Sexta-Feira, 29 de março de 2024

Postado às 08h45 | 17 Mai 2019 | Coluna César Santos - 17 de maio

Crédito da foto: Ilustração Sem identidade

GOVERNO SEM IDENTIDADE

Dois dias antes de o presidente Jair Bolsonaro (PSL) ter chamado de “idiotas úteis e imbecis” os estudantes que estavam protestando o corte de verbas das universidades e escolas técnicas federais, o jornalista e professor da USP Gaudêncio Torquato escreveu sobre conceitos para interpretar fenômenos ligados aos protagonistas da política, sejam pessoas físicas ou jurídicas, políticos ou governos: identidade e imagem.

No seu entendimento, “o primeiro se refere à índole dos protagonistas, seu caráter, programas e ações, o que verdadeiramente representam; já a imagem é a projeção da identidade, significando a percepção que deles têm os cidadãos, a maneira como as pessoas veem os integrantes da esfera política.”

Torquato escreve que “a identidade do Brasil abriga um conjunto de elementos, dentre os quais o tamanho do território, suas riquezas naturais, a natureza de sua população, os ciclos históricos, as tradições e costumes, enfim, tudo que possa realçar o porte do país.” Ele convida o leitor a construir na mente o mapa da identidade da nação brasileira. “Da mesma maneira, tente imaginar a identidade do Estado e município onde mora. Faça uma comparação com outros entes federativos e pense na questão: os governos do Estado e do país correspondem efetivamente à dimensão dos territórios que governam?”

 E segue: “Escolhamos, a título de melhor associação de ideias, o governo Bolsonaro. Sem intenção de diminuir seu peso na balança da análise política, cresce a percepção de que a identidade do governo é baixa em relação à altura do Brasil. É como se o país medisse um metro de altura e a administração Bolsonaro, apenas cinquenta centímetros. Conclusão: falta muito governo para cobrir o real tamanho do nosso território continental.”

O que causa tal sentimento?

Torquato responde: “A crise interna entre grupos, a ideologização que gera conflitos, o despreparo de perfis, a extrema relevância que se dá ao guru da família Bolsonaro e até mesmo o baixo nível na linguagem usada por protagonistas. Ele cita um exemplo para melhor entendimento: “Eis o que disse durante a semana a ministra dos Direitos Humanos: ‘A Funai tem de ficar com mamãe Damares, não com papai Moro.’ Assim a titular da pasta de Direitos Humanos fez apelo para conservar sob sua órbita a Fundação Nacional do Índio. Já o horoscopista elogiado pelo presidente e agraciado com o maior galardão do Itamaraty é o recordista no uso de palavras chulas.

“Ora, há uma liturgia do poder, que obriga participantes da esfera governamental a adotar posturas condizentes com o cargo, o que inclui o uso de expressão conveniente. O que se constata é a ‘infantilização’ da linguagem (essa de Damares) ou os adjetivos sacados do pântano por figuras que posam de heróis. O próprio Bolsonaro faz afirmações que fogem à régua da liturgia presidencial.

O jornalista indica que o “índice de coisas estabanadas”, que poderíamos designar doravante como ICE, tende a se expandir e a esfacelar a identidade do governo Bolsonaro. Não à toa, forma-se em nossa cognição a ideia de que o Brasil tem um governo menor que sua grandeza exige.”

E é verdade.

 

"Forma-se a ideia que o Brasil tem um governo menor que sua grandeza exige."

GAUDÊNCIO TORQUATO – Jornalista e professor da USP.

 

UM DIA DE CÃO

 Saiu do forno o livro "Um Dia de Cão", que conta a história do assalto à agência 106 do Banorte, em Mossoró, ocorrido no dia 2 de maio de 1988, e que tem como principal personagem o assaltante Falconi. O autor do livro, escritor Raimundo Antonio, narra com detalhes o primeiro assalto com reféns do RN e o terceiro dessa modalidade no Brasil. O livro será lançado na próxima sexta-feira (24).

 

UM DIA DE CÃO II

 O livro de Raimundo Antônio traz depoimento de 19 pessoas que testemunharam de perto a ação de Falconi. Eram funcionários do antigo Banorte ou atuavam próximo à agência. O assalto terminou com a morte de Falconi, depois de quase nove horas de pânico, e foi transmitido ao vivo pelo repórter Eraldo Pereira, na época na TV Verdes Mares, afiliada da Globo no Ceará.

 

OPORTUNIDADE

 A Prefeitura de Mossoró e a Universidade Potiguar (UnP) assinaram termo de cooperação para facilitar o acesso de servidores municipais e seus parentes/dependentes à instituição de ensino superior. A parceria permite um desconto de 30% nas mensalidades de todos os cursos ofertados pela UnP no campus de Mossoró.

 

CORDA BAMBA

 Está pronto para julgamento no TRE-RN o processo que pede a cassação do mandato da senadora Zenaide Maia (Pros). Ela teve as contas de campanha condenadas pela Corte Eleitoral. Há uma despesa de mais de meio milhão de reais sem origem.

 

NA ESPERA

 O PSDB é parte interessada no processo, pois se Zenaide for cassada, a vaga no Senado fica para o ex-governador e ex-senador Geraldo Melo, terceiro colocado nas eleições de 2018. Os tucanos consideram "real" essa possibilidade.

 

COMPANHEIRA

 A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, desembarca em Natal nesta sexta-feira (17) para prestigiar a festa de aniversário da governadora Fátima Bezerra (PT). Antes, participa do Encontro Nacional da Avante – Lula Livre, na sede do Sinsenat, às 16h.

 

 É NOTÍCIA

1 - Em Mossoró, o Hospital São Luiz teve 10 leitos de UTI credenciados pelo Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do RN. Amplia a oferta do serviço à população local e regional.

2 - Hoje, completa 15 anos da morte de Alcides Fernandes da Silva, "Alcides Belo", ex-prefeito de Mossoró. Ele assumiu a Prefeitura em março de 1982, com a renúncia de João Newton da Escóssia para ser candidato a deputado estadual.

3 - O Ministério da Saúde lançou o programa "Saúde na Hora", que amplia o horário de atendimento do Programa Saúde da Família. Visa diminuir as filas e lotação das emergências de todo o país.

4 - É impressão do colunista ou o processo de bota-fora do Bolsonaro está a todo vapor? A quebra de sigilo bancário de Flávio Bolsonaro pega nove ex-assessores do pai presidente. Sacou?

5 - O secretário estadual de Tributação, Carlos Eduardo Xavier, prevê que a arrecadação do Estado aumente 8% neste ano. Ele é o entrevistado do "Cafezinho com César Santos" de domingo (19).

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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