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Postado às 18h15 | 10 Dez 2018 | Redação RN tem cerca de 66 mil pessoas em extrema pobreza, aponta estudo do IBGE

Crédito da foto: Tribuna do Norte Áreas menos assistidas na periferia de Natal

FABIANO SOUZA/JORNAL DE FATO

A população do Rio Grande do Norte empobreceu quase 2% nos últimos 12 meses, segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou na última quarta-feira (5) a Síntese de Indicadores Sociais (SIS), relatório sobre o quadro social do Brasil.

O levantamento mostra que em apenas um ano, o número de potiguares vivendo em situação de extrema pobreza aumentou 1,8%. Ou seja, o percentual de habitantes do estado nesta condição subiu de 9,9%, em 2016, para 11,7%, em 2017.

Diante disso, pode-se afirmar que aproximadamente 66 mil pessoas no RN estão abaixo da linha da extrema. De acordo com as definições do Banco Mundial, as pessoas nessa situação são aquelas com rendimento inferior a US$ 1,90 por dia ou R$ 140,00 mensais.

Além de potiguares na extrema pobreza, também houve aumento da proporção daqueles que vivem abaixo da linha de pobreza, índice que mapeia aqueles que vivem com US$ 5,5 por dia ou R$ 406,00 por mês. Se em 2016, 36,9% da população estava nessa situação, em 2017 o percentual subiu para 39%, o que indica que pouco mais de 1,3 milhão sobrevivem com pouco mais de R$ 400,00 mensais.

O SIS aponta que o aumento de pessoas com rendimentos abaixo do ideal em Natal é ainda maior do que no restante do estado. A proporção de habitantes na faixa de extrema pobreza na capital potiguar subiu de 4,2% em 2016 para 9,1% ano passado. Dessa forma, o IBGE indica que 80,4 mil natalenses vivem com até R$ 140,00 por mês. Já uma população de 259,8 mil pessoas vive com até R$ 406,00 mensais.

O resultado dessa queda na qualidade de vida da população potiguar é vista como consequência do aumento do desemprego que assola, além do Rio Grande do Norte, todo o Brasil.

Entre 2012 e 2014, o número de trabalhadores no país aumentou 3,1%, para depois recuar 1,1% nos três anos seguintes. De 2012 a 2017, as quatro atividades que perderam trabalhadores foram Agropecuária (-15,9%), Administração pública (-12,14%), Indústria (-7,9%) e Construção (-6,4%). Já os Serviços domésticos (0,7%) percorreram uma trajetória inversa: redução de 2,9% até 2014 e elevação de 3,7% de 2014 a 2017.

De 2012 e a 2017, o rendimento médio habitual mensal da população ocupada cresceu 2,4%, em termos reais, passando de R$ 1.992,00 para R$ 2.039,00. Administração pública (14,6%), Agropecuária (11,9%) e Serviços domésticos (9,7%) foram as atividades que apresentaram maiores crescimentos. Por outro lado, Construção (-0,7%), Comércio e reparação (-7,1%) e Demais serviços (-3,8%) registraram quedas no rendimento médio.

Segundo a posição na ocupação, os Empregadores possuíam o rendimento médio mensal mais elevado (R$ 5.211,00) e o mais baixo, os Empregados sem carteira de trabalho assinada (R$ 1.158,00), que recebiam o equivalente a 56,8% do rendimento do Empregado com carteira (R$ 2.038,00).

O Brasil tem um contingente de 54,8 milhões de pessoas na linha de pobreza

A Síntese de Indicadores Sociais (SIS) analisou o tema pobreza utilizando diferentes medidas que mostram o aumento da pobreza entre 2016 e 2017. Segundo a linha de pobreza proposta pelo Banco Mundial (rendimento de até US$ 5,5 por dia, ou R$ 406,00 por mês), a proporção de pessoas pobres no Brasil era de 25,7% da população em 2016 e subiu para 26,5%, em 2017. Em números absolutos, esse contingente variou de 52,8 milhões para 54,8 milhões de pessoas, no período. Nessa mesma análise, a proporção de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos que viviam rendimentos de até US$ 5,5 por dia passou de 42,9% para 43,4%, no mesmo período.

Já o contingente de pessoas com renda inferior a US$ 1,90 por dia (R$ 140,00 por mês), que estariam na extrema pobreza de acordo com a linha proposta pelo Banco Mundial, representava 6,6% da população do país em 2016, contra 7,4% em 2017. Em números absolutos, esse contingente aumentou de 13,5 milhões em 2016 para 15,2 milhões de pessoas em 2017.

Em 2017, o rendimento médio mensal domiciliar per capita no país foi de R$ 1.511. As menores médias foram no Nordeste (R$ 984,00) e Norte (R$ 1.011,00), regiões onde quase metade da população (respectivamente, 49,9% e 48,1%) tinha rendimento médio mensal domiciliar per capita de até meio salário mínimo. Estas são algumas informações da Síntese de Indicadores Sociais 2018, que analisou o mercado de trabalho, aspectos educacionais e a distribuição de renda da população brasileira, a partir dos dados da PNAD contínua do IBGE e de outras fontes.

Na análise do mercado de trabalho, a SIS 2018 mostrou que a taxa de desocupação era de 6,9% em 2014 e subiu para 12,5% em 2017. Isso equivale a 6,2 milhões de pessoas desocupadas a mais entre 2014 e 2017. Nesse período, a desocupação cresceu em todas as regiões e em todos os grupos etários.

Em 2017, o trabalho informal alcançou 37,3 milhões de pessoas, o que representava 40,8% da população ocupada, ou dois em cada cinco trabalhadores do país. Esse contingente aumentou em 1,2 milhão desde 2014, quando representava 39,1% da população ocupada.

Em 2017, os trabalhadores brancos (R$ 2.615,00) ganhavam, em média, 72,5% mais que os pretos ou pardos (R$ 1.516,00) e os homens (R$ 2.261,00) recebiam 29,7% a mais que as mulheres (R$ 1.743,00). O rendimento-hora dos brancos superava o dos pretos ou pardos em todos os níveis de escolaridade, e a maior diferença estava no nível superior: R$ 31,90 por hora para os brancos contra R$ 22,30 por hora para pretos ou pardos.

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