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Postado às 10h54 | 01 Dez 2018 | Redação Quase 90% da população LGBT da Ufersa teme preconceito ou discriminação

Crédito da foto: Passos Júnior Resultados foram divulgados dentro da programação do III Seminário de Articulação

Pesquisa divulgada pelo Centro de Referência em Direitos Humanos (CRDH) da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA) aponta que 85,7% da população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros) da instituição teme sofrer algum tipo de preconceito ou discriminação.

Essa foi a resposta mais repetida na pesquisa ‘Orgulho de ser quem somos nos levará além: condições e visibilidade da comunidade LGBT na Ufersa’, que ouviu alunos, professores, técnicos e servidores terceirizados nos campi de Mossoró, Angicos, Caraúbas e Pau dos Ferros.

O temor de sofrer algum tipo de violência, seja física ou psicológica, aparece em segundo lugar, com 60%. Outros 37,1% responderam que preferem manter a sua sexualidade reservada e 20% afirmaram não gostar de demonstrações de afeto e carinho em ambiente público.

A pesquisa apontou ainda que 58,5% dos respondentes já presenciaram algum tratamento desigual ou discriminatório para com a população LGBT dentro da universidade, sendo 64,6% vindo dos estudantes; 63,3% por parte dos professores; 21,5% dos técnico-administrativos; 11,4% da guarda universitária e, 12,7% por parte dos servidores terceirizados.

A maior incidência ocorre no Centro de Convenções (86,7%); seguido pela sala de aula, com 76,5%; o Restaurante Universitário, com 38,8% e, os espaços de representações, com 24,5% das ocorrências.

A pesquisa constatou ainda que há dentro da universidade um tratamento diferenciado com relação à comunidade LGBT. A maior incidência, 87,9%, estando relacionada a comentários pejorativos, piadas e brincadeiras, o que caracteriza LGBTfobia. O tratamento grosseiro e autoritário foi apontado por 39,4% dos respondentes, seguido pelo assédio moral, com 28,3% e, o assédio sexual, com 13,1%.

Outro dado preocupante detectado na pesquisa é que 92,5% das pessoas que foram vítimas de atos discriminatórios não fizeram nenhum tipo de denúncia à universidade. Já os 7,5% que afirmaram ter levado o caso às instâncias da Ufersa informaram que nenhuma providência foi tomada com relação à denúncia. A justificativa dos respondentes para não denunciar os casos de discriminação quase à metade (44,9%) é por medo de sofrer algum tipo de represália/perseguição em função da denúncia. O desconhecimento das instâncias superiores universitárias aparece em segundo lugar nas justificativas com 36,7%. Outros 30,7% não consideraram a prática discriminatória grave o suficiente para gerar uma denúncia.

Para a coordenadora do CRDH, professora Gilmara Medeiros, a pesquisa foi importante para evidenciar a discriminação que existe dentro da universidade. “Primeiro para compreender o que a população LGBT sente nesse espaço – incluída, excluída, amedrontada, discriminada, enfim, se sofre de alguma forma e, num segundo momento, se procurou saber como se dá essa violência, essa discriminação, em que espaços e por quem”, afirmou.

A pesquisa ouviu 135 pessoas e os resultados foram divulgados dentro da programação do III Seminário de Articulação em Direitos Humanos do Oeste Potiguar, realizado na Ufersa.

 

CRDH recomenda estratégias de combate a ações LGBTfóbicas

Diante da constatação feita pela pesquisa, o CRDH recomenda algumas estratégias de combate a ações LGBTfóbicas na Ufersa. São elas: adoção de uma política educacional permanente, para conscientização sobre os direitos das pessoas LGBT e o fomento de uma cultura de respeito junto a toda a comunidade universitária; ampliação dos diálogos sobre direitos humanos e diversidade nos diferentes espaços acadêmicos; o fortalecimento das instâncias competentes para o recebimento de reclamações e denúncias sobre condutas violadoras dos direitos das pessoas LGBT, a reestruturação da Comissão de Práticas Excludentes como apoio ao trabalho da Ouvidoria, bem como a criação de campanhas de combate à discriminação de gênero e diversidade sexual no ambiente universitário, e a regulamentação de sanções administrativas para os agentes de práticas discriminatórias e excludentes na instituição.

Qualquer denúncia sobre atos discriminatórios no âmbito da Ufersa deve ser encaminhada à Ouvidoria através do e-mail ouvidoria@ufersa.edu.br, pelo telefone (0xx84) 3317-8232 ou, ainda, se dirigir pessoalmente na sala da Ouvidoria que fica localizada no prédio da Reitoria.

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