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Postado às 09h15 | 17 Set 2019 | Redação Paratleta medalhista tem origem no município de Almino Afonso

Crédito da foto: Cedida Regiane entre o casal Layna/vereador Júnior de Mourão em Almino Afonso

A paratleta Regiane Nunes tem uma história de superação marcante. Após perder o resto que tinha da visão, em 2013, decidiu enfrentar obstáculos e resistências para reescrever a sua história no esporte. Foi a natação que a fez reencontrar a motivação de viver e vencer. Dois anos depois, em 2015, ela participou pela primeira vez um Campeonato Mundial paralímpico de natação, em Glasgow, na Escócia.

Hoje, com 34 anos, Regiane Nunes escrevendo a sua história de sucesso. Nos Jogos Parapan-Americanos, em Lima, realizado no final de agosto deste ano, conquistou três medalhas de prata nas provas de 100 metros costas, 100 metros livres e 50 metros livres.

Ragiane Nunes tem raiz em Almino Afonso, na região do Alto Oeste do Rio Grande do Norte. A sua família é do município potiguar, onde nasceram os seus pais Francisco Romualdo Silva Nunes e Maria Rosália Nunes. A paratleta desembarcou em Almino Afonso para visitar os familiares, acompanhada dos pais. No fim de semana, participou de evento, conheceu parentes e amigos dos pais, e se inteirou melhor da cidade onde nasceram os Nunes.

A Câmara Municipal de Almino, inclusive, vai prestar homenagem a Regiane, com uma comenda sugerida pelo presidente da Casa, vereador Júnior de Mourão, que é parente da paratleta. “É uma orgulho para a família Nunes e para Almino Afonso, por tudo que Regiane representa, tanto no esporte como na história de vida”, disse o presidente. A sessão solene será realizada nesta quarta-feira, 18, às 17h.

Regiane nasceu em São Caetano do Sul, onde os seus pais residiram quando saíram de Almino Afonso. Depois, se mudou para Ribeirão Pires, também em São Paulo. Regiane tem um irmão que também é paratleta, Renato Nunes, e que perdeu a visão por consequência de glaucoma congênito, como a medalhisrta do Parapan de Lima.

Regiane Nunes teve que reescrever a própria história na natação

Em reportagem ao globoesporte.com, ainda no ano de 2015, Regiane Nunes contou a sua história de superação. Ela não era totalmente cega, mas sabia da evolução do glaucoma congênito. Em 2013, depois de uma série de exames, veio a constatação de ficaria totalmente cega, o que se confirmou naquele ano.

Primeiro veio medo natural de quem passaria a enfrentar os obstáculos do dia a dia; depois, veio a esperança e a determinação no esporte.

“O que me motivou a não desistir foi a natação. Eu não sabia se meu namorado ia terminar comigo, se poderia trabalhar com o que gosto, mas a única coisa que sabia é que o esporte iria me aceitar”, declarou, em 2015, na época com 30 anos.

A natação chegou na sua vida aos 20 anos, mas em 2008, três anos depois, ainda não tinha índice para ir às Paralimpíadas. Por isso, ela trocou de esporte e participou dos Jogos de Pequim, na China, como remadora. A sua paixão, no entanto, sempre foi a natação, que mais uma vez, em 2012, teve que ficar de lado para ir às Paralimpíadas de Londres, novamente como remadora. Até aquele instante, a filha de Romualdo e Rosália Nunes tinha baixa visão, mas não estava totalmente cega. Mas a vida prega peças, e um novo aprendizado estava por vir.

Ao globoesporte.com ela contou um pouco da sua luta para conquistar sonhos:

“Essa é uma história que recomeçou em julho de 2013, quando perdi a visão. Ainda no pós-operatório buscava motivações para seguir, e uma das maiores era a vontade de voltar a nadar. Meu coração me dizia que esse dia chegaria e fui convocada para nadar o Mundial de natação na Escócia. Voltei a nadar no ano passado (2014) depois de ter ficado quase seis meses de cama. Meu objetivo era simplesmente voltar a nadar. Não tinha objetivo de fazer índice, só de participar. Em um ano, tenho conseguido evoluir. Meu objetivo é fazer os tempos que fazia antes, quando enxergava. Não é fácil esse período de adaptação, é físico, é cabeça, é tudo.”

Os irmãos Renato e Regiane Nunes

FOBIA

Antes da perda total da visão, Regiane nadava na classe S12, para atletas com baixa visão. Com a nova condição, passou a competir na S11, que conta apenas com nadadores cegos. Até a entrada na piscina neste novo cenário foi desesperador no reinício dentro da água.

“No começo sentia muita fobia, porque ainda tenho percepção de claridade e tenho que nadar vendada. Quando tinha que fechar os meus olhos e enfiar o meu rosto na água, até chorava no começo dos treinos. Sentia muita fobia e achava que não ia mais conseguir nadar. Tinha medo de pular do bloco. Foi um período complicado”, narrou.

A reportagem de 2015 apresentou um complicador mais. Se já não bastasse a própria batalha, Regiane ainda tem um irmão mais novo, Renato, de 27 anos, que também tem glaucoma congênito. A evolução da doença na nadadora tem sido uma prévia do que acontecerá com o irmão quando chegar à mesma idade. Lidar com isso também foi uma guerra psicológica de Regiane com a própria mente.

“Foi muito difícil para nós dois. Quando perdi a visão, tentava segurar a onda por causa dele. Fingia que não era tão difícil porque me preocupava com ele. E ele, do mesmo jeito, chorava escondido de mim. Um sofrendo pelo outro. Ele é a pessoa que mais me entende, que mais me motiva. Mas ele tem muito medo depois do que aconteceu comigo. Acho que por isso me deu motivação para continuar, para estudar. Ele já fala como se fosse uma sentença, mas eu falo: se você ficar cego”, comentou.

O esforço e a determinação de Regiane Nunes veio em forma de medalhas. As três medalhas de prata no Lima, em Peru, é a consagração não apenas de uma nadadora de alto nível, mas de um ser humano que que superou todas as adversidades na paixão pelo esporte.

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