, onde existe o subsídio. O período (2009/2010) foi num momento em que as pessoas estão saindo da crise, com emprego.

“As boas condições com financiamento fácil, demanda reprimida e boas condições de financiamento foram fundamentais para esse crescimento do mercado imobiliário de Mossoró, onde as pessoas que tinham uma renda de até R$ 2 mil conseguiram obter o primeiro imóvel”, explicou o diretor da construtora.

Jorge do Rosário disse ainda que, nos dias atuais, os financiamentos se tornaram mais difíceis, devido às exigências dos bancos e da situação de desemprego. No entanto, a expectativa é de que esse setor volte a crescer e que novos conjuntos habitacionais possam ser construídos e entregues aos mossoroenses.

O sonho da casa própria foi conquistado pela estudante Larissa Sousa com muito esforço e dedicação. Ela informou que sempre sonhou em ter sua casa e sair da casa dos pais, mas que sempre teve medo de assumir prestações que duram por longo período.

“Eu tinha medo porque é uma coisa que vamos pagar pelo resto da vida. Mas, são 35 anos pagando um imóvel que é nosso e que vale qualquer sacrifício para tê-lo. Foi isso que fez que eu procurasse a construtora e investisse na minha casa, que é a maior realização da minha vida”, disse a estudante, que comprou a casa após o casamento.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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