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Postado às 08h45 | 10 Jun 2019 | Redação The Intercept diz que Delagnol e Moro "combinavam" ações no âmbito da Lava Jato

Site revela conteúdo obtido por um hacker que mostra diálogo entre o procurador Deltan Dalagnol e o ministro Moro sobre o processo do trilplex que levou para cadeia o ex-presidente Lula. O sitet informou que obteve o material de uma fonte "anônima"

Crédito da foto: Revista Forum/Reprodução Procurador Deltan Dalagnol e o ministro Sérgio Moro

O site The Intercept Brasil divulgou mensagens atribuídas ao procurador Deltan Dalagnol, do ministro Público Federal (MPF), e ao ministro da Justiça Sérgio Moro, que mostram os dois combinando atuações enquanto trabalharam na operação Lava Jato.

As mensagem foram divulgadas neste domingo (9), com grande repercussão.

A força-tarefa de Curitiba divulgou nota para rebater a reportagem, dizendo que “seus membros foram vítimas de ação criminosa de um hacker que praticou os mais graves ataques à atividade do Ministério Público, à vida privada e à segurança de seus integrantes”.

Em nota, o ministro Sergio Moro lamentou “a falta de indicação de fonte de pessoa responsável pela invasão criminosa de celulares de procuradores. Assim como a postura do site que não entrou em contato antes da publicação, contrariando regra básica do jornalismo.”

O site divulgou trocas de mensagens de Dallagnol e Moro que fazem referências ao processo em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi condenado no caso do tríplex de Guarujá.

O The Intercept Brasil informou que obteve o material de uma fonte anônima, que pediu sigilo. O pacote inclui mensagens privadas e de grupos da força-tarefa no aplicativo Telegram de 2015 a 2018.

Em uma das mensagens de texto, no dia 21 de fevereiro de 2016, Moro sugeriu alterações no calendário das operações da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, em decorrência de desdobramentos políticos. Dallagnol, de acordo com o site, disse ao magistrado que haveria problemas logísticos para acatar a sugestão.

Em 31 de agosto de 2016, Moro teria questionado, de acordo com The Intercept, o ritmo das prisões e apreensões ao perguntar se a força-tarefa não estaria muito tempo sem promover operações. "Não é muito tempo sem operação?", disse Moro segundo o site. A última fase da Lava-Jato, de acordo com o site, havia sido feita 29 dias antes — a operação Resta Um, com foco na empreiteira Queiroz Galvão. Pelo conteúdo das mensagens divulgadas, Dallagnol concorda com a observação sobre o tempo da demora.

Em nota, Moro negou qualquer irregularidade nas conversas. “Quanto ao conteúdo das mensagens que me citam, não se vislumbra qualquer anormalidade ou direcionamento da atuação enquanto magistrado, apesar de terem sido retiradas de contexto e do sensacionalismo das matérias, que ignoram o gigantesco esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato”.

Na nota divulgada neste domingo, a força-tarefa informa que a Procuradoria-Geral da República foi avisada para que medidas de segurança possam ser tomadas.

“Dentre as informações ilegalmente copiadas, possivelmente estão documentos e dados sobre estratégias e investigações em andamento e sobre rotinas pessoais e de segurança dos integrantes da força-tarefa e de suas família”, afirmaram os procuradores.

A força-tarefa destaca ainda que “há a tranquilidade de que os dados eventualmente obtidos refletem uma atividade desenvolvida com pleno respeito à legalidade e de forma técnica e imparcial”.

* Com as informações: O Globo

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