Quinta-Feira, 25 de abril de 2024

Postado às 09h30 | 10 Jul 2017 | Edinaldo Orgulho LGBT: Aceitação dos pais torna processo de descoberta muito mais fácil

Crédito da foto: Cedida Júnior Florentino é estudante de Direito da Ufersa

O Orgulho LGBT é um movimento com representações culturais, sociais, educativas e políticas, que apoia gays, lésbicas, bissexuais e transexuais e transgêneros e que luta contra o preconceito, a ignorância, a violência, a segregação, lutando ainda pelos direitos civis igualitários dessa parcela da população mundial.

O movimento também se dedica a reforçar o contexto e o significado da palavra “orgulho”, quando o assunto é sexualidade, orientação sexual e identidade de gênero, destacando que, acima de tudo, não há razão ou motivações que levem a pessoa a ter vergonha de quem é.

A psicóloga Sarah Lopes, do Hapvida, destaca que a descoberta da sexualidade passa por várias fases. Desde a descoberta da estrutura corporal, ainda criança, a pessoa já entra em contato com a sua sexualidade, percebendo as diferenças entre o corpo masculino e feminino, o que, naturalmente, já gera alguns questionamentos. E que o apoio familiar, principalmente dos pais e parentes mais próximos, tem um peso importante na autoaceitação e na descoberta da sexualidade e identidade de gênero da pessoa.

“O ideal é falar a verdade dentro do que a criança conseguirá compreender de acordo com cada idade. Por vezes, quando deixamos as crianças sozinhas por alguns momentos, é possível perceber que algumas delas estão olhando a genitália uns dos outros e se escondem quando são notadas. Os pais podem ajudar, primeiramente, não vendo essas questões como algo malicioso. As crianças são curiosas. Ao perceber que a criança está querendo descobrir algo, o ideal é perguntar o que ela quer saber e responder a todas as perguntas. Não deixar sem resposta para nada, obedecendo o que cada uma poderá compreender”, afirma Sarah.

A aceitação dos pais à identidade do filho ou da filha torna todo o processo de descoberta muito mais fácil para o jovem e para toda a família, pois é mais fácil dar orientações, conversar, falar de medos de forma mais aberta. Para o adolescente, essa aceitação se torna praticamente definitiva para a sua felicidade e como ele vai se relacionar com o mundo a sua volta, levando em consideração que tudo o que fazemos é muito melhor quando temos a aprovação de nossos pais.

A melhor forma de ajudar é deixar claro que a pessoa será aceita independentemente de sua sexualidade ou identidade de gênero. Isso poderá fazer que ela se sinta mais à vontade para conversar com os pais sobre suas dúvidas e seus medos. Muito melhor é quando os pais compreendem.

Porém, infelizmente, mesmo com todo o combate ao preconceito, a conscientização e conhecimento disseminado pelo movimento LGBT no mundo, ainda hoje é comum que famílias abandonem ou cortem relações com um(a) filho(a) que se descobriu gay, lésbica, bissexual, transgênero ou transexual. O abandono é prejudicial em qualquer que seja a condição de qualquer criança ou adolescente. “Quando falamos em algo que está fora da escolha, os filhos precisam se fortalecer com o apoio dos mais próximos. Muitos pais abandonam os filhos com a intenção de fazer que o adolescente mude de ideia, mas não é escolha. Não existe algo que justifique alguém tomar a “escolha” mais difícil. Então, é necessária a compreensão de que isso é uma condição”, conclui a psicóloga Sarah Lopes.

 

PINGUE-PONGUE

“Os dados estatísticos nos assustam muito”

Júnior Florentino é estudante de Direito da Ufersa

 

O diretor LGBT da União Nacional dos Estudantes (UNE), Nilson Florentino Júnior, relata que os dados estatísticos assustam muito. “O Brasil é o país que mais mata pessoas LGBT. Todos os dias, existem pessoas que são violentadas ou mortas por serem lésbicas, gays, bissexuais, travestis ou transexuais”, denuncia. Para ele, é preciso que as pessoas religiosas entendam que a luta é por direitos, por sobrevivência em uma sociedade extremamente lgbtfóbica. “Somos a favor das diversidades e de todas as formas de amar”, destaca.

 

QUAIS são as principais bandeiras do movimento atualmente?

A PRINCIPAL bandeira do movimento atualmente é lutar contra os retrocessos do governo Temer, governo este que tem demonstrado total desdém referente à política nacional LGBT, investindo em um desmonte nos órgãos federativos responsáveis pelo fomento da política nacional LGBT. Em sintonia com o golpismo, recentemente o Ministério da Educação retirou da Base Nacional Curricular os termos gênero e identidade de gênero, o que consideramos um grande retrocesso. Para além dos ataques do governo golpista, uma das bandeiras importantes do movimento tem sido também a luta pela implementação das políticas públicas para a LGBT, como criação de conselhos municipais e estaduais de políticas públicas LGBT e na defesa do debate sobre as questões de gênero e sexualidade nas escolas. O movimento também defende a criminalização de violências físicas e psicológicas sobre pessoas LGBTs, que, semanas atrás, foi aprovada no DF uma lei que criminaliza a homofobia, porém a bancada evangélica se articulou e barrou.

 

HOUVE avanço nos direitos do público LGBT?

NOS últimos 13 anos, houve muitos avanços, tivemos um ministério que tinha uma coordenadoria que atuava especificamente na pauta LGBT, dentro do Ministério de Direitos Humanos. Um Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos LGBT atuante, o qual realizou três Conferências Nacionais LGBT, o reconhecimento do casamento civil homoafetivo pelo STF, inscrição de terras da reforma agrária por casais homoafetivos, a redesignação sexual para pessoas transexuais, uso do nome social. São alguns avanços, porém diante das estatísticas, precisamos de maior visibilidade para pautar os direitos LGBTs.

 

O QUE mais preocupa o movimento hoje?

OS DADOS estatísticos nos assustam muito, o Brasil é o país que mais mata pessoas LGBTs, todos os dias existem pessoas que são violentadas ou mortas por serem lésbicas, gays, bissexuais, travestis ou transexuais. Outra questão que preocupa o movimento é o avanço e ataque de setores conservadores e fundamentalistas, como a bancada evangélica, que, dia após dia, tem investido no ataque às pautas do movimento LGBT. É preciso que as pessoas religiosas entendam que a nossa luta é por direitos, por sobrevivência em uma sociedade extremamente lgbtfóbica. Somos a favor das diversidades e de todas as formas de amar.

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