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Postado às 17h15 | 20 Jul 2017 | Redação Morre o historiador Marco Aurélio Garcia, o petista conhecido pelo 'top top'

Crédito da foto: veja.com Garcia foi um dos principais responsáveis pela formulação dos programas de governo de candidaturas d

Morreu nesta quinta-feira o historiador Marco Aurélio Garcia, ex-assessor especial de Assuntos Internacionais dos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Dirigente histórico do PT, Garcia estava com 76 anos e sofreu um infarto fulminante em São Paulo.

Garcia foi um dos principais responsáveis pela formulação dos programas de governo de candidaturas de Lula em 1994, 1998 e 2006. Ele também trabalhou ativamente para a eleição de Dilma em 2010.

É creditada a Garcia a mudança ideológica na política externa do Brasil durante as administrações petistas. Ele defendia que o país se distanciasse de Estados Unidos e Europa para se alinhar aos governos de esquerda que chegaram ao poder na última década em diversos países da América Latina.

Garcia foi um dos articuladores que levaram o Brasil a priorizar as relações comerciais com os países integrantes dos Brics (Rússia, China, Índia e África do Sul). A política também implicava em um distanciamento econômico de Estados Unidos e União Europeia.

Professor aposentado do Departamento de História da Unicamp, Garcia nasceu em Porto Alegre e chegou a se eleger vereador na cidade. Exilou-se por nove anos durante a ditadura militar e morou na França, Chile e Uruguai. Ao regressar ao Brasil, ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT), ao qual ainda era filiado. Também foi um dos organizadores do Foro de São Paulo, que reúne dirigentes de diversos partidos e organizações de esquerda latino-americanos.

“Top Top”

Em 2008, Garcia ganhou o apelido de “Top Top” ao ser flagrado fazendo gestos obscenos enquanto assistia a uma reportagem sobre o acidente com o Airbus A320 da TAM, que saiu da pista no aeroporto de Congonhas e matou 199 pessoas. O noticiário informava sobre a descoberta de um defeito técnico na aeronave. Garcia, que estava em seu gabinete no Palácio do Planalto quando foi filmado por uma câmera de televisão, fazia os gestos porque o governo Lula chegou a ser responsabilizado pela tragédia. O acidente completou dez anos na última segunda-feira.

“Aquilo foi uma das coisas mais sórdidas que montaram contra mim”, disse Garcia, ao comentar o episódio em uma entrevista à revista “Piauí”, em 2009. “Antes que houvesse qualquer evidência, começaram a culpar o governo. Ficamos numa tensão muito grande, pois o caso envolvia a morte de cerca de 200 pessoas. A “Folha de S.Paulo” chegou a publicar um artigo que acusava o presidente de assassino.”

Na mesma entrevista, Garcia disse que, com a reviravolta nas investigações, “a Globo não teve como esconder a notícia e acabei fazendo aquele gesto, mas lógico que não era uma comemoração, era um desabafo. Era como se eu dissesse para a Globo: ‘Vão para a PQP, seus irresponsáveis.’ Eu estava sob enorme tensão, na minha sala, em privado, com meu assessor”.

Com as informações: VEJA

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