Por enquanto, o Hospital Wilson Rosado foi o único a retomar as cirurgias eletivas.
A primeira semana da retomada das cirurgias eletivas em Mossoró foi encerrada com 10 pacientes atendidos pelo Hospital Wilson Rosado.
Inicialmente, os procedimentos cirúrgicos estão sendo destinados para pacientes que estão internados no Hospital Regional Tarcísio Maia ou que tenham sido encaminhados para o Hospital Rafael Fernandes.
Entre os pacientes que já foram atendidos, o sentimento é de alívio e alegria.
O JORNAL DE FATO acompanhou dois pacientes em processo de recuperação no Hospital Wilson Rosado.
Coincidentemente, os dois se acidentaram na mesma data: no último dia 3 de março.
O ajudante de pedreiro Jefferson Jardel Fernandes, 29, sofreu uma queda de uma carroça enquanto trabalhava e fraturou a tíbia. Deu entrada no Tarcísio Maia no mesmo dia, tendo ficado internado por lá durante 18 dias. Com as cirurgias suspensas por falta de pagamento, ele foi liberado para ir esperar o procedimento em casa. Foram mais oito dias de espera e angústia.
Já em recuperação nesta sexta-feira (29), Jefferson relatou que não tinha esperança de ser atendido enquanto estava no Tarcísio Maia. Agora, ele espera se recuperar rápido para voltar a trabalhar com a carroça e sustentar os três filhos.
Francisco Santiago, 49, sofreu um acidente de trânsito enquanto trafegava de moto também no dia 3 de março.
Ele precisou passar por uma cirurgia no fêmur e confessa que quase perdeu a esperança durante os longos 25 dias de internamento no Tarcísio Maia. “Havia muita promessa e mudança de datas”, lembra.
Na próxima semana, novos pacientes poderão substituir a angústia da espera pela alegria do atendimento. A programação do Hospital Wilson Rosado já foi definida e prioriza novamente os pacientes do Tarcísio Maia.
Por enquanto, o Wilson Rosado foi o único a retomar as cirurgias eletivas.
Já a Associação de Assistência e Proteção à Maternidade e à Infância de Mossoró (APAMIM) e a Liga Mossoroense de Estudos e Combate ao Câncer (LMECC) continuam sem cumprir o acordo definido no Ministério Público do Rio Grande do Norte em 13 de março.
A LMECC informou que está aguardando o repasse dos 40% do plus de janeiro de 2019 pela Prefeitura de Mossoró, cujo prazo se encerrava nesta sexta-feira (29). A unidade também ainda tenta um acordo com a Clínica de Anestesiologia de Mossoró para a contratação dos profissionais.
A reportagem do DE FATO entrou em contato com a interventora da Apamim, Larizza Queiroz, mas ela não respondeu ao questionamento desde quarta-feira (27).
Até o fechamento desta edição, não havia confirmação do repasse dos 40% do plus do SUS pela Prefeitura de Mossoró.
Hospital tenta negociar dívida do Estado e Município
Única unidade a retomar as cirurgias eletivas, o Hospital Wilson Rosado tenta negociar dívidas que começaram em 2018 e se estendem até este ano.
O montante de R$ 14 milhões é referente a uma dívida acumulada de abril a dezembro de 2018 do Governo do Estado e de fevereiro de 2018 a janeiro de 2019 da Prefeitura de Mossoró. O Município deve R$ 6 milhões, desde fevereiro de 2017; o Estado deve R$ 8 milhões, desde abril do mesmo ano.
Sem repasses periódicos, a Justiça tem sido o único caminho para resgatar contratos e fazer honrar pagamentos.
Essas dívidas têm origem em contratos de leitos de UTI e de cirurgias eletivas. Outras dívidas estão acumuladas. O Governo do Estado tem uma conta a pagar ao Wilson Rosado de R$ 470 mil, referente à contratação de exames em 2016, quando o tomógrafo do Tarcísio Maia quebrou pela primeira vez. O serviço foi prestado, mas a conta ficou para depois, e até hoje não foi quitada.
Em muitos casos, o hospital fica sujeito às condições impostas pela Justiça, como no caso de uma negociação de uma dívida da gestão do ex-prefeito Silveira Júnior, em que o montante foi parcelado em 26 parcelas.
Na prática, o hospital presta o serviço à vista, mas recebe atrasado e em parcelas a perder de vista.
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