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Postado às 10h15 | 12 Mai 2019 | Redação Parte da história mossoroense nas paredes da capela de São Vicente

Crédito da foto: Reprodução Capela de São Vicente, em Mossoró

André Bisneto/JORNAL DE FATO

Há cem anos era inaugurada a capela de São Vicente em Mossoró. Pensada desde o ano de 1915, a sua obra apenas fora concluída quatro anos depois, e isso porque, além de não ser uma construção simples, na metade daquela década o Nordeste brasileiro sofria com um período de seca e pouca produção.

Contudo, após o início de sua construção em outubro daquele ano de 1915, a obra serviu como fonte de trabalho para retirantes que sofriam com a falta de emprego, possibilitando alguma renda. Apesar da importância desse alívio econômico, é certo que o marco decisivo na história da capela aconteceria oito anos depois de sua inauguração em julho de 1919.

Episódio relembrado até os dias de hoje nas festividades da cidade e na estrutura física do município (como, por exemplo, o Memorial da Resistência), em junho de 1927 o grupo cangaceiro de Virgulino Ferreira da Silva, “Lampião”, planejava saquear Mossoró. Contudo, houve resistência na cidade que, inesperadamente, conseguiu ser superior à ofensiva dos cangaceiros.

A resistência da cidade ao grupo de Lampião é ainda motivo de rememoração e orgulho para os mossoroenses e parte dessa história é vivenciada da capela de São Vicente, que serviu como local de entrincheiramento para os combatentes de Mossoró. Localizada na Avenida Alberto Maranhão, uma das principais ruas da cidade, a capela preserva até hoje marcas do conflito de 1927.

Vizinha ao Palácio da Resistência, atual sede da Prefeitura Municipal de Mossoró (PMM), a capela de São Vicente é, talvez, um dos prédios históricos em melhor estado de conservação no município. Sua última reforma foi finalizada no início do ano de 2017, contudo manteve sua estrutura original, incluindo a preservação dos furos das balas dos cangaceiros na torre da capela.

Para o historiador Geraldo Maia, embora haja muita lenda a respeito da resistência dos mossoroenses ao grupo cangaceiro de Lampião em 1927, é certo que a capela de São Vicente foi local estratégico no combate. Do alto da torre da capela seria possível avistar com certa facilidade a aproximação do grupo e oferecer alguma dificuldade a ele.

Com a fuga do grupo sem ter conseguido levar nada, a vitória sobre os cangaceiros passa não apenas a ser celebrada na cidade, mas também torna-se atração turística. Mais: a derrota imposta pelos mossoroenses resistentes ganha caráter enobrecedor na identidade das gerações seguintes à batalha.

Trincheira estratégica na batalha e resistência aos cangaceiros, a capela de São Vicente permanece como local estratégico na preservação dessa memória. Para além da sua importância religiosa, a capela possui também caráter turístico. Durante o Mossoró Cidade Junina (MCJ), um dos maiores eventos culturais do Rio Grande do Norte, é no seu adro que acontece a encenação do “Chuva de Bala no País de Mossoró”.

O espetáculo ao ar livre reconta o combate e a resistência à tentativa de saque dos cangaceiros a Mossoró. Tradicionalmente, a estreia das apresentações acontece no dia 13 de junho, data do combate e vitória dos mossoroenses há 92 anos. Centenária, a capela preserva em suas paredes parte da história da cidade de Mossoró.

Embora sua inauguração tenha acontecido em 20 de junho de 1919, o aniversário da capela é celebrado em 13 de junho, reforçando a importância do episódio contra os cangaceiros na história da capela.

E em seu aniversário de um século, a capela de São Vicente deverá ganhar um peso maior durante o Mossoró Cidade Junina, com homenagens durante o Chuva de Bala..

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