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Postado às 10h45 | 26 Out 2017 | Redação Bebês com alergia alimentar não têm apoio do Governo

Crédito da foto: site Mãe e Cia Alergia à proteína do leite de vaca (APLV)

Amina Costa/Da Redação do Jornal De Fato

As mães de Mossoró que têm filhos com alergia à proteína do leite de vaca (APLV) precisam desembolsar mais de R$ 2 mil por mês para garantir o leite especial das crianças. Isso ocorre porque nem o Município nem o Estado ofertam o leite de fórmula limpa, ideal para as crianças que têm alergia alimentar.

O Governo do Estado disponibiliza um tipo de leite especial que é possível ser ingerido por crianças que não reagem ao milho e à batata, mas é contraindicado aos que têm alergia mais complexa. O único local do estado onde esse leite totalmente livre é disponibilizado é em Natal, mas os usuários também estão tendo problemas para recebê-lo.

Eduarda Moreira é mãe de um menino de oito meses que é alérgico de alto nível e reage até o cheiro do leite comum. Ela explicou que o leite especial mais básico tem proteína hidrolisada e lactose e custa R$ 90,00. O que o filho dela toma custa R$ 197,00, por lata, e é à base de aminoácidos. Uma lata de leite dura, em média, três dias.

Ela falou ainda sobre a falta de assistência dos governos municipais e estadual, já que não existe nenhum centro de apoio aos alérgicos e que muitas crianças morrem em decorrência de alergia alimentar. “É importante ressaltar que ainda hoje, crianças morrem por alergia alimentar e a Prefeitura de Mossoró fecha os olhos para isso. Aqui não tem nenhum centro de apoio aos alérgicos. E na própria maternidade ainda fornecem leite de vaca para os bebês recém-nascidos e prematuros”, contou.

Educada Moreira falou que a falta de cuidado na maternidade causa transtornos irreversíveis para os bebês, já que não têm vacinas especiais para o caso distribuídas pela rede de saúde de Mossoró. “Temos que pagar por isso ou nos deslocar até Natal porque aqui não tem nada. Mossoró só tem uma alergologista e um gastro pediatra e, mesmo assim, a agenda é lotada e a consulta caríssima, em torno de R$ 300,00, e eles não recebem pelo plano de saúde. Para conseguir vaga pelo posto de saúde, a demora é exaustiva, de 2 a 3 meses de espera, pois eles só atendem 1 vez na semana e são apenas 5 vagas”, explicou.

“Precisamos de vacinas unicelulares e a rede pública só oferece as vacinas com vírus adormecido. Isso causa uma forte reação nas crianças, como diarreia intensa, febre muito alta, tosse, muita secreção nasal, e a criança fica muito irritada. Por isso, os médicos recomendam dá uma vacina por semana, consequentemente atrasando muito o calendário de vacinas, sem falar no sofrimento do bebê”, continuou Eduarda Moreira.

Na maioria dos casos, mesmo com a realização de exames específicos, não é possível detectar a alergia dos recém-nascidos, porque a criança nasce com a imunidade da mãe, dando um resultado de “falso negativo” para a alergia alimentar. Eduarda Moreira disse que os sintomas são variados e algumas mães acabam confundindo com outras doenças.

“Os sintomas são variados. Os mais comuns são indicações intestinal, vômito, diarreia, perda de peso e desnutrição. No caso do meu filho, ele sofria com constipação, inflamação no sistema respiratório, inflamação no sistema nervoso central, causando crises convulsivas sutis; cansaço, queda de saturação (falta de oxigênio no corpo e órgãos) e até despineia (falta de oxigênio total, chegando a desmaiar). Ficou várias dias no oxigênio para poder sobreviver”, contou.

“E o pior de tudo é você não ter assistência do Governo, passar por tudo isso sozinha, você, seu filho e os familiares. Temos que ter muita fé em Deus e muita força para trabalhar, porque o tratamento de uma criança alérgica não é nada fácil, muito menos barato. Não adianta recorrer aos planos de saúde, porque os médicos não atendem planos, e se esperar pelo SUS, a criança morre”, concluiu.

Na expectativa de melhorar a situação das crianças que têm alergia alimentar em Mossoró, está sendo elaborado um projeto que deve passar pela Câmara Municipal, segundo o qual, ficaria a cargo do Município o fornecimento do leite especial. Atualmente, as crianças que precisam tomar o leite não disponível pelo Governo recorrem à Justiça ou compram o produto.

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