Pesquisadores do Laboratório de Ecologia e Conservação de Fauna Silvestre da Ufersa registraram pela primeira vez um grupo de macacos-prego na Fazenda Experimental da Universidade, que fica situada a 15 quilômetros de Mossoró. “Este foi o primeiro registro dessa espécie no local e o primeiro documentado na região, evidenciando a importância da área para a conservação dessa espécie e para a biodiversidade regional”, afirma a Dra. Cecilia Irene Pérez Calabuig, professora dos Programas de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação e em Ciência Animal da Ufersa. Há quatro anos realizando pesquisas na área, os profissionais filmaram a movimentação de uma família com cinco macacos-prego jovens e adultos da espécie Sapajus libidinosus.
A presença e a permanência dos animais na Fazenda mostram que a área possui condições adequadas para suprir as necessidades dos macacos e que deve ser considerada como local para futuros planos de conservação e pesquisa da espécie que, segundo a docente, ainda não é tão estudada quando outras espécies do mesmo gênero. “Em geral, a Caatinga é pouco estudada e muitas espécies que nela existem não são pesquisadas”, acrescenta. Além disso, os macacos-prego possuem várias funções ecológicas. “Eles são dispersores de sementes e controladores biológicos de muitos artrópodes abundantes ou vetores de doenças como, por exemplo, escorpiões e espécies de insetos da família Reduviidae que podem vir a causar a Doença de Chagas”, detalha a professora.
Não é possível precisar a procedência dos animais, no entanto, de acordo com os pesquisadores, eles, possivelmente, provêm do Parque Nacional da Furna Feira, que fica a 3 quilômetros de distância em linha reta da Fazenda. “Os animais presentes na Fazenda formam parte de uma meta-população responsável pela sobrevivência da população da espécie, tornando-a viável geneticamente” explica a doutoranda em Ciência Animal Viviane Morlanes Pereira.
O registro inédito feito na Fazenda foi apresentado no II Encontro Internacional de Ecologia e Conservação, realizado neste mês de agosto na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande. No mesmo evento, os pesquisadores também apresentaram outros resultados prévios de pesquisas desenvolvidas pelos professores e alunos de graduação e pós-graduação do Laboratório de Ecologia e Conservação da Fauna Silvestre, situado no lado oeste do Campus Sede da Ufersa.
O Laboratório concentra-se em pesquisas com ecologia aplicada, trabalhando com dinâmica e saúde de pequenos mamíferos marsupiais, roedores e aves; bem como avaliando o impacto de rodovias e estradas no entorno de unidades de conservação sobre a fauna de vertebrados silvestres na Caatinga e gradientes de diversidade de vertebrados relacionados ao uso de áreas considerando pastoreio e desmatamento na Caatinga.
FAZENDA EXPERIMENTAL: BERÇO DA PESQUISA NA UFERSA
A Fazenda Experimental Rafael Fernandes tem destacada importância como berço de pesquisas na Ufersa em diversas áreas. Em relação às pesquisas na área de Ciência Animal, o local é ideal pela sua preservação e falta de interferência. “A área que trabalhamos é cercada e isso faz com que não tenhamos caça, pastoreio e entrada de animais domésticos das vizinhanças, por exemplo”, afirma a doutoranda Viviane.
Essa preservação foi oficialmente garantida em 2014 a partir da elaboração do Plano Diretor para a Fazenda, elaborado pelos professores Francismar Medeiros, Leonardo França e Paulo Sérgio. O documento visa à preservação do espaço, formado na sua grande maioria por floresta nativa da Caatinga. O Plano Diretor estabeleceu que 60% da Fazenda destina-se para a criação de uma unidade de preservação ambiental. A área destinada à pesquisa com a instalação de experimentos ficou com 160 hectares. Outros 26 hectares foram destinados para a Trilha dos Polinizadores, uma área para estudos ecológicos.
Localizada na zona rural de Mossoró, em Alagoinha, e atualmente sob a administração do engenheiro agrônomo, Francisco das Chagas Gonçalves, a Fazenda Experimental Rafael Fernandes foi incorporada à Escola Superior de Agricultura de Mossoró e, consequentemente, a Ufersa, com a transformação em Universidade. Ao todo, são cerca de 400 hectares destinados para as atividades de ensino, pesquisa e extensão. A Fazenda também conta com um casarão construído no final da década de 30, pelo Serviço de Plantas Têxteis, com recursos do Governo, que funciona como alojamento durante as atividades realizadas por professores e alunos. O espaço, que é climatizado, tem capacidade para abrigar até 25 pessoas, em dormitórios com beliches e, cozinha para o preparo das refeições.
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Fonte: UFERSA.
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