Quinta-Feira, 28 de março de 2024

Postado às 07h45 | 23 Abr 2018 | Redação Governador Robinson afirma que não teme o debate político ou popular

Crédito da foto: Marcos Garcia/JORNAL DE FATO Governador Robinson Faria concedeu entrevista ao Cafezinho com César Santos

O governador Robinson Faria (PSD) é candidato à reeleição, mas ele nega e repete o discurso tradicional: “Vou decidir na hora certa”, apresentando como prazo o final de junho para o início de julho.

“O momento agora é de prestar contas das obras e ações do Governo”, justificou Robinson em entrevista ao Cafezinho com César Santos, gravada na segunda-feira, 19, na sede do JORNAL DE FATO.

Nesta entrevista, o governador diz que está preparado para debater na tribuna popular, por entender que o seu governo está vencendo a crise, apesar dos problemas na segurança pública e com salários atrasados dos servidores.

 

GOVERNADOR, o senhor é candidato à reeleição?

EU AINDA não parei para discutir sobre a minha sucessão. Não posso afirmar se serei ou não candidato à reeleição. Não estou fugindo da resposta, pode certeza. É que estou muito focado na gestão e a população não permite, neste momento de crise, que o governador deixe de cuidar do Estado para discutir política. Então, posso afirmar que a minha agenda é cem por cento administrativa, não tem um momento sequer do dia para eu deixar a gestão para fazer reunião política. Estou dedicado para cuidar das estradas, do Hospital Tarcísio Maia, dos poços tubulares, das ações na educação, saúde, economia, enfim, estou cuidando do Estado.

 

MAS, o senhor há de admitir que a sucessão estadual está bem próxima, vem sendo discutida, e o governador é condutor desse processo. Ou o senhor vai ficar fora das eleições?

EU DECIDIREI, pode ter certeza, mas a sucessão não é a prioridade hoje (a entrevista foi gravada na segunda-feira, 16, e quarta-feira, 18, Robinson teve reunião política para discutir o apoio do PSDB à sua candidatura à reeleição). A prioridade do momento é governar o Estado, lutar para vencer a crise, devolver a governabilidade. E acho que eu estou derrotando a crise, cumprindo a minha missão.

 

O SENHOR tem realmente a convicção que está derrotando a crise?

EU SOU um governador que recebeu o Estado do Rio Grande do Norte em crise. E que tem coragem de enfrentar, realizando obras, ações, que vêm ajudando a solucionar os problemas que afetam a população.

 

VOLTANDO à questão da sucessão, o senhor definiu um prazo para anunciar o seu projeto político-eleitoral de 2018?

EU TENHO até o final de junho para o início de julho para tomar uma decisão. Eu tenho o direito natural à reeleição e vou decidir no momento oportuno se exercerei esse direito ou se abrirei mão dele. Mas, repito, neste momento isso não me preocupa.

 

O SENHOR acredita que é possível, mesmo diante do desgaste do seu governo, se dirigir à população e pedir um novo voto de confiança para governar o RN por mais quatro anos?

EU PASSEI grande parte do tempo, nos últimos anos, completamente envolvido na busca de soluções para revolver os problemas que afetam o Estado, e esqueci de mostrar à população o que estamos realizando. Só agora, de forma mais direta, iniciamos a prestação de contas. Abrimos um canal direto com a sociedade, melhoramos a nossa comunicação. Acredito que as pessoas, agora, estão vendo que não era aquilo que diziam do nosso governo, pois, com a nossa prestação de conta, estão percebendo o que o Governo vem fazendo. Não tenho dúvida que, com a comunicação direta com a sociedade, teremos as condições ideais para, se for o caso, propor um segundo mandato ao povo.

 

O SENHOR acha que ainda há tempo para reverter a situação que, segundo as pesquisas, é bem delicada sob o ponto de vista de avaliação popular?

O DESGASTE devido ao atraso de salário não é um desejo nosso. Temos a vontade e trabalhamos para colocar a folha em dia. Não estamos governando apenas para 52 mil servidores, que temos o maior respeito, mas governamos para 3,5 milhões de habitantes, que esperam os serviços essenciais funcionando, os hospitais em boas condições, obras estruturantes etc.. Tenho a convicção de que, a partir do momento que estamos apresentando a prestação de contas, mostrando o que está sendo feito, a população terá a consciência que o nosso governo vem realizando muito.

 

A SUA candidatura à reeleição depende do que essa prestação de contas, que senhor faz agora, produzir de positivo?

O POVO cansou do discurso político. O Brasil cansou da politicagem; no Rio Grande do Norte não é diferente. O povo quer resultado. Essa é a maior cobrança. Na minha avaliação, com toda a honestidade, eu acho que diante da crise profunda que enfrentamos, eu fiz e faço uma gestão bem melhor do que meus antecessores, que governaram o Estado no momento em que o país vivia uma situação bem mais confortável. Eu tenho mais de mil obras para apresentar ao povo. Eu sou o governador que vai entregar ao Brasil a primeira capital, que é Natal, 100% saneada. Estou fazendo o anel viário metropolitano em Natal, a obra do século, que vai melhor bastante a mobilidade; estamos construindo acesso ao Aeroporto Internacional (São Gonçalo do Amarante); investindo no turismo, que alimenta 54 atividades da nossa economia. Natal é o terceiro melhor destino turístico do Brasil, segundo pesquisa.

 

ESSE é o discurso para viabilizar o projeto de reeleição? O senhor acredita ser possível reverter o quadro de desgaste?

EU PREFIRO afirmar que não se trata de discurso, mas de prestação de contas de um governo que está realizando muitas obras e ações. A questão política e eleitoral fica para um segundo momento. É preciso dizer que estamos fazendo muito pela educação. Quando eu assumi, o RN não tinha nenhuma escola em tempo integral; hoje temos 50 funcionando em plenitude, e outras 20 unidades vão ficar prontas logo. Temos 10 escolas técnicas prontas; contratei seis mil professores. Na área de segurança, a Polícia Militar estava desmotivada, estava triste, primeiro pelos salários baixos e segundo pela falta de promoção de carreira. Eu promovi oito mil PMs, alguns deles esperavam havia mais de 20 anos. Os policiais estavam desmotivados, não tinham como ir para as ruas para proteger o povo. Estou investindo 15% em segurança pública, bem acima da média histórica, que era 6%. Já compramos quase 500 viaturas, iniciamos o Ronda Cidadão, o Ronda Integrado, a Rádio Ciosp em Mossoró, trouxemos a Força Nacional, que não tinha na cidade.

 

A SEGURANÇA pública, ou falta dela, governador, continua sendo a maior reclamação da população. Esses investimentos do Governo não surtiram efeitos desejados, pois o índice de criminalidade é assustador. O senhor não acha uma contradição essa prestação de conta com a realidade?

SOMOS conscientes que a segurança pública é um desafio para todos os gestores, mas estamos procurando fazer a nossa parte, com os investimentos que citei. Mas, quero dizer que Mossoró tem sido prioridade da nossa gestão. Veja a questão do aeroporto da cidade. Eu passei quase três anos lutando junto a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para garantir a retomada de voos comerciais a partir do aeroporto de Mossoró. Não foi fácil, mas conseguimos. A partir de junho, teremos linhas comerciais. Concedi incentivos tributários para atrair a companhia área Azul. Deixei bem claro no contrato com a Azul: o Governo só dá o incentivo fiscal se a companhia inserir Mossoró em voos regulares. Vamos ter o destino Mossoró–Recife a partir do dia 13 de junho. Depois, vamos ampliar a quantidade de voos a partir do aeroporto Dix-sept Rosado. Também priorizamos a questão do abastecimento de água em Mossoró. Compramos 25 bombas, perfuramos cinco poços, portanto, a cidade não terá mais problema de abastecimento. Na área da saúde, estamos construindo o Hospital da Mulher, uma obra de 100 milhões de reais, que vai atender a 62 municípios. Também investimos no Hospital Regional Tarcísio Maia, ampliando leitos e reforçando a assistência à população. Ainda em Mossoró, implantamos quatro restaurantes populares, o Café do Trabalhador, nova unidade da Central do Cidadão no shopping popular, e entregamos 3 milhões de reais em microcrédito. Essa programação do Microempreendedor já gerou mais de 70 mil empregos em todo o RN; ele é muito importante. Então, esse é o nosso entendimento como gestor, de realizar um governo para as pessoas, para melhorar a vida do cidadão.

 

O SENHOR acha que o seu governo resgatará o compromisso com Mossoró, assumido na campanha de 2014?

EU PRESTO conta a Mossoró com muita alegria, porque realizamos muito na cidade. Veja que a cidade tinha problemas com a falta de leitos de UTI e a situação é bem melhor em relação ao passado. Quando eu assumi, o Hospital Tarcísio Maia tinha apenas nove leitos de UTI; hoje, tem 31 leitos, além dos 10 leitos que o Governo alugou junto ao Hospital Wilson Rosado. São mais de 40 leitos de UTI; acabamos com a fila da morte em Mossoró. Hoje, a cidade tem atendimento pleno, não precisa mais encaminhar pacientes para Natal. Mossoró tem saúde plena, repito, que nasceu no governo Robinson Faria. Isso me deixa bastante feliz. Outra ação importante é a restauração do Teatro Lauro Monte Filho, com investimento de 5 milhões de reais. Vou autorizar a obra agora, que ficará pronto em dois ou três meses. Eu prometi que iria governar duas capitais, Mossoró e Natal, e estou cumprindo. O que faço em Natal, faço em Mossoró. Ronda Integrada, implantei em Mossoró e Natal; Escritório do Empreendedor, só tem em Mossoró e Natal.

 

OS SERVIDORES públicos não recebem os salários em dia desde janeiro de 2016. São quase 30 meses. O Governo fracassou no trato com o servidor público?

NÃO. Ninguém atrasa salário porque quer. Isso ocorre devido à crise financeira que assola todo o país. Mas, quero dizer que estamos com 90% dos salários em dia (servidores que ganham acima de R$ 4 mil ainda não receberam março e o 13° salário de 2017). Quem diria que chegaríamos a esse ponto positivo. E posso afirmar que está bem pertinho de o Governo atualizar o pagamento de salários em 100%.

 

GOVERNADOR, as pesquisas mostram que essa prestação de conta está divorciada como sentimento popular. As pesquisas revelam que a sua gestão é reprovada por mais de 80% da população. Qual é a explicação?

EU TENHO a minha opinião sobre essas pesquisas: não são reais. São feitas pelos mesmos institutos que diziam que eu não ganharia as eleições em 2014. Os institutos diziam que Henrique Alves (ex-candidato a governador, derrotado por Robinson nas últimas eleições) ganharia em primeiro turno com 1 milhão de votos de maioria. Abertas as urnas, eu ganhei as eleições com 150 mil votos de maioria. Lembro que O Jornal de Hoje, de Natal, dois dias antes das eleições, publicou manchete com a pesquisa Certus que dizia: “Eleição empatada, só domingo saberemos quem será o governador”, quando todos sabiam que eu ganharia as eleições, como de fato ganhei com 54% dos votos. Alguns desses institutos são ligados a marqueteiros de pré-candidatos a governador, que ficam tentando manipular a opinião pública. É uma tentativa de querer isolar o governador do estado. Então, para mim, essas pesquisas não têm nenhum valor científico.

 

O SENHOR, então, tem a convicção de que não há esse desgaste revelado pelas pesquisas?

EU PREFIRO conversar com as pessoas nas ruas. Em 2014, foi o contato direto com as pessoas que me encorajou para disputar as eleições. Enquanto setores da imprensa tentavam desqualificar a minha candidatura, nas ruas o sentimento era outro, as pessoas me incentivavam ser candidato. Então, fui o candidato do povo, ganhei como o candidato do povo, por isso, vou continuar ouvindo a voz das ruas. As pesquisas não terão valor na minha decisão de ser ou não candidato à reeleição. O mais importante é que eu estou pronto para o debate. Eu venci a crise, por isso, não temo o debate, nem com classe política, nem com a sociedade ou qualquer segmento.

 

O SENHOR está falando como candidato?

EU ESTOU preparado para debater sobre o governo, debater a indústria, o turismo, a saúde, a educação, portanto, estou pronto para enfrentar qualquer um que queira debater com Robinson, seja o debate político ou na tribuna popular. Não estou dizendo que sou candidato, que já decidi sobre isso; estou dizendo que estou preparado para enfrentar o debate.

 

O SENHOR falou que gostaria de ter o apoio da prefeita Rosalba Ciarlini a uma eventual candidatura à reeleição. O senhor vai procurar a prefeita para falar sobre o assunto?

VOU procurar, sim. Tenho maior respeito e admiração pela prefeita. É fato que não temos grande aproximação política, mas acho que é possível dialogar com Rosalba. Ela tem sido parceira administrativa do governador, sempre me recebeu muito bem em Mossoró. Temos parceria no aeroporto Dix-sept Rosado, na área da saúde, no saneamento básico, então, temos sido parceiros em obras e serviços em Mossoró. É lógico que se eu for candidato, vou procurar a prefeita para pedir o seu apoio. Se eu vou ter, eu não sei, mas vou abrir diálogo com Rosalba e o seu esposo Carlos Augusto, que é um amigo. Eu vou procurá-los na hora certa, no momento oportuno.

 

O EPISÓDIO em que o seu filho, deputado federal Fábio Faria, teria tentado tirar o controle do PP das mãos do grupo da prefeita Rosalba não é um obstáculo ou já está superado?

AQUILO foi equívoco. Não houve tentativa de tomar partido de ninguém. O meu filho deputado Fábio procurou o presidente do PP nacional (senador Ciro Nogueira), que é amigo dele, para ajudar junto a Betinho Rosado (presidente estadual do PP e cunhado da prefeita Rosalba) para o partido participar do nosso governo. Fábio não queria assumir o PP, até porque ele nunca deixaria o PSD, que é presidido por Gilberto Kassab, um amigo pessoal. Então, não teria sentido Fábio querer o PP, se já tem o PSD, do nosso amigo Kassab. Houve apenas um mal-entendido.

 

O SEU vice-governador Fábio Dantas, em entrevista ao JORNAL DE FATO, disse que a sua candidatura à reeleição seria uma insensatez. Como o senhor recebeu essa crítica?

FAÇO responder. Como é que um vice-governador que participou do nosso governo, de todas as reuniões, com direito a voz, que deu sugestões, que indicou espaços no governo, quer falar mal agora? Ele tem dito que ofereceu uma fórmula para enfrentar a crise. Qual foi a fórmula? A que ele queria que eu demitisse 20 mil servidores efetivos, pais de família? Eu não faço isso. Eu estou pagando um preço por não ter demitido, como queria o vice-governador. Não estou arrependido. Ao contrário. Estou tentando salvar o emprego deles.

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