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Postado às 07h15 | 13 Jan 2019 | Redação Allyson Bezerra diz que, no primeiro momento, será independente na Assembleia Legislativa

Deputado estadual eleito, em entrevista ao Cafezinho com César Santos, afirma que vai esperar as primeiras medidas da governadora Fátima Bezerra para se posicionar na Assembleia Legislativa. Em Mossoró, Allyson Bezerra faz oposição, mas propositiva

Crédito da foto: Marcos Garcia/JORNAL DE FATO Deputado estadual diplomado Allyson Bezerra

POR CÉSAR SANTOS

Quando assumir o mandato de deputado estadual em 1° de fevereiro, o mossoroense Allyson Bezerra (Solidariedade) será uma das nove caras novas na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Mais do que isso: o parlamentar mais jovem da legislatura 2019/2023. Com apenas 26 anos de idade, Allyson acredita que representará a mudança na forma de fazer política na Casa Legislativa potiguar.

Com raízes na zona rural de Mossoró, a partir do sítio Chafariz, ele desafiou todos os obstáculos, se formou em Engenharia e passou em concurso para compor os quadros da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA). O filho de dona Maria das Neves e seu Américo surpreendeu ao desbancar as estruturas da política tradicional e se eleger deputado numa disputa desigual.

Allyson foi votado em 155 dos 167 municípios potiguares, com destaque para Mossoró, onde foi o segundo mais votado com 13.095 votos dos 20.228 votos em todo o estado.

O jovem deputado diplomado tomou o “Cafezinho Com César Santos” na manhã de sexta-feira, 11, na sede do JORNAL DE FATO. A política dominou a longa conversa. Entre perguntas e respostas, ele diz se será – ou não – candidato a prefeito de Mossoró nas eleições de 2020. Confira.

O SEU partido, o Solidariedade, colocou o seu nome como possível candidato a prefeito de Mossoró nas eleições de 2020, assim como citou outros nomes para Natal, Caicó e Pau dos Ferros. Pode-se afirmar, neste momento, que o senhor é um pré-candidato a prefeito?

O NOSSO partido tem um projeto sólido para Mossoró e, desde a nossa eleição, tem feito um apelo para que a gente coloque a nossa pré-candidatura. Porém, a minha posição é muita clara: não sou pré-candidato, nem vou me posicionar como pré-candidato. Meu foco é exclusivamente com o mandato que vamos exercer na Assembleia Legislativa. Quero contribuir com a minha cidade com o meu mandato, fui eleito para isso, e é o melhor caminho que devo seguir. Portanto, agradeço ao partido, ao deputado Kelps Lima (presidente estadual da sigla), que tem feito esse apelo, mas a minha atenção agora é fazer um grande mandato como deputado estadual.

 

QUAL a sua posição política em Mossoró?

EU SOU oposição à atual gestão municipal, mas uma posição propositiva. Penso que quem se lança ou pretende se lançar candidato a prefeito, neste momento, vai para o confronto direto pessoal, o que não é o meu caso. Eu tenho dito de forma muita clara, inclusive já disse isso à prefeita Rosalba Ciarlini (PP): quero contribuir com a cidade, mesmo no lado da oposição. Quando digo isso, falo em abrir portas e buscar benefícios para Mossoró. Agora, sem abrir mão se fazer críticas quando necessárias. Por exemplo: eu acho que o modelo de gestão da prefeita Rosalba não é o melhor para a nossa cidade, portanto, faço oposição a esse modelo de gestão, sem entender essa oposição ao confronto direto e pessoal.

SE O senhor diz que não pretende se lançar candidato a prefeito, pelo menos neste momento, abre caminho para outro nome dentro do seu partido. Existe uma segunda opção?

O PARTIDO em Mossoró tem Lawrence Amorim, que ficou na primeira suplência de deputado federal nas eleições do ano passado. Ele poderá ser o nome do nosso partido para disputar a Prefeitura. Agora, antes de nomes, eu defendo a união da oposição para chegar forte às eleições de 2020. E uma união de forma qualificada, para oferecer um bom projeto a Mossoró. Não concordo com uma oposição que não é propositiva, não faço política dessa forma. Acho que é preciso qualificar a oposição local, buscar uma reunião que venha somar para apresentar um projeto à população. Esse debate é mais importante do que discutir nomes neste momento.

 

O SOLIDARIEDADE, então, pode apoiar um candidato de outro partido?

NÃO defendo que, necessariamente, o candidato saia dos quadros do Solidariedade. Sou a favor que a oposição tenha um nome que seja forte, qualificado e que tenha disposição para representar o projeto da oposição.

 

QUANDO o senhor diz ter reserva em relação a uma oposição não propositiva, de confronto direto e pessoal, faz, de certa forma, uma crítica à deputada estadual eleita Isolda Dantas (PT), que faz uma oposição exclusivamente política e é vista como pré-candidata a prefeita?

ACHO que a deputada eleita Isolda Dantas, que é atual vereadora, partiu para uma oposição forte ao governo Rosalba, mas também propositiva. Ela tem dito que nunca foi ouvida pela atual gestão em relação às sugestões que tem apresentado. Cada um tem seu estilo de fazer política. Eu respeito o estilo de Isolda fazer oposição, mas eu faço oposição de outro jeito, de forma propositiva. Se eu vejo que o governo está errando, faço a crítica, mas também apresento sugestão. Essa questão dos estagiários, por exemplo, procurei apoiar o movimento, apresentando alternativas, mas nunca tentando tirar proveito político da situação. Portanto, faço oposição em favor da cidade, de forma propositiva, mas respeito o estilo que outros fazem política.

EM MOSSORÓ, o senhor é oposição, e em relação ao governo Fátima Bezerra, qual vai ser a sua linha política?

O MEU partido tem posição de independência em relação ao governo Fátima, e eu também seguirei dessa forma. Defendo que nos primeiros meses do novo governo o partido mantenha a posição de independência, até para aguardar as primeiras medidas que serão adotadas para resolver os problemas do Rio Grande do Norte. A governadora Fátima Bezerra vai precisar de um tempo para organizar o governo, elaborar as medidas necessárias. Agora, quando essas medidas chegar à Assembleia Legislativa e nós observamos que a governadora continua fazendo o que os governos antecessores fizeram, é claro que passaremos a fazer oposição. Mas, vamos aguardar, sem abrir de fazer as críticas quando necessárias.

 

O SEU partido ou o seu mandato definirá um tempo para definir o seu ato de concordar ou desaprova as ações do governo Fátima Bezerra?

TEM um limite para isso. O tempo que a prefeita Rosalba teve para mudar as coisas em Mossoró, mas continua do mesmo jeito quando iniciou a gestão, nos coloca na oposição. Esse mesmo critério usaremos em relação ao governo de Fátima Bezerra.

 

O SENHOR tem origem na zona rural de Mossoró, mas a sua luta social se fortaleceu dentro das universidades. Pegando esses dois pontos de sua vida, como o senhor define o perfil de seu mandato de deputado estadual?

QUEM votou em mim, votou pela mudança. O perfil dos meus eleitores é definido por aqueles que estavam cansados com o político tradicional ou que estavam cansados de eleger alguém que não estava próximo da população. Então, como eu venho da zona rural, venho do ambiente humilde, conheço todos os problemas que afetam os mais necessitados. Eu sei o que é pegar um ônibus, eu sei o que é pegar um pau-de-arara, eu sei o que é a questão da saúde pública, eu sei o que é sofrimento de quem procura atendimento no Hospital Tarcísio Maia, eu sei qual é o sentimento daqueles que não recebem o atendimento adequado por falta da presença do Estado. Então, o meu mandato vai ser focado na solução dos problemas que afetam a população. Quando eu faço parte de uma rede nacional (Rede Nacional de Ação Política pela Sustentabilidade – RAPS) de forma de políticos, estou querendo trazer para o meu mandato o que há de moderno em fazer política.

O QUE há de moderno em fazer política?

UTILIZAR muito tecnologia, as redes sociais, para fazer um mandato muito próximo das pessoas, para que o mandato possa sentir os problemas que afetam a população e lutar por soluções. Eu fui eleito para cumprir um mandato diferente, até porque não tive apoio de ninguém da velha política. Vou trabalhar próximo da população, fazer o contato diário através das novas tecnologias e cumprir pautas modernas para defender os anseios das pessoas.

 

QUAL vai ser o carro-chefe de sua luta na Assembleia Legislativa?

A EDUCAÇÃO. Foi a educação que transformou a minha vida. Acredito que a educação é a base de tudo. Vou defender também a pessoa com deficiência. Eu tenho um irmão que é deficiente. Então, eu sei na pele o que essas pessoas passam. O meu mandato também terá um olhar especial para a juventude. Acredito que, nesse caso, o caminho é a geração de emprego. Aí estaremos apoiando o seu produtivo, os segmentos da economia, que abre as portas para o emprego e renda. Entendo que gerando emprego para a juventude, apoiando os jovens em práticas que promovam o seu desenvolvimento, acredito que estarei dando a minha contribuição a esse segmento.

 

A GOVERNADORA Fátima Bezerra vai encaminhar à Assembleia Legislativa, logo no início da nova legislatura, as medidas de equilíbrio fiscal e financeiro. Serão amargas, tem dito. Uma delas certamente afetará a previdência social, com possibilidade de aumento da alíquota de contribuição de 11% para 14%. O senhor já tem uma posição formada em relação a isso?

QUEM disser hoje, no Rio Grande do Norte, que para governar e resolver a crise que aí está, não precisará adotar medidas amargas, estará mentindo para a população. E essa é uma mentira muito curta porque em pouco tempo nós vamos ter que adotar medidas sérias. Eu defendo que o Governo faça, de fato, um ajuste fiscal urgente. Isso é fundamental para enfrentar a crise. O servidor público sabe disso, quem está na base sabe disso, todos os segmentos sabem disso, e a governadora Fátima é consciente sobre isso. Agora, eu vou defender na Assembleia Legislativa que esse ajuste fiscal não comece por quem ganha menos; não aceitaremos que os mais necessitados paguem essa conta. Defenderemos o servidor que está com quatro folhas de salários atrasados. O Governo tem que começar pelo andar de cima, começar pelos Poderes, chamando esses atores para somar ao ajuste fiscal que deve ser feito. Não vou me omitir; vou fazer o que julgo certo e necessário para tirar o nosso Estado da situação em que se encontra.

OUTRO ponto cogitado é a privatização da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte. O senhor é contra ou favor da venda da Caern?

QUEM defende a privatização da Caern, faz isso porque a empresa não oferece os serviços adequados ou porque entende que o Estado precisa vender para pagar as suas dívidas. Não concordarei com a venda da Caern para se conseguir recursos para pagar dívidas. Aliás, é preciso questionar, quando se fala em privatização, se existe um plano de investimento dos recursos que seriam arrecadados com essa venda. Para onde iria o dinheiro? Nesse caso, fica muito claro que o Governo não tem um plano de investimento para ser bancado com recursos da venda da empresa. Portanto, não faz sentido privatizar a Caern dessa forma. Por outro lado, penso que a Caern não seria rentável à iniciativa privada, da forma como a empresa se encontra e com a função que exerce, levando água a toda a população potiguar, além dos servidores de saneamento. Eu defendo a modernização da Caern, o enxugamento da empresa, a retirada da interferência política, a qualificação de seus quadros, que os diretores sejam escolhidos pelos funcionários, para que possa realmente voltar a cumprir a sua missão. É isso que vou defender na Assembleia Legislativa.

 

A MUDANÇA na Assembleia Legislativa foi aquém do esperado. Dos atuais 24 deputados, 15 continuarão na Casa. É possível se promover mudança numa Casa que continuará habitada, em sua maioria, pelos representantes da velha política?

ACHO que sim. Deve ser observado que na campanha eleitoral havia aquele sentimento que só se elegeria quem tivesse apoio de estrutura política, e isso não confirmou. A nossa chegada é um contraponto a isso. Então, eu chego à Assembleia Legislativa sem amarras, sem compromisso com a velha política. Não serei só mais um nome, mas sim o representante de um projeto de mudança. Os demais deputados estaduais, acredito, estão conscientes que o povo está cansado das velhas práticas de fazer política. Então, eu chego de forma muito livre para fazer um grande mandato, por isso, mesmo respeitando a quem está lá há 30 ou 40 anos, nós vamos cumprir um mandato apostando que é possível mudar.

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