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Postado às 08h35 | 24 Mar 2019 | Redação Projeto da Uern trabalha no resgate e reabilitação de animais marinhos

Crédito da foto: Reprodução Cetáceos da Costa Branca (PCCB-Uern), desenvolve projetos e ações de pesquisa

JORNAL DE FATO

O canudo que você usa para tomar a água de coco, o copo descartável que você toma o refrigerante, a garrafinha pet da água mineral, a sacolinha plástica. Esses e outros produtos, que são descartados de forma incorreta na praia, são responsáveis por grande parte da contaminação e, até, óbitos de animais marinhos, como tartarugas, peixes-boi, golfinhos, aves, entre outros, que terminam encalhando na costa potiguar.

A intensa atividade pesqueira, as salinas e a indústria petroquímica também são fatores que favorecem o encalhe desses animais no litoral potiguar. Eles chegam à costa potiguar bastante debilitados, necessitando de cuidados especiais para serem devolvidos ao seu ambiente de origem.

Há mais de 20 anos, a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), através do projeto Cetáceos da Costa Branca (PCCB-Uern), desenvolve projetos e ações de pesquisa, monitoramento, conservação e educação com foco na fauna marinha da bacia potiguar. O projeto é coordenado pelo prof. dr. Flávio Lima (Uern).

Os serviços são executados por meio de contratos e convênios com empresas privadas e órgãos governamentais, envolvendo instituições parceiras. O PCCB-Uern e as instituições parceiras possuem equipe e infraestrutura qualificada para atuar em projetos relacionados ao licenciamento e condicionantes ambientais em diferentes aspectos e ecossistemas, como enfoque principal em áreas costeiras e marinhas.

O projeto foi fundado em 1998 por iniciativa de estudantes e professores do curso de Ciências Biológicas da Uern, com o propósito inicial de estudar o comportamento e ecologia de cetáceos na região da Costa Branca. Hoje, o Projeto Cetáceos abrange uma faixa litorânea de 400 km do Rio Grande do Norte e mais 150 km do Ceará, com uma área de cobertura de Caiçara do Norte (RN) até Aquiraz (CE).

Desde sua criação, o projeto atua em ações de emergência no resgate de animais marinhos. Nos dois primeiros anos de atuação, o projeto concentrava esforços na realização de estudos sobre diversidade, ecologia e comportamento de cetáceos na região. Já no primeiro ano de fundação também passou a atender encalhes de baleias e golfinhos vivos e mortos. Devido ao crescente número de espécimes encalhados vivos na área, a equipe do Projeto Cetáceos participou da elaboração de protocolos de condutas de resgate e manejo desses animais.

A equipe é composta por biólogos, veterinários e tratadores de animais. Além de todos os exames clínicos e cuidados necessários, os animais também são submetidos a testes comportamentais antes de serem devolvidos ao habitat natural. Os animais marinhos são marcados num padrão internacional com anilhas metálicas, cuja implantação não causa dor e nem infecção.

“Nós estamos inseridos em uma área com várias interações antrópicas. Estamos rodeados de salinas, a atividade pesqueira na região é bem significativa, tem a indústria petroquímica e vários animais terminam encalhando devido a todas as ações provenientes da ação do homem na região. Nosso trabalho é atender, ajudar a salvar esses animais para que eles possam ser devolvidos ao ambiente natural com uma condição clínica mais favorável, mais satisfatória”, afirma o veterinário Augusto Boaviagem.

 

Iniciativa ajuda no desencalhe de animais marinhos

Em setembro de 2013, o projeto atuou diretamente no encalhe em massa de 30 golfinhos da espécie “falsa-orca” (Pseudorca crassidens) na praia de Upanema, em Areia Branca, o maior já registrado no Brasil. A equipe conseguiu devolver 24 indivíduos ao mar, o que representa um sucesso de 83%.

Além da base de reabilitação de Areia Branca, o projeto possui outras bases de apoio e pesquisa. Em Mossoró, a base é voltada para pesquisa e diagnóstico de morte dos animais. O Centro de Diagnóstico está localizado no Campus Central da Uern.

“Nós estamos lidando com animais de vida livre, que por algum motivo encalham e aí vem toda a nossa responsabilidade em tratar, cuidar e tentar retornar esse animal à natureza”, afirma a veterinária Amy Borges, que também compõe o projeto.

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