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Postado às 12h00 | 27 Jun 2017 | Dinheiro público não pode pagar a bola murcha da dupla Potiba

Crédito da foto: Allan Phablo Lance do clássico Potiba dsputado no Estadual 2017 em que as duas equipes fracassaram

A partir da metade da década de 2000, firmada a parceria da Prefeitura de Mossoró com Potiguar e Baraúnas, criou-se de forma perigosa a ideia de que o dinheiro público deve bancar os clubes profissionais do futebol local. A parceria passou a ser vista como obrigação. Sem chance para o erário. E se o gestor decidir que não tem recursos para os clubes, logo é chamado de “inimigo” do futebol.

Como o futebol mexe com paixão, logo o desportista – passional por natureza – compra a ideia. Daí, os clubes têm o reforço dos torcedores para pressionar a Prefeitura a liberar o cofre.

E setores da imprensa vão juntos, fazendo ecoar o discurso dos dirigentes. Quem já não ouviu em alguma resenha alguém questionar: “se tem dinheiro para festa (leia-se Mossoró Cidade Junina), por que não tem para o futebol?” Como se uma coisa tivesse ligação à outra. E não é nada disso.

Primeiro, deve ser dito que os clubes não podem sobreviver do dinheiro público. São instituições privadas, como qualquer outra, que devem buscar seu alicerce financeiro de forma profissional. Caso contrário, fecham-se. É assim que funciona.

Segundo, observado sob o ponto de vista legal, o dinheiro público não pode ser usado para pagar salários de funcionários de empresas privadas. É crime, conforme a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). E todos sabem que Potiguar e Baraúnas sempre usam os recursos liberados para a Prefeitura para pagar folha salarial. Invariavelmente.

Terceiro, não é sequer razoável aceitar o argumento de que se a Prefeitura não liberar dinheiro, o futebol vai se acabar, transferindo para o Município a responsabilidade que é dos clubes. O clube profissional não pode ser extensão da coisa pública, muito menos depender dela. Inadmissível essa conta.

Outro ponto que se mostra bastante frágil é o argumento de que o Município pode ter retorno da publicidade que o clube faz ao disputar uma competição em nível nacional. Questionável.

Veja, por exemplo, a participação do Potiguar no Brasileiro da Série D 2017, que não passou da primeira fase, sequer conquistou uma vitória e foi saco de pancadas de adversários modestos, como o Guarany de Sobral (CE).

Qual empresa colocaria a sua logomarca em um produto fraco?

A campanha bisonha e vergonhosa do alvirrubro depõe contra. Portanto, está mais do que na hora de acabar com esse vício. Os clubes têm que ter vida própria, suas fontes de receita. Do contrário, não devem transferir o "fardo" para o cofre público.

É como dizem os especialistas: futebol é caro e só se faz com muito dinheiro. Se não tem, melhor ir para as arquibancadas.

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