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Postado às 17h15 | 27 Out 2017 | Da Redação Sinpol-RN critica falta de investimentos na Polícia Civil em audiências em Natal e Mossoró

Crédito da foto: SINPOL-RN Presidente do Sinpol-RN particou de audiência em Mossoró nesta semana na Câmara Municipal

O Sindicato dos Policiais Civis e Servidores da Segurança Pública do Rio Grande do Norte (Sinpol-RN) criticou a falta de investimentos na Polícia Civil em audiências públicas realizadas nesta semana em Natal e em Mossoró.

O presidente do SINPOL-RN, Nilton Arruda, esteve em uma Audiência Pública na Câmara Municipal de Natal na manhã desta sexta-feira (27), e criticou a falta de investimentos na Polícia Civil, ressaltando esse como um dos fatores da crise na Segurança Pública.
 
A Audiência, proposta pelo vereador Sandro Pimentel, teve como tema "A problemática da (in) segurança pública na Grande Natal". Nilton Arruda foi convidado a compor a mesa e fez um pronunciamento sobre a situação dos policiais civis.
 
"São muitos os fatores que causam a insegurança. Vou citar aqui alguns, como a má distribuição de rendas, a qualidade na educação e a falta de investimentos inteligentes na Polícia Civil", disse o presidente do SINPOL-RN. 
 
Nilton afirmou ainda: "Hoje, a gente vive um processo em que os valores estão sendo invertidos e não é só nos ombros dos professores que devemos colocar a responsabilidade de se começar um processo de segurança. Para se ter uma idéia, boa parte dos meliantes que atuam em organizações criminosas deixou de freqüentar a escola antes dos 15 anos. Então, é preciso sensibilizar toda a comunidade a participar do ambiente escolar".
 
Outro ponto abordado por Nilton Arruda foi a falta de efetivo e de estrutura da Polícia Civil. Ele destacou que o efetivo atual de Agentes e Escrivães é em torno de apenas 24% do que seria necessário. "Esse número de necessidade relativa pode ser ainda maior quando se leva em conta a onda crescente dos índices de violência".
 
O presidente do SINPOL-RN lembrou que, em 2015, o efetivo da Polícia Civil era de 1.700 e, neste ano, chegou a 1.300. "Além disso, temos a previsão de 153 aposentadorias até o final deste ano, ou seja, a situação tende a piorar. Há previsão de um concurso público para preencher 111 vagas de Agentes de Polícia, mas esse concurso não vai suprir nem a quantidade que vai se aposentar. Isso acarreta em sobrecarga e, conseqüentemente, na qualidade do serviço prestado". 
 
Ainda durante sua fala, Nilton destacou que, em 2015, a Polícia Civil teve um orçamento de 9,6 milhões para investimentos, no entanto, foram investidos pouco mais de R$ 13mil, que representa apenas  0,14% do orçamento previsto. 
 
"Isso comprova a falta de compromisso dos governos com a Polícia Civil e com a Segurança Pública. Hoje, existe a necessidade real e urgente de informatização dos serviços policiais, como banco de dados e ferramentas de georreferenciamento. Uma investigação moderna demanda 70% em frente a um computador e a Polícia Civil do RN não possui banco de dados próprios. Nunca se tem investimentos nesse setor e quando se tem, prefere-se investimentos que sejam politiqueiros", destacou.
 
Ele também falou sobre a ressocialização no sistema prisional. De acordo com Nilton, o Estado não tem o mínimo de tratamento digno e isso causa a potencialização do sentimento do mal no indivíduo infrator. "As audiências de custódias, de acordo com uma juíza, que não vou citar o nome, trouxeram uma economia de mais de R$ 1 bilhão ao Brasil, mas quem paga essa conta? Hoje, se tem mais bandidos na rua. Qual a política de amparo para aquele meliante que é colocado na rua imediatamente após um crime ? Sem isso, com certeza ele vai voltar a praticar crimes".
 
Audiência em Mossoró
 
O presidente do SINPOL-RN, Nilton Arruda, participou de uma Audiência Pública realizada pela Câmara Municipal de Mossoró, nesta quinta-feira (26), tendo como temática as condições estruturais da Polícia Civil do Rio Grande do Norte.
 
Em sua participação, Nilton Arruda elencou vários problemas da Polícia Civil, dentre eles o baixo efetivo na própria cidade de Mossoró. "Como exemplo temos a Delegacia de Homicídios que conta apenas com três Agentes de Polícia para investigar mais de 190 homicídios ocorridos só este ano aqui em Mossoró", comentou.
 
Foi ressaltada ainda a importância deste tipo de debate em relação a Segurança Pública e estrutura policial. Nilton Arruda destacou também o papel da Câmara de Vereadores de Mossoró para que haja investimentos na educação, qualificando os profissionais dessa área para que desenvolvam trabalhos que possam evitar a evasão escolar.
 
"Quanto mais crianças nas escolas, menos jovens desviados teremos, e isso repercutirá na queda dos índices de violência", disse. 
 
Ainda em sua fala, o presidente do SINPOL-RN lembrou que o crime de homicídio é de alta complexidade e requer várias ferramentas investigativas, porém, o Governo não investe na Polícia Civil e quando o faz é para comprar viaturas caracterizadas. 
 
"A Polícia Civil trabalha de forma velada e com discrição, então, este tipo de viatura não serve para o trabalho investigativo. O Governo precisa aprender como investir. Para uma boa investigação são necessárias ferramentas como softwares de analise de vínculos, banco de dados, ferramentas de georreferenciamento, entre outras. Apenas para se ter uma idéia o georreferenciamento é uma ferramenta poderosíssima e a PCRN possuí apenas dois GPS de uso policial para todo Estado e, mesmo assim, que foram adquiridos há mais de dez anos", completou.

Fonte: Sinpol-RN

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