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Postado às 09h45 | 14 Jul 2018 | Redação “Paralisação do Porto Ilha causa prejuízo estratosférico para o setor salineiro”, afirma consultor

Consultor afirma que somente com a estadia de um navio no Terminal Salineiro de Areia Branca, o setor salineiro tem prejuízo de US$ 20 mil dólares/dia. Porto Ilha em Areia Branca foi interditado pelo Ibama no último dia 12 de julho

Crédito da foto: Costa Branca News Porto Ilha em Areia Branca foi interditado pelo Ibama no último dia 12 de julho

“A interdição do Porto Ilha causa um prejuízo estratosférico para o setor salineiro do Rio Grande do Norte.”

A fala do consultor da indústria salineira Renato Fernandes reflete bem o sentimento do setor salineiro do RN, que enfrenta mais uma crise com a interdição do Terminal Salineiro de Areia Branca ocorrido na última quinta-feira (12) pelo Idema.

Ontem (13), em Brasília, foi realizada uma reunião com a participação do presidente da Companhia Docas do RN (CODERN), Fernando Dinoá, para tratar do assunto.

De acordo com Renato Fernandes, o RN produz seis milhões de toneladas de sal marinho por ano, com 40% desse total sendo transportado através do Porto Ilha. Isso representa dois milhões e meio de toneladas.

Ainda segundo ele, a paralisação de um navio no porto custa US$ 20 mil/dia. “No caso das exportações, não existe nenhum modal que substitua o navio, tendo em vista que nossos principais clientes, EUA, Nigéria e Canadá, a logística tem que ser feita por navios, já o milhão e meio que é destinado à indústria química nacional, poderíamos pensar em fazer o transporte rodoviário, mas isso tornaria o transporte praticamente inviável”, disse.

Segundo Renato Fernandes, basta imaginar um milhão e meio de toneladas transportadas por carretas que transportam, em média, 40 toneladas. Quantas carretas haveria nas já sucateadas rodovias. “Isso aumentaria o tempo de transporte e o preço ficaria ainda maior. Totalmente inviável”, afirma.

Para ele, o transporte feito através de rodovias diminuiria a competitividade dos produtores potiguares com o principal concorrente da América do Sul, que é o Chile, que já vem ocupando espaço no Sul e Sudeste.

Outro fator que aumenta ainda mais a preocupação dos produtores de sal com o fechamento do Porto Ilha está relacionado aos contratos internacionais de exportações. “Além de serem contratos dolarizados, as multas são astronômicas. A estadia de um navio parado custa US$ 20.000/dia. Tudo isso são prejuízos que aumentam ainda mais as dificuldades do produtor de sal”, enfatiza.

O consultor afirma que os problemas do Porto Ilha vêm se acumulando e causando constantes prejuízos aos produtores.

Renato Fernandes relembra quem em dezembro do ano passado, o porto foi interditado pelo Ministério do Trabalho e Emprego e na época a Companhia Docas do Rio Grande do Norte (CODERN) foi alertada sobre as questões ambientais, poluição do solo, máquinas e equipamentos obsoletos, arcaicos e, desde então, nada foi feito para melhorar a situação. “O Ibama fez a visita para constar se as medidas que tinham sido solicitadas foram postas em prática, mas infelizmente como isso não ocorreu, o embargo se tornou necessário”, disse.

 

Setor salineiro movimenta R$ 1 bilhão por ano

A interdição do Porto Ilha fragiliza o mercado exportador potiguar, tendo em vista que quando o cliente não tem a certeza de que as empresas não vão cumprir os prazos, começa a buscar outros fornecedores.

Renato Fernandes afirma que o setor salineiro movimenta R$ 1 bilhão por anos e R$ 150 milhões de tributos pagos. Além disso, o setor oferece 15 mil empregos diretos e 65 mil indiretos. “Mesmo diante de toda essa importância, o que temos recebido são essas intempéries. Temos um excesso de produção. O nosso consumo interno fica em torno de quatro milhões de toneladas, e para que o preço não fique alto é exportar, e quando o cliente não essa certeza de que vai receber o produto, fica complicado. Acumulamos um prejuízo monstruoso”, destaca.

Ele fez questão de enfatizar que o Governo Federal vem causando esses prejuízos, tendo em vista que nos últimos quatro anos não tem investido praticamente nada. “No segundo semestre de 2014, apenas cinco mil reais. Vou repetir: cinco mil reais. Em 2015, R$ 95 mil, ou seja, investimentos mais de R$ 8 bilhões e não estamos vendo nada. O setor salineiro não tem a menor participação na escolha do gerenciamento da Codern. A nomeação é feita pelo Governo Federal com aval do Governo Estadual. O RN produz entre 92% e 98% do sal marinho brasileiro. Então, considero isso um prejuízo monstruoso para um setor consolidado. Nosso teor de pureza é 98,82%. O atual presidente, Fernando Dinoá, tem nosso apoio, mas o que queremos não é mais paliativo. Tudo bem. Queremos o desembargo para voltar a trabalhar, mas queremos uma reforma que garanta a readequação da estrutura e renovação dos equipamentos. Porque do contrário, vamos continuar com essa incerteza, embarga, desembarga, e isso não queremos mais”, finaliza.

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