Terça-Feira, 23 de abril de 2024

Postado às 14h15 | 18 Ago 2017 | Autocrítica do PSDB em programa intensifica racha. Veja video na TV DEFATO

Crédito da foto: Marcos Oliveira/Agência Senado O senador tucano Ataídes Oliveira protagonizou um dos momentos que vídeo do PSDB critica, mas imagem

Do Congresso em Foco

Após a veiculação da propaganda partidária nesta quinta-feira (17), o racha no PSDB se aprofundou. O vídeo de dez minutos, que propõe a autocrítica do partido, rendeu manifestação contrária dos ministros Aloysio Nunes (Relações Exteriores), Bruno Araújo (Cidades) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), evidenciando ainda mais a divisão dentro do partido.

VEJA O VÍDEO NA TV DEFATO

Em meio a repercussão do vídeo, uma reunião entre Temer e os ministros tucanos está prevista para ainda hoje (sexta, 18). A falta de entendimento foi exposta de vez com as manifestações, divulgadas nas redes sociais dos ministros.

Aloysio Nunes foi o mais enfático, e começou sua consideração, publicada no Twitter e no Facebook, afirmando que o programa é “um monumento à inépcia publicitária, e a expressão de uma confusão política”.

Bruno Araújo postou imagem de sua nota à imprensa no Twitter. Ambos concluem suas manifestações afirmando que a peça veiculada não os representa.

O vídeo já vinha causando desconforto desde que começou a ser anunciado, há pelo menos 10 dias, com trechos curtos afirmando que “o PSDB errou”, mas sem dizer como.

O partido se desentende sobre a permanência na base do governo desde maio, com a revelação das delações da JBS, em que Temer e Aécio Neves (PSDB-MG), até então presidente da sigla, foram gravados em conversas pouco republicanas. O próprio Aécio passou a ser investigado no nono inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) e foi afastado da presidência do partido.

O programa partiu do presidente interino da legenda, o senador Tasso Jereissati (CE), que defende o desembarque da base. Ele chegou a afirmar que não acreditava que o vídeo fosse causar problemas a ele dentro do partido.

A versão completa do vídeo, afirmando que o atual governo faz um “presidencialismo de cooptação”, irritou os ministros. A explicação da expressão adotada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que traz uma espécie de desenho animado em que políticos são representados por bonecos recebendo dinheiro em troca de apoio ao governo, foi um dos pontos sensíveis. “Eu diria aos que conceberam e aprovaram essa mensagem: alto lá!”, escreveu Aloysio Nunes, e prosseguiu afirmando que, em seus 30 anos de vida parlamentar, “nunca recebi dinheiro ou pedi vantagens para apoiar as agendas em que acredito. De quem o programa está falando?”, questiona o ministro.

Para Imbassahy, a linha adotada no vídeo ofende o próprio partido e traz colocações rasas e genéricas, sem apontar os “culpados por vícios e mazelas que o programa condenou”. “A linha adotada no programa partidário ofende fortemente o PSDB, colocando o partido numa posição extremamente ruim e desconfortável, como se fosse o culpado por todos os problemas, inclusive aqueles criados por governos do PT, dos quais foi oposição”, afirmou.

Bruno Araújo avaliou que o programa não é “justo com a história do partido”. “Os parlamentares do PSDB têm votado em ideias em que acreditam. Por outro lado o partido tem ajudado a tirar o Brasil da crise criando novos programas sociais ou recuperando ações que estavam paralisadas”.

Racha

A votação do prosseguimento da denúncia indicou o quão rachado o partido se encontra: o relatório contra o prosseguimento da denúncia foi elaborado pelo tucano Paulo Abi-Ackel (MG), e entre os 46 deputados do partido, 21 votaram contra o relatório do correligionário.

A pauta econômica e reformista de Temer é defendida pelo partido no geral. O dissenso se dá em torno do próprio peemedebista. Enquanto a ala que defende a saída alega que o governo está desmoralizado e sem apoio para tocar as pautas que consideram necessárias, os que querem permanecer na base contestam que uma debandada tucana geraria ainda mais desconfiança na economia e na política, prejudicando o andamento das reformas que o partido considera necessárias.

Além de Tasso, já defenderam o abandono do barco governista o senador Ricardo Ferraço (ES), que chegou a afirmar que a situação de Temer era “insustentável”, e o deputado Daniel Coelho (PE). No dia da votação da denúncia, o deputado afirmou à reportagem do Congresso em Foco que o “correto seria o partido conseguir uma posição da Executiva Nacional para a entrega de cargos”.

Autocrítica abafada

Enquanto criticava as atitudes consideradas chocantes no Senado, o vídeo tucano mostra a confusão na Comissão de Assuntos Econômicos da Casa, durante as discussões sobre a reforma trabalhista. Lamentando a “mensagem que os políticos acabam passando para o país”, o vídeo reproduz a discussão acalorada, que quase acabou em confronto físico, protagonizada pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Ataídes Oliveira (PSDB-TO). A imagem do tucano, contudo, é estrategicamente preservada no vídeo.

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