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Postado às 08h30 | 16 Nov 2018 | Redação MCMV: Caixa suspende parte de financiamento e construção civil vai demitir

Crédito da foto: Arquivo Contratação de novas unidades para famílias com renda de até R$ 2,6 mil está suspensa

Magnos Alves/Da Redação

A Caixa Econômica Federal suspendeu, por falta de recursos, a contratação de novas unidades habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida para a faixa 1,5, voltada para famílias com renda mensal máxima de até R$ 2,6 mil.

De acordo com o banco, o orçamento para essa linha de crédito imobiliário foi “utilizado em sua totalidade” e as contratações do programa para essa faixa serão retomadas no início de 2019.

A Caixa ponderou que somente a faixa 1,5 foi suspensa, todas as outras linhas de crédito continuam contratando novas unidades. As diferentes faixas do programa usam fontes de financiamento diversas. A faixa 1,5 é financiada com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Apesar de se aplicar apenas a uma faixa e de se ter tornado rotina nos últimos anos, a suspensão de novos financiamentos será bastante sentida em Mossoró. Muitas famílias terão de adiar o sonho da casa própria para 2019 e dezenas e, até, centenas de trabalhadores da construção civil serão demitidos, gerando ainda mais desemprego na cidade.

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Mossoró (SINDUSCON), Sérgio Freire, diz que a suspensão já era esperada e que o problema tem se repetido desde o final dos últimos anos, e neste ano, mais do que outros, pela iminente mudança de governo. “Obviamente que ficamos preocupados, tendo em vista as dificuldades que o setor tem enfrentado, principalmente pela diminuição de circulação de recursos; porém, estamos esperançosos para um 2019 promissor, de estabilidade e muita prosperidade”, declara.

O sindicalista confirma que a suspensão terá demissões como consequência. “Com a diminuição dos recursos disponíveis, teremos, naturalmente, a diminuição e/ou paralisação das obras existentes e, como consequência, o aumento dos índices de desemprego”, destaca.

O reflexo no mercado de trabalho será quase que automático. O construtor Jorge do Rosário, por exemplo, informa que vai paralisar obras de dois de quatro empreendimentos de sua empresa que estão em andamento.

Cerca de 60 profissionais serão demitidos, quando num cenário positivo de disponibilidade de recursos para financiamentos, a intenção seria contratar mais 50. “Lembrar que esses financiamentos são para os adquirentes. Mas, sem o comprador, o empreendimento fica inviável”, observa.

O gerente geral da Caixa em Mossoró, Julierme Torres, explica que a faixa 1,5 do Minha Casa Minha Vida está com dificuldade de dotação orçamentária. “A gente está tentando transferir os processos que já estavam tramitando, que se enquadram nessa faixa, para a faixa 2, com faixa salarial de até 2 salários mínimos. Estamos reavaliando esses processos para enquadrar na próxima faixa e assim não ter prejuízo para as pessoas que já estavam com processo tramitando na Caixa”, ressalta.

 

Faixa 2 também apresenta dificuldades de financiamento

Em Mossoró, não é só a faixa 1,5 do Minha Casa Minha Vida que está gerando problema para novos financiamentos. Segundo construtores ouvidos pelo JORNAL DE FATO, a faixa 2 também está sem recursos na cidade. “Faixa 2 na Caixa está sem recursos, mas há garantia deles de que estão vindo recursos ainda para este ano, para os próximos dias”, relata o empresário Marcelo Conrado.

Jorge do Rosário acrescenta que há também dificuldade de crédito por conta de exigências da Caixa, que dificultam o acesso ao crédito pelos clientes.

Segundo Julierme Torres, no que se refere à faixa 2, a dificuldade é com relação ao subsídio do Governo Federal para o Minha Casa Minha Vida, que precisou de suplementação. “Já foi autorizada pelo Governo a suplementação orçamentária para a concessão dos subsídios e deve estar sendo feita só a alimentação dos sistemas. Mas, já foi autorizada essa recomposição dos subsídios”, assegura.

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