Sexta-Feira, 29 de março de 2024

Postado às 10h15 | 04 Out 2017 | Redação Abrigo de idosos não recebe recursos financeiros do Estado, afirma presidente

Crédito da foto: Carlos Costa/JORNAL DE FATO Idosos em abrigo necessitam do apoio da Prefeitura de Mossoró e do Governo do Estado

O Instituto Amantino Câmara, mantenedor do Abrigo de Idosos de Mossoró, sempre enfrentou dificuldades para pagar a alta conta no final do mês e garantir a assistência e serviço em boas condições. Não fosse a solidariedade de setores da sociedade e da ajuda individual de pessoas que se sensibilizam, a situação seria ainda pior, visto que a parceria com o poder público praticamente não existe e/ou enfrenta dificuldade de solução.

Por isso, a presidente do Amantino Câmara, Edy Moura, reagiu com veemência ao discurso da primeira-dama do Estado, Juliane Faria (PSD), de que o Governo Robinson Faria (PSD) seria parceiro com liberação de recursos financeiros para o abrigo de idosos. “É uma grande mentira”, disse, sem esconder o sentimento de revolta: “Não recebemos nenhum centavo de real do Estado.”

Juliane Faria, que é titular da Secretaria do Trabalho, Habitação e Assistência Social (SETHAS), falou sobre a “parceria” com o Amantino Câmara no discurso que fez na sessão solene da Câmara Municipal, quando recebeu título de cidadã mossoroense por indicação do vereador João Gentil (PV). Segundo ela, o Estado teria repassado recursos para o Amantino Câmara e a Casa do Caminho, ressaltando que seria esse o trabalho de largo alcance social que a sua pasta executava em Mossoró.

Edy Moura afirma que a primeira-dama “faltou com a verdade”. A dirigente disse que Juliane Feria fez promessa quando visitou o abrigo de idosos no primeiro semestre do ano, porém garantiu que a instituição nunca recebeu um centavo de real do atual governo. “O pior é que ela diz isso e o povo pensa que é verdade”, queixou-se.

A presidente do instituto foi mais além. “Naquela visita, a primeira-dama estava acompanhada de Galeno, aquele que recebeu 13 mil votos em Mossoró (deputado estadual Galeno Torquato, do PSD). Ele, por sugestão dela, prometeu apresentar uma emenda de 30 mil reais para o Amantino Câmara, mas até hoje não cumpriu”, narrou Edy, em contato - por telefone - com a reportagem do JORNAL DE FATO. Em seguida, reclamou em forma de cobrança: “Já ligamos várias vezes para os assessores do deputado, mas eles não resolvem nada.”

PREFEITURA

O abrigo de idoso também é prejudicado com a morosidade do Município de renovar o convênio com o Instituto Amantino Câmara. Em março deste ano, a prefeita Rosalba Ciarlini (PP) prometeu agilizar o processo, mas nada foi feito até aqui. As cobranças são feitas ao Palácio da Resistência, porém sem resposta satisfatória.

Até o ano passado, o Município e o instituto tinham uma parceria no valor de R$ 6 mil/mês. Os recursos serviriam para compra de pão, carne e gás, mas a Prefeitura passou vários meses em atraso, provocando enorme problema.

Agora, com nova gestão municipal, o abrigo de idosos espera melhor sorte, no entanto a lentidão para renovação do convênio tem colaborado para agravar as dificuldades. “Estamos aguardando que a Prefeitura resgate o compromisso”, finalizou Edy Moura.

 

 Recomendação do MPRN reduz recursos do Amantino Câmara

Um novo problema surgiu para afetar ainda mais a saúde financeira do Instituto Amantino Câmara. É que o Ministério Público Estadual (MPRN) recomendou que a instituição repasse 30% da aposentadoria dos internos para seus familiares, ficando com outros 70% para cobrir as despesas mensais. A instituição não tem como cumprir a decisão, afirma a presidente Edy Moura, uma vez que os recursos, já reduzidos, não darão para pagar as contas.

A matemática é de simples entendimento. Hoje, o Amantino Câmara utiliza a aposentadoria do interno, no valor de R$ 937,00, para ajudar a pagar a despesa com cada um dos 69 idosos abrigados na casa. Esse valor já é irrisório diante do custo mensal individual de R$ 2.500,00. Reduzindo os 30% recomendados pelo MPRN, sobrariam apenas R$ 655,90, menos de um terço da despesa de cada um.

Edy Moura se negou a assinar o termo de ajustamento de conduta (TAC) sugerido pelo Ministério Público e justificou. “Não posso assinar uma coisa que não temos condições de cumprir.” A presidente disse que as famílias dos idosos sempre resistem a colaborar, transferindo toda a responsabilidade para o instituto. “A gente liga para a família, mas elas nunca têm para ajudar”, afirmou.

Em reportagem especial feita pelo JORNAL DE FATO em 2016, a diretora administrativa do Amantino Câmara, Ênia Medeiros, contou que o complemento da despesa de casa interno vem da ajuda da sociedade, através da doação em dinheiro, de gêneros alimentícios, produtos de higiene pessoal, fraldas etc..

Mas a instituição precisa de receita para pagar os salários de 36 funcionários, encargos sociais, energia, água, telefone, entre outros serviços essenciais. “O abrigo deveria ser abraçado pelos governos e pela sociedade, porque precisa da solidariedade de todos para cuidar dos nossos idosos”, alertou, naquela ocasião.

Tags:

Amantino Câmara
abrigos de idosos
Mossoró
Edy Moura
Juliane Faria
ajuda financeira
crise
MPRN
Prefeitura

voltar