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Postado às 08h00 | 18 Jun 2018 | Redação Carlos Eduardo afirma que 'chapa está aberta' e que quer o apoio da prefeita Rosalba

Em entrevista ao 'Cafezinho com César Santos', pré-candidato a governador fala sobre costuras para fortalecer palanque e diz que é importante ter o apoio da prefeita de Mossoró, com quem se reuniu na sexta-feira. Ele faz duras crítica o atual governo

Crédito da foto: Marcos Garcia/JORNAL DE FATO Pré-candidato a governador Carlos Eduardo em entrevista ao Cafezinho com César Santos

A prefeita de Mossoró, Rosalba Ciarlini (PP), vai apoiar o ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo (PDT) ao Governo do Estado do Rio Grande do Norte?

A resposta a essa e outras perguntas sobre a sucessão estadual é respondida pelo próprio pré-candidato a governador, que tomou o “Cafezinho com César Santos” no finalzinho da tarde da sexta-feira (15) na sede do JORNAL DE FATO.

Carlos Eduardo fala sobre a aliança com o MDB e DEM, mas garante que a chapa não está fechada com os senadores Garibaldi Filho e José Agripino Maia. Segundo ele, o diálogo está está aberto com outros partidos, como o PP de Rosalba, o PR liderado pela ex-deputado João Maia, o PSDB dos deputados Ezequiel Ferreira e Rogério Marinho e até o PSB do vice-governador e também pré-candidato a governador Fábio Dantas.

O pedetista ainda avalia o atua governo estadual e não poupa críticas ao governador Robinson Faria.

O SENHOR renunciou dois anos de mandato da maior Prefeitura do RN, que tem o segundo maior orçamento do Estado, para ser candidato a governador de um estado em crise e cheio de problemas. O que motivou a sua decisão?

DEPOIS de quatro mandatos como prefeito de Natal, com cada administração mais bem avaliada do que a outra, entendemos que chegou o momento de enfrentar o desafio maior, que é governar o nosso Estado. Eu me sinto preparado e essa certeza tenho a partir da aprovação que recebi em Natal. Vale lembrar a nossa performance nas eleições de Natal. Na primeira eleição, nós ganhamos com a maioria de 2% e a última ganhamos no primeiro turno com mais de 50% dos votos, e as eleições anteriores sempre com maioria crescente. Isso significa que temos feito grandes administrações, com aprovação popular, e isso nos motivou a levarmos a nossa experiência a favor do Rio Grande do Norte. É um desafio grande, mas posso assegurar que estamos preparados.

 

NÃO concluir o mandato confiado pelos natalenses em 2016 e sair para tentar o Governo Estadual não passa a ideia que seria um oportunismo diante do que o Rio Grande do Norte vive?

NÃO. De forma alguma. Eu comecei a ouvir a convocação para ser candidato a governador dentro de Natal. A partir daí, verifiquei que se eu fosse candidato ao Governo, não estaria dando um sentido de oportunismo, nem de carreirismo, mas sim assumindo um grande desafio diante de uma situação de falência financeira e administrativa do Rio Grande do Norte. Esse cenário de crise não me assusta tanto porque, administrando o segundo orçamento do estado, enfrentei enormes desafios. Quando assumi a Prefeitura de Natal em 2012, encontrei uma cidade de cabeça para baixo, com colapso total na saúde, na educação, na assistência social, cidade suja, atraso de salários, o caos; e nós conseguimos recuperar Natal com muito trabalho, mas principalmente com competência e responsabilidade de homem público. Então, eu acredito que eu posso dar uma contribuição ao Rio Grande do Norte, recuperar o Estado, devolvê-lo em boas condições à população.

O SENHOR retardou o início da caminhada pelo estado e só agora está fazendo a principal visita a Mossoró, o segundo maior colégio eleitoral do Rio Grande do Norte. Não acha que perdeu tempo e terreno se concentrando em Natal?

MEU desejo era ter vindo a Mossoró há mais tempo. Hoje (sexta-feira), faço a primeira visita, mas já deveria ser a oitava, nona ou décima. Conhecemos e respeitamos a importância de Mossoró sob os aspectos econômico e social, e tem um povo acolhedor. No entanto, não foi possível chegar aqui antes. Quando deixamos a Prefeitura de Natal, tiramos alguns dias de férias, coisa que eu não fazia havia mais de dez anos, e depois comecei a conversar com os partidos que podem formar a nossa aliança, antes de iniciar as visitas aos municípios. Tive essas tratativas, idas e vindas, em busca do fortalecimento de nossa pré-candidatura. Mas, creio que estou em tempo, e não perdi tempo, porque a convenção se dará até o dia 4 de agosto e até lá espero ter chegado à maioria dos municípios do Rio Grande do Norte.

 

O SENHOR abriu diálogo com a prefeita Rosalba Ciarlini em busca do apoio no segundo maior colégio eleitoral do Rio Grande do Norte. Em que estágio se encontra a possibilidade de aliança?

É A PRIMEIRA conversa com Rosalba e o seu esposo, Carlos Augusto. O grupo político de Rosalba me recebe com respeito e de braços abertos. Depois da primeira conversa, teremos muitas outras. O encontro poderia ter acontecido antes, não porque eu não tenha procurado. Tentei antes, mas a prefeita me pediu um tempo e ela está pedindo esse tempo a todas as outras forças políticas. Rosalba não deseja começar essas conversas antes e entendemos as suas justificativas. Então, quando ela abriu a temporada de conversas, nós fomos chamados e viemos a Mossoró para iniciarmos o diálogo.

 

É POSSÍVEL a aliança com Rosalba?

EU TENHO a maior admiração pela prefeita Rosalba. Acho que ninguém administra uma cidade da importância de Mossoró por quatro vezes sem ter feito grandes gestões. Isso é fruto de trabalho, capacidade administrativa, espírito público e com amor a sua cidade. Rosalba é tudo isso. Então, comparo muito com a minha situação em Natal, onde fui prefeito por quatro vezes. Ninguém reelege incompetente, pessoas descomprometidas com a cidade, com a população. Rosalba é uma vitoriosa na vida pública, uma mulher que merece todo o nosso reconhecimento e nossas homenagens, e eu desejo muito ter o apoio dela, quero demais o apoio de Rosalba, do seu grupo político, por isso estou aqui e voltarei aqui, tantas vezes forem necessárias. Acredito que o apoio de Rosalba é plenamente possível. Vamos continuar dialogando nesse sentido.

EM ALGUM momento, foi noticiado que o senhor encabeçaria chapa que teria os senadores Garibaldi Filho e José Agripino. Nos últimos dias, ganhou força a possível desistência de Agripino da disputa majoritária. Como o senhor vem conduzindo a formação da chapa?

AS NOSSAS conversas têm sido realmente com o MDB de Garibaldi e com o DEM de Agripino. Eu posso falar pelo PDT, que é o meu partido. Eu sou pré-candidato a governador do Rio Grande do Norte. Eu não gostaria de falar pelos demais partidos, até porque eu não tenho essa prerrogativa. Na realidade, MDB e DEM são dois partidos fortes, Garibaldi e Agripino são dois ex-governadores, dois senadores que trabalham muito pelo Rio Grande do Norte e são muito importantes no processo eleitoral que se inicia. Sei da importância deles em Brasília, porque, como prefeito de Natal, vi de perto a influência deles na aprovação junto ao Governo Federal de nossas reivindicações. Eu posso afirmar o seguinte: até o dia 4 de agosto, prazo final das convenções partidárias, nós vamos conversar com MDB, DEM, PP, PR e outras forças políticas para fortalecer o nosso palanque e definir uma chapa forte para ganharmos as eleições.

 

NESSA perspectiva que o senhor citou acima, quais os partidos deverão caminhar com o seu projeto político-eleitoral?

NÓS estamos tentando atrair o apoio do PP de Rosalba Ciarlini, do PR do ex-deputado federal João Maia, do PSDB do presidente Ezequiel Ferreira e do deputado federal Rogério Marinho, do PSB, que tem os deputados Ricardo e Rafael Motta e o vice-governador Fábio Dantas, mesmo respeitando a pré-candidatura legítima de Fábio ao Governo, entre outros partidos, além, claro, de MDB e DEM. A nossa tratativa em busca de uma coligação tem girado em torno desses partidos, com os quais nós esperamos fazer a coligação para disputar as eleições.

 

O SENHOR tem feito críticas contundentes ao governador Robinson Faria, que será o seu adversário nas eleições deste ano. As críticas são a convicção de que o atual governo fracassou?

AS CRÍTICAS não é apenas eu que faço, mas a maioria do povo do Rio Grande do Norte. O governo é rejeitado por mais de 80% da população, segundo as pesquisas. No caso, eu candidato, naturalmente tenho que ter o diagnóstico do Estado, até para que eu possa construir o plano de propostas para mudar essa situação. O Estado do Rio Grande do Norte tem a marca da ineficiência, da incompetência, é um Estado letárgico, todos sabem disso. O governador atual assumiu em 2015 e nunca conseguiu pagar uma folha de salário em dias, a não ser quando foi no fundo previdenciário para pegar o dinheiro dos aposentados, de uma forma ilegal, repito. Esse governo nunca fez o dever de casa, nunca houve uma reforma administrativa, nunca houve uma proposta de ajuste fiscal séria. Então, o governo jamais teve capacidade de conduzir o nosso Estado. Então, o que se verifica é um Estado que não paga os salários em dia, não tem um centavo para investimentos, não resolve o problema grave da segurança pública, da saúde e da educação. Então, serve para quê esse governo? Esse é o sentimento do povo, de total decepção com o atual governo.

MAS, o Governo diz que tem feito muito e que as críticas são próprias de ano eleitoral...

O RIO Grande do Norte tem 250 mil desempregados. Isso não é crítica em ano eleitoral; é fato real. E por que tem tantos desempregados? Por falta de gestão pública, o Rio Grande do Norte perdeu empresas, como a conceituada Alpargatas, a renomada Sulfabril, a gigante Conteminas, por consequência, aumentando o número de desempregados. Por que a Contaminas saiu do nosso estado e está na vizinha Paraíba? A Ambev foi embora também. Essas empresas foram embora e não houve nenhuma ação ou reação do Governo. Então, foram embora impostos, empregos e salários, deixando o nosso Estado nessa situação de crise profunda.

 

POR QUE o Governo não reagiu?

QUEM deve responder é o atual governador, mas uma pergunta parece necessária: quem é o atual secretário do Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Norte? Pergunte a qualquer industrial, a qualquer comerciante, a qualquer empresário do nosso estado, se ele já ouviu falar, pelo menos de nome, dessa figura que está lá. O governador deu uma prova do atraso político, mostrando por que o Rio Grande do Norte está nessa situação. Ele fez uma reforma do secretariado, distribuindo cargos a partidos para contar tempo de televisão para a candidatura dele. Se você for buscar o perfil do secretário do Desenvolvimento Econômico (Renato de Souza, indicado pelo PTB), com todo o respeito à pessoa, vê que não tem a menor condição de representar um setor tão importante, mas o partido dele vai dar tantos minutos de televisão. O presidente da Fundação José Augusto (produtor de eventos Amaury Júnior) é totalmente incompatível com o perfil da cultura. Ele está lá porque foi indicado para ser um coordenador de campanha em Natal. Essa é uma mentalidade atrasada, vencida. Por isso, as pesquisas de todos os institutos indicam uma reprovação a esse governo jamais vista na história do Rio Grande do Norte.

 

DE QUE forma o senhor acha ser possível mudar o cenário do Rio Grande do Norte?

O RIO Grande do Norte tem a sua riqueza natural que impressiona. Tem o petróleo, o gás, a fruticultura, energia solar, minérios e um litoral exuberante, com mais de quatrocentos quilômetros de belas praias. É um contraste diante da situação em que o Estado vive hoje. Então, nós temos condições de mudar essa história. Eu acredito que a partir de janeiro do próximo ano, se eu for eleito governador, nós vamos dar um destino melhor ao nosso Estado.

O DESEQUILÍBRIO fiscal do Rio Grande do Norte tem alguns vilões. A Previdência estadual é um dos principais. Todos os meses, a folha de aposentados e pensionistas deixa um “rombo” de mais de 100 milhões de reais. No entanto, esse é um tema espinhoso sob o ponto de vista popular, mas vai ter que ser debatido durante a campanha eleitoral. O senhor colocará a previdência no debate eleitoral?

VOU encarar esse grave problema de frente, não vamos vender ilusões, como o atual governador fez nas eleições passadas. O problema da previdência precisa de uma solução que não é apenas local. Sabemos que dos vinte e sete Estados, incluindo o Distrito Federal, pelo menos vinte Estados estão vivendo essa crise e precisam buscar uma solução. Veja bem: os Estados precisam ter quatro servidores na ativa para um aposentado, mas não é isso que acontece. Hoje, temos pouco mais de um servidor para um inativo. Portanto, temos vinte Estados passando por esse problema. A situação do Rio Grande do Norte tornou-se pior porque aqui o governador, de forma ilegal, torrou o dinheiro dos aposentados; quase um bilhão de reais foram retirados pelo governador nos últimos anos. Eu me preocupo muito sobre tudo com os servidores que estão trabalhando e que vão se aposentar daqui a dez ou quinze anos. Por isso, precisamos encarar esse problema de frente. Veja que os saques ao Fundo Previdenciário (FUNFIR) foram feitos, repito, ilegalmente e não têm sequer prazo para começar a devolução. É muito grave.

 

QUAL seria a solução?

TERÁ de ser uma solução nacional, mas que os Estados precisarão fazer a sua parte. O Rio Grande do Norte sofrerá mais um pouco devido à incapacidade de gestão do atual Governo. Mas, asseguro que estamos preparados para encarar o problema e buscar as soluções necessárias para reequilibrar a situação fiscal do nosso Estado.

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