Pesquisa divulgada pelo Centro de Referência em Direitos Humanos (CRDH) da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA) aponta que 85,7% da população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros) da instituição teme sofrer algum tipo de preconceito ou discriminação.
Essa foi a resposta mais repetida na pesquisa ‘Orgulho de ser quem somos nos levará além: condições e visibilidade da comunidade LGBT na Ufersa’, que ouviu alunos, professores, técnicos e servidores terceirizados nos campi de Mossoró, Angicos, Caraúbas e Pau dos Ferros.
O temor de sofrer algum tipo de violência, seja física ou psicológica, aparece em segundo lugar, com 60%. Outros 37,1% responderam que preferem manter a sua sexualidade reservada e 20% afirmaram não gostar de demonstrações de afeto e carinho em ambiente público.
A pesquisa apontou ainda que 58,5% dos respondentes já presenciaram algum tratamento desigual ou discriminatório para com a população LGBT dentro da universidade, sendo 64,6% vindo dos estudantes; 63,3% por parte dos professores; 21,5% dos técnico-administrativos; 11,4% da guarda universitária e, 12,7% por parte dos servidores terceirizados.
A maior incidência ocorre no Centro de Convenções (86,7%); seguido pela sala de aula, com 76,5%; o Restaurante Universitário, com 38,8% e, os espaços de representações, com 24,5% das ocorrências.
A pesquisa constatou ainda que há dentro da universidade um tratamento diferenciado com relação à comunidade LGBT. A maior incidência, 87,9%, estando relacionada a comentários pejorativos, piadas e brincadeiras, o que caracteriza LGBTfobia. O tratamento grosseiro e autoritário foi apontado por 39,4% dos respondentes, seguido pelo assédio moral, com 28,3% e, o assédio sexual, com 13,1%.
Outro dado preocupante detectado na pesquisa é que 92,5% das pessoas que foram vítimas de atos discriminatórios não fizeram nenhum tipo de denúncia à universidade. Já os 7,5% que afirmaram ter levado o caso às instâncias da Ufersa informaram que nenhuma providência foi tomada com relação à denúncia. A justificativa dos respondentes para não denunciar os casos de discriminação quase à metade (44,9%) é por medo de sofrer algum tipo de represália/perseguição em função da denúncia. O desconhecimento das instâncias superiores universitárias aparece em segundo lugar nas justificativas com 36,7%. Outros 30,7% não consideraram a prática discriminatória grave o suficiente para gerar uma denúncia.
Para a coordenadora do CRDH, professora Gilmara Medeiros, a pesquisa foi importante para evidenciar a discriminação que existe dentro da universidade. “Primeiro para compreender o que a população LGBT sente nesse espaço – incluída, excluída, amedrontada, discriminada, enfim, se sofre de alguma forma e, num segundo momento, se procurou saber como se dá essa violência, essa discriminação, em que espaços e por quem”, afirmou.
A pesquisa ouviu 135 pessoas e os resultados foram divulgados dentro da programação do III Seminário de Articulação em Direitos Humanos do Oeste Potiguar, realizado na Ufersa.
CRDH recomenda estratégias de combate a ações LGBTfóbicas
Diante da constatação feita pela pesquisa, o CRDH recomenda algumas estratégias de combate a ações LGBTfóbicas na Ufersa. São elas: adoção de uma política educacional permanente, para conscientização sobre os direitos das pessoas LGBT e o fomento de uma cultura de respeito junto a toda a comunidade universitária; ampliação dos diálogos sobre direitos humanos e diversidade nos diferentes espaços acadêmicos; o fortalecimento das instâncias competentes para o recebimento de reclamações e denúncias sobre condutas violadoras dos direitos das pessoas LGBT, a reestruturação da Comissão de Práticas Excludentes como apoio ao trabalho da Ouvidoria, bem como a criação de campanhas de combate à discriminação de gênero e diversidade sexual no ambiente universitário, e a regulamentação de sanções administrativas para os agentes de práticas discriminatórias e excludentes na instituição.
Qualquer denúncia sobre atos discriminatórios no âmbito da Ufersa deve ser encaminhada à Ouvidoria através do e-mail ouvidoria@ufersa.edu.br, pelo telefone (0xx84) 3317-8232 ou, ainda, se dirigir pessoalmente na sala da Ouvidoria que fica localizada no prédio da Reitoria.
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