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Postado às 10h15 | 31 Jan 2018 | Redação Blog do César Santos: privatização da Caern é tema delicada para o governador

Crédito da foto: Reprodução Governador Robinson Faria já disse reiteradas vezes que não venderá a Caern

Por César Santos

A venda da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN) voltou à pauta do dia. Coube à equipe técnica do Tesouro Nacional trazer o debate de volta ao sugerir a privatização da empresa, como meio de o governo se adequar às exigências do Governo Federal para aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF).

O tema não é novo. Vai e volta nas últimas décadas. A reação popular, contrária quando se fala em privatização, faz os governantes evitar o debate.

O governador Robinson Faria (PSD) tem calafrios. Não que ele seja contra a venda da empresa, mas pelo desgaste que provoca. No seu caso, o assunto tornou-se ainda mais delicado depois que ele foi acusado por executivos da JBS, em delação premiada, de ter recebido R$ 10 milhões na campanha eleitoral de 2014, em troca do controle da Caern que ficaria com a empresa de Joesley Batista, caso Robinson fosse eleito.

O governador é investigado juntamente com o seu filho, deputado federal Fábio Faria (PSD), que teria participado da negociata. Ambos negam e afirmam inocência. Para reforçar a sua defesa, Robinson tem dito e repetido a exaustão que a venda da Caern não é cogitada e não será levada a termo por seu governo.

O discurso de Robinson é incompatível com a orientação da equipe técnica do Tesouro Nacional, que desembarcou no Rio Grande do Norte para ajudar a encontrar uma solução para a grave crise financeira que atravessa o Estado. O governador fica numa sinuca de bico: se ceder e colocar a Caern à venda, corre o risco de reforçar a acusação da JBS que teria negociado a companhia; se não aceitar a sugestão do Tesouro Nacional, o Estado terá enorme dificuldade de preencher os requisitos exigidos pelo Governo Federal para receber o socorro do Regime de Recuperação Fiscal.

E agora?

O fato é que a equipe do Tesouro Nacional faz o diagnóstico preciso. O Governo precisa vender seus ativos para fazer caixa. A Caern é atrativa no mercado e sua privatização seguiria o modelo da companhia de águas e esgotos do Rio de Janeiro, em processo de privatização, que vai render um dinheiro novo ao Estado em torno de R$ 3,5 bilhões, para ajudar a pagar salários dos servidores (atrasados) e equilibrar as contas públicas.

A saída para o governo pode ser a abertura de capital com a chamada de investidores, mas mantendo o controle do Estado, assim como aconteceu no Paraná, São Paulo e Minas Gerais. Nesses estados não houve privatização, o governo manteve o controle, mas a venda de ações permitiram a entrada de dinheiro novo no caixa do Tesouro Estadual.

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