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Postado às 14h00 | 28 Ago 2017 | Redação Hospital Tarcísio Maia: Seis pacientes aguardam por leito de UTI todos os dias

Crédito da foto: Arquivo O Tarcísio Maia conta hoje apenas nove leitos de UTI para todos os perfis de pacientes, vagas que es

A falta de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) em Mossoró pode ser refletida pela fila de espera no Hospital Regional Tarcísio Maia. Segundo o diretor da unidade, Jarbas Mariano, diariamente, entre seis e sete pacientes ficam na fila esperando por uma vaga. Muitas vezes, em lugares totalmente inadequados, como deitados em cadeiras nos corredores, por exemplo.

O Tarcísio Maia conta hoje apenas nove leitos de UTI para todos os perfis de pacientes, vagas que estão sempre ocupadas.

Jarbas Mariano atenta que são apenas nove leitos para atender a demanda de pacientes de mais de 60 municípios, com uma população total superior a 700 mil habitantes.

A expectativa do diretor é que o cenário melhore com a contratação de 10 novos leitos no Hospital Wilson Rosado, prometidos pelo Governo do Estado para até o final desta semana.

Esses leitos ficarão sob a administração do Tarcísio Maia até a instalação da Central de Regulação de Leitos de UTI de Mossoró, que tem prazo até 1.º de novembro para começar a funcionar. “Serão 19 leitos gerenciados pelo Tarcísio Maia até a criação da Central de Regulação”, observa Jarbas Mariano.

Hoje, a ausência da Central de Regulação complica ainda mais a busca por leitos de UTI. O HRTM possui um núcleo vinculado à Central Metropolitana de Regulação, instalada em Natal, e quando não tem vaga disponível, procura saber se tem leito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nos hospitais credenciados em Mossoró: Wilson Rosado, Apamim e Liga de Combate ao Câncer. “Não havendo leito pelo SUS em 24 horas, fazemos a busca por leito privado nos hospitais Wilson Rosado e São Luiz”, explica Jarbas Mariano.

Além de poucos, nem todos os leitos de UTI podem ser utilizados por pacientes do HRTM. É o caso dos 8 leitos da Associação de Proteção e Assistência à Maternidade e à Infância de Mossoró (APAMIM), que não recebem pacientes com infecção generalizada ou com problemas neurológicos e traumatológicos. “Tem que limitar especialidade, direcionada para gestantes e puérperas”, observa Larizza Queiroz, interventora da Apamim.

O número de vagas pode ser ampliado com o credenciamento e habilitação ao SUS do Hospital São Luiz, que conta “20 leitos ociosos”, relata Luíza de Marilaque Oliveira de Souza, diretora da unidade.

Mas esse processo leva tempo. Precisa de aprovação do Conselho Municipal de Saúde, dos órgãos de vigilância sanitária, da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e ainda do aval e da disponibilização de recursos do Ministério da Saúde.

“Todo e qualquer novo serviço que venha entrar no SUS necessita de novos recursos do Ministério da Saúde. A solicitação de credenciamento e habilitação já foi feita e vamos dar seguimento ao processo”, garantiu o secretário municipal de Saúde, Benjamin Bento.

Até lá, os pacientes continuarão “jogados” no maior hospital regional do interior do Rio Grande do Norte.

Foi o caso da aposentada Maria Dolores Albuquerque, de 85 anos, intubada desde as 9h30 da última quinta-feira (24) e que não havia conseguido leito até o fechamento desta edição na sexta-feira (25). “Ela foi internada na sala de medicação, um local impróprio para a permanência de uma paciente grave que precisava de UTI”, denuncia Aldiclésio Maia, diretor do Sindsaúde e funcionário do Tarcísio Maia.

 

Governo promete 10 novos leitos no Wilson Rosado

Parte dos problemas causados por falta de leitos de UTI em Mossoró pode estar com os dias contados. O Governo do Estado promete contratar 10 novos leitos até o final desta semana. O serviço deverá ser prestado pelo Hospital Wilson Rosado.

O diretor da unidade hospitalar, Marcos Moura, confirmou que os 10 leitos de UTI “estão reservados para o Estado”.

A chefe de gabinete da Secretaria de Estado da Saúde Pública (SESAP), Romy Christine Nunes Sarmento, garantiu que o contrato deve ser fechado até esta semana. “Estamos aguardando o encerramento do processo administrativo”, argumentou.

No entanto, segundo o presidente da Cremern, Marcos Lima de Freitas, o acordo com implantação desses 10 leitos foi fechado durante audiência na Justiça Federal em 5 de maio último, com prazo de 30 dias, não sendo cumprido dentro do que foi definido. “O prazo expirou e os leitos não foram contratados”, observou Marcos Lima Freitas.

Uma nova audiência na Justiça Federal será realizada na próxima quarta-feira (30) para retomar essa discussão.

 

Justiça trava duelo para ampliar leitos de UTI

A Justiça Federal no Rio Grande do Norte (JFRN) está travando um duelo com a União, Estado e Municípios para ampliar a quantidade de leitos de UTI na rede pública de saúde. Várias ações movidas pelo Ministério Público Federal, Conselho Regional de Medicina do RN (CREMERN) e outros órgãos tramitam neste momento em Varas Federais com esse objetivo.

Mossoró é um dos municípios que serão beneficiados em caso de cumprimento das decisões ou de acordos judiciais feitos pelo Governo do Estado. As ações incluem a ampliação de leitos do Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM) e a contratação de vagas na rede privada de saúde.

O HRTM, por exemplo, deverá ganhar 21 novos leitos de UTI, sendo 10 neonatais e 11 adultos. Só não se sabe ainda quando eles serão implementados.

A chefe de gabinete da Secretaria de Estado da Saúde Pública (SESAP), Romy Christine Nunes Sarmento, argumenta que a instalação dos novos leitos depende da conclusão da obra de reforma do Tarcísio Maia. A previsão da Sesap é somente para o final de 2018.

O diretor do HRTM, Jarbas Mariano, destaca que os novos leitos são esperados há muito tempo e já estão previstos desde o início da reforma da unidade hospitalar, isso em 2012. “A reforma existe apenas a fundação e existe uma readequação para transformação do almoxarifado em leitos”, relata.

O presidente da Cremern, Marcos Lima de Freitas, informa que a proposta do Governo do Estado para a abertura dos novos leitos até o final do próximo ano não foi aceita em audiência realizada na 4.ª Vara da Justiça Federal, em Natal. “Podemos fazer requerimento para bloqueio de recursos, como já fizemos para outros municípios”, adianta.

Em nova audiência na 4.ª Vara da Justiça Federal prevista para 12 de setembro mas antecipada para 30 de agosto, a Sesap terá de apresentar o projeto de readequação da reforma do Tarcísio Maia.

Romy Christine afirma que o setor de engenharia já fez o projeto inicial para fazer levantamento dos custos e que a readequação está sendo feita para ser apresentada no dia 12 de setembro (a audiência foi antecipada para 30 de agosto).

A Sesap conta, ainda, 20 leitos de UTI no novo Hospital da Mulher. O problema é que nem a licitação para a construção dessa unidade foi realizada até agora.

Diante da ausência de informações concretas sobre a abertura de novos leitos, o juiz federal da 8.ª Vara, Orlan Donato Rocha, determinou que o Governo do Estado preste informações a respeito do projeto de implantação dos 21 novos leitos de UTI do HRTM, no prazo máximo de 5 dias, após a realização de audiência na 8.ª Vara.

Leitos de UTI em Mossoró

Apamim

8 leitos SUS

Wilson Rosado

20 leitos SUS

22 leitos privados

Hospital São Luiz

20 leitos privados

Liga de Combate ao Câncer

8 leitos SUS

2 leitos privados

 

Central de Regulação vai ajudar na busca por leitos

Com muitos pacientes na fila de espera, a boa gestão dos poucos leitos de UTI ajudaria a administrar esse problema. Foi com esse objetivo que o juiz federal Orlan Donato Rocha reuniu a União, Estado e o Município para determinar a abertura da Central de Regulação de Leitos de UTI de Mossoró. A Prefeitura de Mossoró tem prazo até 1.º de novembro para colocar a central em funcionamento.

É entendimento de todos os envolvidos com a saúde pública na cidade que, uma vez em operação, a central vai criar um novo momento na administração das vagas e encaminhamento dos pacientes.

“Todos os leitos serão disponibilizados para a central de regulação, a partir da sua efetivação, e caberá ao sistema definir qual paciente terá prioridade e para onde ele vai”, ressalta Jarbas Mariano.

A central vai funcionar na sede do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e vai contribuir, também, para a redução de ações judiciais na saúde. “Queremos reduzir processos judiciais, que levam à retirada de recursos que não estavam previstos”, destaca Benjamin Bento, secretário municipal de Saúde.

O equipamento vai funcionar 24 horas com médico, enfermeiro e supervisor assistencial, com atualização on-line do sistema.

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