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Postado às 10h30 | 21 Mar 2019 | Redação Armas de fogo mataram mais de 2.700 jovens no RN em 20 anos

Crédito da foto: Ilustração Armas de fogo matam jovens no Rio Grande do Norte

Por Fábio Vale/JORNAL DE FATO

Armas de fogo mataram mais de 2.700 crianças e adolescentes no Rio Grande do Norte dentro de um período de 20 anos. O dado é de um levantamento divulgado nesta quarta-feira (19) pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que dá conta também de mais de 2.300 internações de jovens por armas de fogo no estado entre os anos de 1999 e 2018.

Segundo o estudo, foram 2.740 óbitos de jovens no território potiguar, entre 1997 e 2016, causados por tiros, acidentais ou intencionais, como em casos de homicídio ou suicídio. Nos dez primeiros anos, o RN registrou 575 casos; e mais 2.165 ocorrências na década seguinte. O menor número de notificações foi em 1999: 33; e o maior em 2016: 341.

Tanto em nível nacional como no Nordeste, o ranking é liderado pelo estado da Bahia, com um total de 13.813 mortes de vítimas entre 0 e 19 anos de idade. Regionalmente, o RN ficou em sexto lugar, atrás da Bahia, Pernambuco (12.747); Ceará (7.520); Alagoas (5.198); e Paraíba (3.144). O NE figurou com 50.242 óbitos em meio aos 145.429 registros no país.

De acordo com a SBP, a pesquisa, que objetiva ajudar a entender esse problema que atinge proporções endêmicas e com implicações nos indicadores de saúde pública, revela que no Brasil, a cada 60 minutos uma criança ou adolescente morre em decorrência de ferimentos por arma de fogo. A entidade diz que considerou os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, em 2016 (ano mais recente disponível).

 

RN registra mais de 2.300 internações de jovens por armas de fogo

Além de calcular o impacto dos disparos com armas de fogo na mortalidade da população brasileira jovem, o levantamento da SBP também aponta o impacto negativo dessa situação para a saúde desse grupo e a sobrecarga que provoca nos serviços de assistência, em especial nos pronto-socorros e nas alas de internação dos hospitais. O estudo aponta que a cada duas horas, em média, uma criança ou adolescente dá entrada em um hospital da rede pública de saúde com ferimento por disparo de algum tipo de arma.

Somente no Rio Grande do Norte, entre 1999 e 2018, mais de 2.300 internações de jovens, entre 0 e 19 anos de idade, por armas de fogo foram registradas no estado. Com 41 registros, o primeiro ano do levantamento figura como o menos violento. Na outra ponta, 2017 aparece com o maior número de casos: 216; totalizando 2.345 internações. O ranking regional é liderado por Alagoas (2.594), seguido do RN. Com 10% dos casos cada, Bahia e Ceará dividem a terceira posição.

Nesses 19 anos pesquisados, em todo o Nordeste, foram 11.543 registros e no país, 95.749 internações de vítimas graves decorrentes de acidentes, tentativas de homicídios ou de suicídio envolvendo armas de fogo. Paralelamente à quantidade de internações, a SBP contabilizou ainda as despesas diretas do Sistema Único de Saúde (SUS) com os pacientes atendidos em razão do contato com armas de fogo e apontou que nos últimos 20 anos, as internações de crianças e adolescentes provocadas pelos disparos custaram mais de R$ 210 milhões aos cofres públicos.

Os números do estudo mostram ainda que a principal causa de mortes por armas de fogo na faixa etária analisada está relacionada a homicídios; e que isso ocorre em 94% dos registros.

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