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Postado às 10h30 | 10 Jul 2018 | Redação Atraso escolar atinge 45% dos alunos do ensino médio em Mossoró

Entre os indicadores analisados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), destaca-se a taxa de distorção idade-série, que aponta a proporção de alunos com dois anos ou mais de atraso escolar na rede estadual

Crédito da foto: Arquivo Sala de aula do ensino médio da rede estadual

Maricélio Almeida- Da Redação do Jornal de Fato

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) divulgou recentemente dados relacionados ao Censo Escolar 2017. Entre os indicadores analisados, destaca-se a taxa de distorção idade-série, que aponta a proporção de alunos com dois anos ou mais de atraso escolar. Em Mossoró, os números mostram que a distorção atinge 45,4% do total de discentes matriculados no ensino médio da rede estadual.

O percentual é menor do que a média registrada no Rio Grande do Norte (51,2%), mas está acima da média nacional (31,5%). Em alguns casos, a taxa de distorção em Mossoró se aproxima dos 60%, quando analisada, na zona rural, a média de alunos da 1ª série do ensino médio com atraso escolar.

Para o professor Rômulo Arnaud, que é também coordenador geral da regional do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Rio Grande do Norte (SINTE/RN), o resultado apontado pelo Censo Escolar 2017 é reflexo da falta de investimentos no setor educacional. “São dados preocupantes e alarmantes. O Brasil é um dos países que menos investem em educação, e além de investir pouco, investe de forma errada, com muitos vícios. É preciso investir na base, nas crianças da pré-escola, creches, na formação continuada de professores, que ainda é muito precária”, opina.

Rômulo ainda critica a “descontinuidade de uma política de estado”, referindo-se à substituição, muitas vezes frequente, de secretários de educação. “O que vemos, muitas vezes, não é uma política de estado, e sim uma política de governo ou até mesmo de secretários. Essa descontinuidade é uma das causas dos baixos índices na educação”, aponta o coordenador regional do Sinte-RN.

Por fim, o professor destaca que o problema não está só na distorção idade-série. “A aprendizagem ainda é muito baixa, mesmo daqueles que chegam em idade regular às séries de ensino. É preciso um investimento maciço na educação, melhorar a estrutura física das escolas, estimular mais os profissionais da educação, do ponto de vista financeiro e da formação. É preciso, também, implantarmos um currículo mais adequado para os alunos, que hoje se deparam com conteúdos que não condizem com a realidade deles e que não vão ser utilizados na prática”, finaliza.

A reportagem do JORNAL DE FATO entrou em contato com a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado da Educação e Cultura (SEEC), para obter uma declaração sobre os dados do Censo Escolar 2017. A assessoria informou que a análise dos dados pelo setor técnico da pasta demanda tempo e, por isso, não seria possível enviar a resposta até o fechamento desta edição. A reportagem também buscou ouvir a opinião da secretária de Educação do RN, Cláudia Santa Rosa, mas foi informada, pela assessoria, que a secretária estava em uma reunião e retornaria assim que possível, o que não ocorreu até o fechamento da edição.

 

Ensino médio em Mossoró tem média de 32,9 alunos por turma

Em 2017, a média de alunos por turma no ensino médio em Mossoró foi de 32,9; no ensino fundamental, 22,9; e na educação infantil, 16,3. Em todas as etapas de ensino, as turmas da rede pública são maiores que as da rede privada. Os dados são do Indicador Educacional “Média de Alunos por Turma”, derivado do Censo Escolar 2017.

A “Média de Alunos por Turma” permite avaliar o tamanho médio das turmas em diferentes etapas de ensino, redes de ensino e níveis territoriais (escolas, municípios, unidades da federação etc.). De acordo com o Inep, os dados permitem conhecer não apenas o desempenho dos alunos, mas também o contexto socioeconômico e as condições em que se dá o processo ensino/aprendizagem no qual os resultados foram obtidos.

“Os indicadores são úteis principalmente para o monitoramento dos sistemas educacionais, considerando o acesso, a permanência e a aprendizagem de todos os alunos. Dessa forma, contribuem para a criação e o acompanhamento de políticas públicas voltadas para a melhoria da qualidade da educação e dos serviços oferecidos à sociedade pela escola”, pontua o Inep.

 

Saiba mais

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) estabelece que a criança deve ingressar aos 6 anos no 1° ano do ensino fundamental e concluir a etapa aos 14. Na faixa etária dos 15 aos 17 anos, o jovem deve estar matriculado no ensino médio.

O valor da distorção é calculado em anos e representa a defasagem entre a idade do aluno e a idade recomendada para a série que ele está cursando.

O aluno é considerado em situação de distorção ou defasagem idade-série quando a diferença entre a idade do aluno e a idade prevista para a série é de dois anos ou mais.

 

Taxa vem caindo ao longo dos anos

Se comparados os anos anteriores, a taxa de distorção idade-série vem caindo na cidade. Confira:

2016: 46,3%

2015: 48%

2014: 49,3%.

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