Quinta-Feira, 25 de abril de 2024

Postado às 10h00 | 15 Jan 2018 | Redação Senador Garibaldi Filho é o entrevistado no 'Cafezinho com César Santos'

Crédito da foto: Assessoria do Senador Senador Garibaldi Filho, presidente estadual do MDB, tomou o "Cafezinho com César Santos"

Presidente estadual do MDB, o senador Garibaldi Filho tem pela frente o desafio de liderar o processo político eleitoral deste ano. Ele assumiu o comando do partido depois que o ex-deputado e ex-ministro Henrique Eduardo Alves foi preso, e ainda está. Nesta entrevista, concedida em Tibau, na casa da presidente da Câmara Municipal de Mossoró, vereadora Izabel Montenegro, Garibaldi Filho destaca o papel que desenvolverá e afirma que é preciso a união dos políticos.

O senador não descartou a possibilidade da manutenção da aliança MDB/PP, efetivada em Mossoró nas eleições de 2016, e disse que a cidade deverá ter espaço no projeto que inclui o prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), como provável candidato ao Governo do Estado. Leia abaixo:

 

VAMOS para uma campanha eleitoral que, pela primeira vez, o MDB vai com o senhor presidente e que vai liderar esse processo político. Esse desafio dá um frio na barriga ou o senhor está preparado para conduzir esse processo?

 

ESSA história de frio na barriga, você pode ouvir das pessoas mais experientes em qualquer área de atuação. Sempre alegam que esse frio da estreia nunca acaba. Não posso ser diferente depois de dez eleições. Costumo dizer que ganhei nove e perdi uma... Mesmo com toda essa experiência, tenho de reconhecer duas coisas: primeiro, que, na verdade, toda eleição é uma história. E há pouco você dizia que essa é que está complicada em termos de desafio. Então, toda eleição é uma história diferente, mas eu estou confiante. Não estamos passando por um momento fácil, e isso (inclui) o próprio MDB do Rio Grande do Norte, que está sofrendo esse problema da ausência do deputado Henrique Eduardo Alves, mas tudo isso nos leva ao dever de procurar encontrar os caminhos da vitória, que não vão passar apenas por uma disputa de um partido sobre o outro. Vão passar pelo trabalho de convencimento da população, do cidadão, de que essa crise deve ser enfrentada pelos políticos. Por que não? Por que se dizer que os políticos não estão comprometidos? Vamos separar o joio do trigo. Vamos procurar fazer ver a responsabilidade que sempre tivemos e fazer ver que essa situação... Claro, os que quiserem entrar na política, parece que as portas estão abertas para eles, e aqueles que vão continuar, vão ter essa oportunidade de conscientizar a população. É um desafio.

 

 

A SITUAÇÃO delicada em que se encontra o ex-deputado e ex-ministro Henrique Alves dificulta esse discurso do MDB?

DIFICULTA do ponto de vista de que Henrique sempre foi uma liderança, sempre foi o sucessor da maior liderança popular do estado, que foi Aluízio Alves... E sempre foi uma liderança dentro do partido, muito respeitado. E eu não queria tapar o sol com a peneira. Estamos falando aqui de Tibau, com esse sol maravilhoso e que eu não estou aproveitando nada, a não ser da benevolência, dessa vocação de anfitriã de Izabel Montenegro... Mas eu quero dizer que ninguém pode tapar o sol com a peneira. A gente sente a falta de Henrique, mas sabemos muito bem que essa prisão dele é injusta, uma prisão preventiva que não deveria ter essa continuidade que está tendo. Já estamos com sete meses que ele está preso. Não foi julgado ainda o mérito da questão; e só por conta de suspeitas, de delações, submeteram o ex-deputado Henrique Alves a esse sofrimento.

 

ESSA defesa, evidentemente, tem o laço familiar, e a questão sentimental que o senhor faz do seu primo Henrique Alves não pode ser mal interpretada sob o ponto de vista político-eleitoral?

ESSA defesa, eu farei muito à vontade porque conheço de perto o ex-deputado Henrique Alves e sei da injustiça que se praticou contra ele. Mas, na verdade, você há de convir que o adversário não vai deixar de explorar isso com as tintas das mais tenebrosas possíveis. Mas, tenho certeza de que nós vamos encontrar os caminhos da vitória de Henrique e enfrentando a injustiça que ele está sofrendo.

 

QUAL o principal projeto do MDB nessas eleições?

O PROJETO principal do MDB é ter uma participação que venha a eleger deputados estaduais, a eleger deputados federais, que venha eleger um senador. Para governador, temos uma espécie de compromisso com o prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT), de Natal. Fizemos uma aliança com ele na eleição passada e ele nos deu a possibilidade e hoje contamos com a participação do vice-prefeito, que é o ex-deputado estadual Álvaro Dias (MDB). Nós vamos focar, que é a palavra da moda, procurar objetivar nosso desempenho em torno disso aí. A não ser que haja algum fato novo.

 

O PREFEITO Carlos Eduardo ainda não assumiu essa condição de pré-candidato. O que está faltando para ele assumir o projeto?

ELE está muito empenhado na questão administrativa. O prefeito Carlos Eduardo tem um acervo muito bom de obras realizadas em Natal. Afinal de contas, é a quarta vez que ele assume a Prefeitura de Natal. Acho que ele tem tudo para ser o candidato, e se estivesse aqui com vocês, iria confirmar, tem dito que não é candidato, mas pode ser. Se ele puder ser, acredito que eu e o MDB vamos apoiá-lo.

 

ONDE é que Mossoró entra nesse projeto?

MOSSORÓ sempre vai ter participação no nosso projeto. Claro que não podemos, de maneira nenhuma, deixar de reconhecer o poderio, a participação eleitoral, em número de eleitores e mesmo dentro de um aspecto de que Mossoró é a segunda maior cidade do estado. Então, nós não podemos ter um projeto estadual sem contar com Mossoró. Mas a sua pergunta é mais específica, se vamos ter um candidato...

 

NAS eleições de 2016, o seu partido apoiou a candidatura da prefeita Rosalba Ciarlini, com aliança do MDB com PP... Essa aliança vai derivar para a campanha deste ano?

PODE acontecer. Há pouco eu estava falando da aliança com o PDT, do prefeito Carlos Eduardo. Mossoró pode... Agora eu não posso ser o noivo, o MDB não pode ser o noivo sem consultar, não é nem o pai da “nova” (leia-se PDT). É consultar a própria “noiva” (leia-se o prefeito Carlos Eduardo). E isso, acredito, poderá acontecer com Mossoró compondo, participando da nossa chapa.

 

QUANDO a “noiva” será consultada?

BOM, a “noiva” poderá ser consultada agora a qualquer momento, porque o ano eleitoral chegou. Nós estamos aqui, claro, atendendo convite da presidente da Câmara Municipal de Mossoró, Izabel Montenegro, e também acredito que vocês vão acreditar que vamos conversar política. Estamos conversando agora e não há ninguém que tenha trazido um calção de praia, dessas pessoas, para desfrutar do veraneio de Tibau, que é muito bom. (Estiveram na casa de Izabel Montenegro, além dela e de Garibaldi, doze vereadores, quatro prefeitos, dentre eles a prefeita Rosalba Ciarlini, o deputado federal Walter Alves e a deputada estadual Larissa Rosado)

 

O SENHOR disse anteriormente que é preciso convencer o eleitor. Existe um clamor popular, diante da crise pela qual o país passa, acerca da ausência de lideranças. O senhor disse que os políticos devem se unir. Como o MDB discutirá esse tema? Será que o eleitor está preparado para aceitar essa proposta?

HOJE, não podemos ocultar isso, até porque as pesquisas estão dizendo isso, mas isso poderá mudar, e faço votos que mude. No momento, as pesquisas trazem quase 50% de cidadãos que dizem: “Eu não voto em ninguém!”. É uma exclamação que está traduzida nessas pesquisas. E outros dizem, e acredito que seja a indecisão, que não têm candidatos. Mas, o que preocupa mais é a parcela primeira do eleitorado. Mas, acho que volto ao que disse no início: temos condições de dizer ao eleitor que política não se faz sem políticos. Vamos ter, claro, aqueles que virão para ingressar na política de que se constituem o novo na política. E vamos procurar incorporar também, sendo o caso, o novo. Porque sabemos que há um caminho aberto para esse discurso.

 

A CHAPA de 2010, da qual o senhor participou e foi vitoriosa na companhia do senador José Agripino, será mantida em 2018?

ESSA parceria tem muita chance de ser mantida. Pelo resultado do que alcançou, pela afinidade que se deu no Senado, no dia a dia do Senado. Agora, temos que reconhecer que temos um companheiro que também cogita o lançamento da sua candidatura, que é o ex-senador Geraldo Melo. Vamos examinar isso com pesquisas, claro. Eu também estou disposto... É muito fácil você dizer que vai submeter fulano de tal às pesquisas e deixando de lado você. Eu também vou procurar ser incluído e esperar o julgamento. Por hora, não tem chapa lançada.

 

SERIA uma opção, até porque Agripino está meio fechado, sem poder sair de casa...

ACHO que não. Ele vem, claro... Sei que fizeram acusações contra ele e fizeram contra mim... Mas tenho plena convicção que isso tudo vai ser arquivado. O problema todo é que até ser arquivado, você fica exposto e a exposição se torna ainda maior.

 

SENADOR, o RN atravessa uma das piores crises de sua história. E chama atenção entrevista do governador Robinson Faria, dizendo que a culpa não é dele, e sim dos ex-gestores. Entre os ex-gestores está o senhor, que foi governador por oito anos. Como o senhor vê essa declaração do governador?

VEJO o governador querendo dizer que... No meu caso seria um bocado de tempo passado, já... Mas querendo dizer que os problemas que ele encontrou não foram enfrentados, talvez, antes de ele ser governador. Acho que governante nenhum que se colocar diante de uma situação como essa, que está sendo colocada diante do problema nosso, do RN... essa situação teria que ser enfrentada no primeiro dia de administração. Olhar o retrovisor, tudo bem, dizer à população que os problemas não começaram agora, que está sendo uma aberração. Agora se o problema persiste, continua, tem que ser enfrentado como ele está procurando enfrentar agora. Mas isso não nos deve levar à omissão de dizer que ele tivesse já encaminhado essa série de medidas disso que estão chamando de pacote.

 

O SENHOR disse que precisa da união de políticos para tirar o RN da crise. Hoje, a Assembleia Legislativa tem mais cargos comissionados que o Governo do Estado...

NÃO quero entrar aqui nos problemas da Assembleia, dos deputados. Eu já fui deputado estadual por quatro mandatos e sei que a AL sempre foi uma Casa em que tivemos uma lotação não muito adequada, principalmente do ponto de vista político, técnico. A união que falo, dos políticos, é união para enfrentar esse desafio que estamos enfrentando. Quando chegar a eleição, claro que vamos ter cada um fazendo o seu discurso. Mas, neste momento, acho que os políticos devem estar unidos, inclusive para enfrentar esse discurso injusto de que há políticos que estão torcendo contra o êxito do governador. O êxito do governador não é do governador. Agora estamos preocupados é com o Estado, com a possibilidade de o Estado enfrentar, com êxito, esse desafio do presente.

 

O MDB orientou a bancada a votar a favor do pacote fiscal?

ORIENTOU. Eu mesmo, claro, tive diversas conversas com nossos deputados. Agora, não fechamos questão. Acredito que os deputados vão compreender, como eu compreendo, que as medidas são duras, são realmente uma cota de sacrifício em alguns casos, mas que isso precisa ser enfrentado. Foi isso que dissemos aos nossos deputados.

 

O SENHOR foi deputado de quatro mandatos, governador em dois mandatos, vai fazer 24 anos no Senado, claro que o senhor tem muito a oferecer ao RN e ao Brasil, mas essa eleição seria uma última?

SIM, claro que seria. Eu não posso deixar de considerar que a idade... Meu pai, por exemplo, que tem 94 anos, diz que essa história de dizer que a terceira idade é a melhor idade, isso não é verdade. Em termos políticos, então eu também considero isso, dentro do horizonte que você traçou para a minha carreira política.

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