O GLOBO
Uma vitória diante de sua torcida, no estádio Rei Pelé, garantia ontem ao CSA o acesso à Série A. A derrota por 1 a 0 para o Avaí deixou um gosto de frustração, mas o clube alagoano ainda depende apenas de suas forças para se tornar mais uma equipe nordestina na elite nacional. Basta vencer o rebaixado Juventude na última rodada para se juntar ao Fortaleza, primeiro clube do Nordeste a assegurar sua vaga na Série A.
A região pode ter um recorde de representantes ano que vem: cinco ou até seis clubes. O Bahia também já está garantido. Se mais de quatro times da região estiverem na elite, será a maior participação nordestina nos pontos corridos (desde 2003).
Para dirigentes locais, a Copa do Nordeste foi um fator importante de crescimento. Mas, no caso do Fortaleza, o que valeu foi a carta branca da diretoria para a participação detalhista de Rogério Ceni no título da Série B.
O técnico se envolveu tanto no dia a dia do Fortaleza que fez uma sugestão inusitada ao pessoal da cozinha. A disposição das saladas no bufê não lhe agradava. A ideia dele foi separar cenoura em um pote, beterraba em outro, e assim sucessivamente, para que os jogadores tivessem a liberdade de escolha. Nem mesmo o azeite era mais derramado antecipadamente.
Rogério Ceni opinou em questões logísticas, de gramado e, claro, na montagem do time, que custa R$ 1,2 milhão mensais.
O histórico como goleiro deu a Ceni respaldo diante do elenco. Mas houve percalços: o vice estadual para o rival Ceará gerou forte pressão.
— Pela torcida, teria demitido. Houve um questionamento muito grande. Mas fomos firmes —diz o presidente tricolor, Marcelo Paz.
A boa campanha do Fortaleza fez saltar o programa de sócio-torcedor: a adesão foi de 12 mil para 26 mil. O time tem os 11 melhores públicos da Série B, com uma renda bruta total de R$ 6,6 milhões e uma média de 27,1 mil pagantes por jogo. A do Botafogo, por exemplo, é 10,2 mil por partida.
Isso permitiu um incentivo a mais para os jogadores, definido na reta final do primeiro turno: a diretoria aumentou a premiação por vitória na condição de líder.
—Se mantivesse o time em primeiro, estaria mais longe do quinto — diz Paz.
União e força
O CSA é presidido pelo empresário e político Rafael Tenório, do ramo de logística. Ele é o primeiro suplente do senador reeleito Renan Calheiros (MDB-AL) e declarou R$ 71 milhões de patrimônio pessoal ao TRE.
Tenório chegou ao clube em 2015, injetou dinheiro e pode conseguir a façanha de três acessos consecutivos no Brasileiro: em 2016, o alagoano subiu da Série D para a C. E não parou mais.
— Em termos estruturais e financeiros, estão dando totais condições. O treinador, Marcelo Cabo, conseguiu um grupo bom — diz o atacante Hugo Cabral.
O “charme” desse CSA é o atacante Walter, ex-Flu, Goiás e Atlético-PR. Com o conhecido problema de peso, ele só participou de 13 jogos da Série B, já que sofreu uma lesão que o tirou de campo por três meses. Walter não fez gol, mas nem por isso deixou de se meter em confusão. Em agosto, foi preso por mostrar uma arma de brinquedo a um funcionário da Eletrobrás que iria cortar a luz do apartamento dele.
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