Quinta-Feira, 28 de março de 2024

Postado às 09h15 | 16 Mai 2019 | Coluna César Santos - 16 de maio

Crédito da foto: Ilustração O brasileiro não aceita amarras do autoritarismo

QUEM É IDIOTA E IMBECIL?

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) chamou de “idiotas úteis e imbecis” os estudantes que saíram às ruas nesta quarta-feira, 15, em protesto ao contingenciamento de recursos para a educação; e considerou que a maioria dos manifestantes “é militante; não tem cabeça; e se perguntarem sete vezes oito para eles, não sabem responder.”

A reação de Bolsonaro é tão grave quanto o corte de R$ 1,7 bilhão da educação. Mais do que isso: revela a ira de um presidente autoritário, agressivo e perigoso. Sim, perigoso, na medida em que além de castigar o ensino brasileiro, ataca os jovens que precisam dos bancos das escolas e das universidades públicas para construir o futuro do Brasil.

É fato que o presidente desde sempre se apresentou um arrogante, presunçoso, rompante, e sequer escondeu esse perfil no período em que era postulante à Presidência da República, e que precisava da simpatia e do voto dos brasileiros para escalar a mais poderosa rampa do País. Depois da faixa no peito, ele piorou. Desceu todos os degraus da humildade para se impor como todo poderoso, se achando no direito de fazer o que quer, atacar a quem quiser e se estabelecer acima do bem e do mal.

O problema de quem só enxerga a si mesmo é que não percebe o que está acontecendo ao seu redor. Enquanto Bolsonaro classificava os estudantes de “idiotas e imbecis”, a manifestação democrática, pacífica e legítima ocupava o asfalto dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal. Mais do que o protesto ao corte de 30% das universidades federais e das escolas técnicas federais, as manifestações ganharam corpo e um movimento ainda maior, que é o da decepção e insatisfação dos brasileiros com o governo que aí está.

Os brasileiros estão revoltados com o aumento do preço dos combustíveis, do número de desempregados que chega aos 13 milhões, do caos na saúde pública e do agravamento de outras mazelas. O protesto ao corte da educação é apenas o pano de fundo para uma indignação que começa a ganhar dimensão e que daqui a pouco, se nada for feito, se transformará em algo incontrolável, como já visto na história recente.

Um governo arrogante não tem a capacidade de fazer tal leitura ou de admitir que o país começa a ser colocar contra ele. Por consequência, não mudará o perfil ou o rumo da gestão. O preço que já é caro, se tornará ainda mais indigesto num futuro próximo.

O fato é que não se questiona, nesse momento, se o governo foi obrigado a fazer o contingenciamento em várias áreas, inclusive na educação, devido ao desequilíbrio financeiro do país, mas sim a forma como esse governo trata a questão e/ou se comunica com o país.

Tivesse ele, o presidente, tratado o contingenciamento dialogando com as autoridades da educação, certamente o País entenderia a questão. Bolsonaro preferiu passar a ideia de que estava retaliando universidades que promoveram “balbúrdia”.

O resultado é este que aí está, repercutido no asfalto.

 

FRASE

"São uns idiotas, uns imbecis, que estão sendo usados como massa de manobra."

JAIR BOLSONARO - Presidente do Brasil, sobre os estudantes que protestaram contra o corte de 30% das universidades.

 

CALCULADORA

 No final de fevereiro, o Governo do Estado anunciou contingenciamento que suspendeu uma verba de R$ 4,5 milhões da Uern. Agora, a governadora Fátima Bezerra (PT) está anunciando a liberação de R$ 3,6 milhões para repor o que foi contingenciado das emendas federais para a instituição. Ou seja, no meio do contexto, o Governo Estadual ainda "deve" R$ 900 mil à Uern.

 

É GRAVE

 A vereadora Aline Couto (sem partido) denunciou no plenário da Câmara Municipal que o Programa do Leite Potiguar está sendo desviado para fins desconhecidos. ''O leite é colocado em sacos e na mala de carros tomando destino ignorado pelas pessoas que possuem o direito de receber", denunciou, provocando o Ministério Público para investigar o caso, que é grave.

 

VOZ ISOLADA

 O deputado estadual Coronel André Azevedo (PSL) anunciou que votará contra o aumento salarial de 16,38% para os procuradores do Estado, proposto pela governadora Fátima Bezerra (PT). Ele justifica: a proposta beneficia quem ganha os maiores salários, enquanto os servidores simples amargam atraso salarial.

 

NOVA CAMISA

 Coronel Azevedo, que tem sido a voz mais forte da oposição na Assembleia Legislativa, prepara-se para deixar o PSL do presidente Jair Bolsonaro. Será uma saída tranquila e tem o aval do PSL. O parlamentar ainda não decidiu o seu novo partido.

 

DIVIDIDO

 O PC do B de Mossoró tem posições divergentes sobre a venda dos poços maduros de petróleo. O presidente da sigla, João Pedro, que é petroleiro, critica a venda e denuncia o "desmonte" da Petrobras. Já Gutemberg Dias, que preside a Redepetro, diz que a chegada da Petrorecôncavo vai alavancar a criação de empregos no setor.

 

TOINHO SILVEIRA

 A jornalista Juliska Azevedo noticiou em primeira mão: o jornalista social Toinho Silveira disputará uma vaga à Câmara Municipal de Natal em 2020. Toinho é mossoroense da gema.

 

 É NOTÍCIA

1 - Não ligue para os telefones da Administração e Recursos Humanos do Estado. As linhas foram cortadas por falta de pagamento. Junta-se a outras repartições que estão "mudas e surdas".

2 - A montagem da estrutura do Mossoró Cidade Junina já está bastante avançada na Arena Deodete Dias, palco do Festival de Quadrilhas Juninas, e começou na Estação das Artes Elizeu Ventania. Ficará pronta antes de junho chegar.

3 - Foi um sucesso de público o protesto em Mossoró contra o corte de 30% do orçamento das universidades federais. Manifestantes de todos os matizes gritaram em defesa da Educação.

4 - Morreu o empresário e produtor Euzim Alves dos Santos, aos 67 anos, por insuficiência renal. Euzim foi membro da CDL, Acim e fundador da empresa Purofrut, marca de polpa de frutas.

5 - A juíza Adriana Cavalcanti Magalhães Faustino Ferreira é a nova titular do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RN), nomeada pelo presidente Jair Bolsonaro. Ela já atuava na Corte Eleitoral.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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